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Em meio a estado de calamidade por incêndios, Portugal luta contra 64 focos ativos

18/09/2024 07h27

Os incêndios florestais em Portugal já causaram a morte de sete pessoas, incluindo três bombeiros e um brasileiro. O governo português declarou na terça-feira (17) situação de calamidade nos municípios afetados. O combate ao fogo continua nessa quarta-feira (18).

Luciana Quaresma, correspondente da RFI em Lisboa

Cerca de 4 mil bombeiros seguem mobilizados contra os incêndios florestais que em apenas três dias destruíram uma superfície superior aos do mesmo período de 2024, com mais de 62 mil hectares atingidos pelo fogo. Os três focos mais importantes estão concentrados na região de Aveiro, mas em todo o país há cerca de 64 focos de incêndios ativos. São 25 os municípios afetados, 15 deles no norte de Portugal e 10 no centro. 

Entre as sete vítimas está o brasileiro Carlos Eduardo, de 28 anos, que tentava salvar máquinas da empresa para a qual trabalhava e foi carbonizado. Natural de Recife, se mudou para Portugal há cerca de cinco anos.

De acordo com o jornal português O Público, Carlos Eduardo teria tentado recuperar equipamentos que estavam na área atingida pelo fogo com outros funcionários e acabou não conseguindo escapar.

A situação de alerta em Portugal foi prolongada até às 23h59 de quinta-feira (19). Conforme informação avançada pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), várias rodovias foram fechadas na última terça, incluindo um trecho da estrada principal que liga Lisboa ao Porto.

Conexões de trem em duas linhas ferroviárias no norte de Portugal foram interrompidas também por conta da proximidade com dois focos ativos de incêndios florestais.

O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, declarou que em situação de calamidade a equipe multidisciplinar coordenada pelo ministro Adjunto e da Coesão Territorial poderá oferecer, desde já, "um abrigo para os próximos dias" a "quem não tem casa". 

Ajuda de outros países

Para ajudar no combate aos incêndios, a Espanha está enviando 230 bombeiros da Unidade Militar de Emergências para Portugal, após pedido de ajuda da Ministra da Administração Interna.

O governo implementou também várias medidas de caráter excepcional. Entre elas está a proibição do acesso, circulação e permanência no interior de espaços florestais ou caminhos rurais, a realização de queimadas e qualquer tipo de trabalho florestal com máquinas. Está proibida também a utilização de fogos-de-artifício ou outros artefatos pirotécnicos. Os parques da capital portuguesa, Lisboa, também estão fechados.

O presidente da Câmara de Águeda, Jorge Almeida, em declarações à agência Lusa, no início da manhã, disse que o incêndio rural se "complicou extraordinariamente" com a alteração do vento e "pequenos focos de incêndio tornaram-se grandes incêndios".

"Neste momento temos o incêndio novamente descontrolado", explicando que o fogo "está muito próximo de núcleos urbanos e da própria cidade".

Sete homens foram detidos por crime de incêndio florestal em quatro dias. Eles têm entre 38 e 75 anos, e são acusados de uso negligente do fogo, uma das principais causas dos incêndios já investigados durante este ano em Portugal.

Segundo a Guarda Nacional Republicana (GNR) estas pessoas estão sendo investigadas por serem suspeitas de terem causado focos de incêndios. Quando o risco de incêndios é grande, é proibido a utilização de maquinário em espaços florestais e o uso de fogo nas áreas rurais, mas este alerta, muitas vezes, é ignorado.

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