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Veja 7 ações que pagam dividendos e recomendadas para iniciantes

Ação mais indicada para iniciantes é o Banco do Brasil (BBAS3) - Canva
Ação mais indicada para iniciantes é o Banco do Brasil (BBAS3) Imagem: Canva
do UOL

Colunista do UOL

18/09/2024 12h00

Para quem está pensando em dar os primeiros passos no universo dos dividendos, há sete ações que não podem faltar na carteira do investidor. É o que revela levantamento da coluna com 12 casas de análise e instituições financeiras. São ações de empresas de setores resilientes e perenes, tais como bancos, seguradoras, transmissoras de energia e companhias de saneamento básico.

Mas o que faz uma ação ser considerada ideal para iniciantes? Quais os critérios que devem ser observados?

Como escolher a primeira ação para dividendos

É importante que as ações tenham um bom histórico de remuneração, porque o investidor iniciante não está pronto para avaliar empresas sem histórico. O ideal é observar como a empresa remunerou os seus acionistas nos últimos cinco anos, diz Bruno Oliveira, analista CNPI do Projeto Vida de Acionista.

Além disso, é fundamental que a empresa possua uma política de distribuição de proventos clara. É ali que ela deixa explícito como pretende remunerar os acionistas. Segundo Oliveira, não basta apenas isso estar descrito no Estatuto Social da empresa - é necessário ter uma política de dividendos.

O payout (parcela dos lucros destinada a proventos) deve ser sustentável. É importante que esse pagamento não seja excessivamente alto, para garantir a viabilidade dos negócios, diz Felipe Pontes, diretor de gestão de patrimônio da Avantgarde Asset Management. Um patamar aceitável é entre 40% e 60% do lucro, segundo Pontes, porque mostra que a empresa consegue remunerar seus acionistas e, ao mesmo tempo, reinvestir no próprio crescimento.

A saúde financeira da empresa também conta muito na hora de escolher uma ação. Pontes lembra que companhias com boa posição de caixa e endividamento controlado têm maior capacidade de pagar proventos em cenários econômicos adversos.

É ideal também entender o momento de negócios pelo qual a empresa está passando. Segundo Felipe Reis, estrategista de ações da EQI Research, companhias com perspectiva de altos investimentos ou aquisições tendem a não priorizar a distribuição de proventos aos acionistas.

Comprar ações descontadas também é importante. Segundo Régis Chinchila, head de research da Terra Investimentos, o preço das ações deve refletir um valor justo comparado aos lucros e ao valor da empresa. Ele aconselha optar por ações com um valuation (avaliação) atraente. Uma dica é identificar empresas que tenham uma baixa relação de preço sobre lucro (P/L) ou do múltiplo EV/Ebitda que tendem ser mais interessantes para compra.

Os melhores setores para iniciantes

Para quem está começando na jornada, é aconselhável buscar ações de setores perenes e essenciais na economia do país.

São estes: bancos, energia, seguros, saneamento e telecomunicações. Rafael Ratto, analista do AGF, afirma que, por estarem no dia a dia do investidor, estes setores acabam sendo mais comuns na hora do iniciante aportar e estudar. Além disso, são setores defensivos, com menor volatilidade histórica e maior previsibilidade de receitas.

Estes setores têm barreiras de entrada significativas, ou seja, é difícil que novos concorrentes desbanquem essas empresas. Além disso, possuem uma robusta geração de caixa. Também são menos dependentes dos ciclos da economia, com resultados mais estáveis e maior previsibilidade de receitas, capacidade de repassar custos acima da inflação e remuneração constante aos acionistas, diz Ratto.

7 ações para iniciantes

O Banco do Brasil (BBAS3) é a ação mais recomendada para quem quer começar a receber dividendos, segundo os analistas consultados pela coluna. O dividend yield (retorno em dividendos) projetado para os próximos 12 meses varia entre 8% e 12%.

Veja abaixo as sete ações de dividendos mais indicadas para iniciantes:

Banco do Brasil (BBAS3)

  • Setor: bancos
  • Dividend yield projetado próximos 12 meses: 8% a 12%
  • Quem recomenda: Projeto Vida de Acionista, GuiaInvest, VG Research, Barsi Investimentos, AGF, EQI Research, Terra Investimentos, MSX Invest, Ticker Research.

Itaú (ITUB4)

  • Setor: bancos
  • Dividend yield projetado próximos 12 meses: 7% a 8%
  • Quem recomenda: GuiaInvest, EQI Research, Nord Research, Empiricus Research

BB Seguridade (BBSE3)

  • Setor: seguros
  • Dividend yield projetado próximos 12 meses: 7,9% a 9,3%
  • Quem recomenda: Projeto Vida de Acionista, VG Research, Nord Research

Sanepar (SAPR11)

  • Setor: saneamento
  • Dividend yield projetado próximos 12 meses: 6% a 9%
  • Quem recomenda: Barsi Investimentos, MSX Invest, Ticker Research

Bradesco (BBDC4)

  • Setor: bancos
  • Dividend yield projetado próximos 12 meses: 7,5% a 8,05%
  • Quem recomenda: VG Research, Barsi Investimentos

Isa Cteep (TRPL4)

  • Setor: energia
  • Dividend yield projetado próximos 12 meses: 8,2% a 8,30%
  • Quem recomenda: AGF, Nord Research

Telefônica Brasil (VIVT3)

  • Setor: telecomunicações
  • Dividend yield projetado próximos 12 meses: 8%
  • Quem recomenda: Terra Investimentos, Empiricus Research

Dividendos espalhados pelo ano

A combinação destas 7 ações proporciona uma boa frequência de proventos ao investidor. O Itaú (ITUB4) e o Bradesco (BBDC4) pagam dividendos mensais. Já o Banco do Brasil (BBAS3) remunera os investidores oito vezes ao ano.

A BB Seguridade (BBSE3) paga dividendos semestralmente, em fevereiro e agosto. Enquanto a Telefônica Brasil (VIVT3) também distribui dois proventos por ano.

Já a Sanepar (SAPR11) e a Isa Cteep (TRPL4) remuneram o acionista apenas uma vez por ano.

Banco do Brasil (BBAS3): o mais recomendado

O Banco do Brasil possui uma carteira de crédito diversificada. Tem destaque para crédito consignado e rural, nos quais a instituição é líder de mercado no Brasil, explica Milton Rabelo, analista da VG Research.

Ainda que seja um banco de controle misto, com a União detendo 50% das ações, é um dos mais transparentes quando o assunto é remuneração do acionista. Ratto, do AGF, lembra que a instituição elevou seu payout de 40% para 45% no começo do ano e anunciou um calendário com oito datas de pagamento para o exercício de 2024 - desta forma, o investidor pode conferir antecipadamente a data do anúncio, data de corte para garantir o dividendo e a data de pagamento.

Olhando para o histórico, Oliveira, do Projeto Vida de Acionista, lembra que o Banco do Brasil tem mais de 200 anos de história e já conseguiu sobreviver a diversas crises econômicas no país e vários governos, portanto se provou no tempo.

Além disso, o banco estaria descontado negociando a múltiplos atrativos - de 5,06 preço sobre lucro (P/L) e Preço sobre valor patrimonial (P/VP) de 0,91, diz Rabelo.

Entrega uma rentabilidade alta, acima de 20% e superior aos bancos privados do mercado. Segundo Sergio Biz, analista focado em dividendos e sócio do GuiaInvest, deve pagar dividendos interessantes em 2024, porque deve atingir a faixa média das projeções de lucro, em torno de R$ 38,5 bilhões.

Já entre as desvantagens, a história também mostra que o Banco do Brasil foi o que teve maior volatilidade dos lucros ao longo do tempo. Segundo Oliveira, esse é um fator que deve ser levado em conta porque impacta nos dividendos. Além disso, Ratto lembra que a inadimplência de 90 dias da instituição vem aumentado, embora ainda esteja abaixo do Sistema Financeiro Nacional.

Rabelo reforça ainda o risco de ingerência política, dado que o banco é controlado pelo estado brasileiro. Mesmo com este aspecto aparentemente sob controle, o analista aponta que não pode ser excluída a possibilidade de a instituição vir a aumentar o crédito subsidiado e direcionar a sua carteira para produtos com menores spreads (ganhos com juros).

Bradesco (BBDC4): em reestruturação

Entre as companhias citadas pelos analistas, seis gozam de sólidos fundamentos e bons momentos nos negócios - já o Bradesco passa por uma reestruturação. Desde o 3° tri de 2022, Rabelo diz que ficou nítido que o banco não fez boas escolhas para quem emprestou crédito. Em 2023, os resultados continuaram aquém das expectativas e foi no final daquele ano que a companhia iniciou sua reestruturação, com o executivo Marcelo Noronha assumindo o comando para dar um choque de gestão no banco.

Para o mercado, os resultados desta reestruturação devem ficar mais visíveis a partir de 2025. "Mudar a rota de uma companhia do tamanho do Bradesco não é algo trivial, mas Noronha tem colocado em prática uma densa e abrangente reestruturação que tem se mostrado relativamente bem-sucedida", avalia Rabelo.

O principal risco de investir no Bradesco seria justamente a execução dessa reestruturação. Entretanto, o cenário base do analista é de uma reestruturação bem-sucedida, com recuperação das ações e dividendos robustos em 2025.

Por causa dessa reestruturação, os papéis estão com desconto. Segundo Rabelo, o valor descontado das ações já garante uma margem de segurança para o investidor iniciante adquirir o papel.

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