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Carros furtados eram alugados para motoristas de app em SC, diz polícia

Carros com registros de furto  - Divugação/PCSC
Carros com registros de furto Imagem: Divugação/PCSC
do UOL

Do UOL, em São Paulo

18/09/2024 05h30

A Polícia Civil de Santa Catarina investiga um suposto esquema de aluguel de carros furtados para motoristas de aplicativo.

O que aconteceu

Empresa alugava carros furtados para motoristas de app rodarem em Florianópolis e região metropolitana. A investigação foi iniciada após a polícia flagrar um profissional transitando com um veículo com registro de furto.

Dois veículos foram apreendidos em operação. Em 29 de agosto, narra o delegado Diego Azevedo, titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos do Deic (Diretoria Estadual de Investigações Criminais), a Polícia Federal parou um homem dirigindo um carro com suspeita de furto e informou a divisão.

Carro furtado era dirigido por motorista de aplicativo. De acordo com a investigação, a PF parou um carro, um Nissan Kicks, e constatou o registro de furto. A pessoa que dirigia o veículo, no entanto, afirmou que havia alugado o veículo para trabalhar — e indicou a locadora.

Um Volkswagen UP branco e um Nissan Kicks marrom foram apreendidos na locadora com registros de furto. Na sede da empresa, a polícia apurou que a empresa costuma alugar veículos para motoristas de aplicativo. Além dos dois carros apreendidos com sinais identificadores alterados, a investigação apura se outros veículos também foram clonados.

Donos da locadora foram ouvidos. Além de motoristas, considerados testemunhas no caso, a polícia já ouviu dois homens que seriam os proprietários da locadora. Os homens negam fazer parte de um esquema criminoso. Em depoimento, os suspeitos disseram que também foram enganados e que "não sabia o nome de quem vendeu os carros".

Um dos sócios da empresa, segundo o delegado, possui antecedentes criminais. A locadora, de pequeno porte, operava na região metropolitana da capital catarinense, informou Azevedo. Aparelhos celulares e documentos foram apreendidos, e a prisão preventiva será avaliada. Os proprietários da locadora não tiveram as identidades divulgadas pela autoridade policial, e o UOL não conseguiu localizar as defesas. O espaço segue aberto para manifestação.

Como funcionava o esquema

Criminosos especializados em furto de carros escolhem, geralmente, modelos populares para facilitar venda ou aluguel. Geralmente bem conservados e comuns nas ruas brasileiras, os automóveis passam despercebidos após falsificação de documentos.

Os veículos apreendidos na ação tinham registro de furto em São José (SC) e em São Paulo (SP). Após os furtos, os automóveis passavam por uma espécie de "maquiagem" na documentação, sendo clonados para serem alugados como carros regulares. As placas, por exemplo, eram as mesmas de outros veículos semelhantes transitando legalmente no Brasil.

Após clonados, os automóveis eram anunciados em redes sociais e na própria locadora. Motoristas de aplicativo, sem terem conhecimento do histórico dos veículos, alugavam os veículos por preços semelhantes aos aplicados por outras empresas, mas com pequenos descontos, para trabalhar em plataformas como Uber e 99.

É comum que motoristas se cadastrem em aplicativos e aluguem carros para trabalhar. Geralmente, as locações são feitas semanalmente ou mensalmente. Carros mais simples são alugados, em média, por valores que variam entre R$ 1.800 e R$2.500. Os condutores que trabalham com a modalidade tem a facilidade de não serem obrigados a fazer manutenção e não contarem com burocracias.

O que dizem empresas

O UOL procurou as duas plataformas mais populares do setor para saber sobre a política de uso de carros de terceiros para trabalhos no aplicativo. Uber e 99 pediram para que a reportagem consultasse a Amobitec (Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia), que representa empresas da categoria.

A Amobitec, por sua vez, informou que as empresas do ramo "contribuem com investimentos e ferramentas tecnológicas direcionadas à segurança". Em nota, a associação disse que: "Para realizar viagens intermediadas por aplicativos, os motoristas parceiros precisam cadastrar nas plataformas dados do veículo a ser utilizado, seja carro próprio, alugado ou de terceiros. Os dados do automóvel são validados nos sistemas oficiais do governo. Caso o motorista identifique posteriormente alguma situação irregular no automóvel, o recomendável é contatar inicialmente as autoridades locais. Após esta etapa, o próximo passo é informar a plataforma para as devidas providências", diz a nota.

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