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Suspeito de tentar assassinar Trump tem condenação criminal e conexões com guerra na Ucrânia

16/09/2024 20h06

Por Jonathan Allen e Brad Brooks e Andrew Hay

(Reuters) - Ryan Routh, que autoridades alegam ter realizado uma aparente tentativa de assassinato do ex-presidente Donald Trump, tem um longo histórico criminal e conexões com a guerra na Ucrânia.

Routh, de 58 anos, foi acusado de dois crimes relacionado com armas de fogo em um tribunal federal na Flórida nesta segunda-feira, um dia depois dele ter sido visto com um rifle escondido em um arbusto no campo de golpe de Trump. Novas acusações são esperadas.

As autoridades não citaram possível motivação.

Um dos filhos de Routh o descreveu como um pai amoroso.

Os registros de votação na Carolina do Norte mostram que Routh não tinha filiação partidária, embora tenha votado nas primárias do Partido Democrata deste ano.

Um ex-vizinho na Carolina do Norte o descreveu como uma pessoa "legal".

No entanto, ele também foi descrito como "delirante" por duas pessoas que atuaram como combatentes estrangeiros na guerra da Ucrânia, país para o qual ele viajou em 2022, tentando recrutar soldados para lutar contra a Rússia.

Na denúncia criminal apresentada pelos promotores federais, eles afirmam que Routh tem uma condenação por crime grave em 2002 na Carolina do Norte por "posse de uma arma de destruição em massa".

Nesse caso, Routh fugiu de uma abordagem de trânsito por um policial em Greensboro, Carolina do Norte, e se trancou dentro de sua empresa por várias horas antes de a polícia conseguir prendê-lo, de acordo com registros judiciais e um artigo de 2002 do jornal Greensboro News & Record.

Routh se declarou culpado de posse de uma arma automática não registrada, que é definida pela lei da Carolina do Norte como uma arma de destruição em massa, sendo um crime grave passível de até 59 meses de prisão, segundo o escritório do promotor do condado de Guilford. Ele foi sentenciado à liberdade condicional, informou a promotoria.

Routh teve outros problemas frequentes com a lei na Carolina do Norte desde pelo menos 1990, incluindo posse de bens roubados, histórico de emissão de cheques sem fundo e infrações de trânsito menores, de acordo com registros judiciais da Carolina do Norte. Como proprietário de várias empresas de telhados, foi repetidamente processado por pessoas que o acusavam de não pagar suas dívidas.

Kim Mungo, de 53 anos, uma ex-vizinha de Routh em Greensboro, disse que ele era conhecido por ocasionalmente disparar armas do lado de fora de sua casa em feriados, embora nunca o tivesse feito de maneira ameaçadora.

Routh se mudou da casa em Greensboro há vários anos, disse Mungo. Ela era vizinha próxima o suficiente para ocasionalmente cozinhar em sua casa, dizendo: "Ele era legal comigo".

Mungo, que disse ter vivido perto de Routh por cerca de uma década, disse que ele havia se mudado vários anos atrás, mas reapareceu em maio deste ano, limpando a casa, aparentemente com a intenção de vendê-la.

“Fazia tempo que eu não o via”, disse Mungo. “Não sei o que estava passando na sua cabeça.”

POSTAGENS SOBRE UCRÂNIA E DEMOCRACIA

A Reuters encontrou perfis no X, Facebook e LinkedIn para Ryan Routh e o acesso aberto aos seus perfis do Facebook e X foi removido horas após o tiroteio.

As três contas com o nome de Routh mostram que ele apoiava a Ucrânia na guerra contra a Rússia.

Em 21 de abril, Routh enviou uma mensagem a Elon Musk no X, na qual escreveu: “Eu gostaria de comprar um foguete de você. Quero carregá-lo com uma ogiva para o bunker da mansão de Putin no Mar Negro para acabar com ele. Pode me dar um preço, por favor?”.

O New York Times informou que entrevistou Routh em 2023 para um artigo sobre norte-americanos que estavam se voluntariando para ajudar na guerra da Ucrânia. Routh disse ao jornal que havia viajado para a Ucrânia e passado vários meses lá em 2022, tentando recrutar soldados afegãos que fugiram do Talibã para lutar na Ucrânia.

Um voluntário norte-americano e um ex-voluntário que serviam na legião estrangeira do Exército da Ucrânia disseram que se lembravam de Routh e acreditavam que ele ficou um período na cidade de Ivano-Frankivsk, no oeste da Ucrânia. Ambos disseram que ele exibia um comportamento estranho.

Routh foi bloqueado do grupo de bate-papo “Voluntários para a Ucrânia” no Signal no ano passado e colocado na lista negra após parecer “delirante” com promessas de trazer recrutas estrangeiros voluntários para o país, mesmo ele não tendo formação militar, disse um ex-voluntário dos EUA na legião que pediu para não ser identificado.

Enquanto estavam de licença das batalhas nas cidades ucranianas no oeste, ele e outros voluntários tentavam ao máximo evitar Routh e outros que faziam promessas grandiosas, disse o voluntário à Reuters.

A Legião Internacional, onde muitos combatentes estrangeiros na Ucrânia servem, disse que não tinha vínculos com Routh.

PAI AMOROSO E CUIDADOSO

Em postagem no X, em 2020, Routh expressou apoio ao candidato presidencial democrata dos EUA Bernie Sanders e zombou de Joe Biden.

No início deste ano, Routh marcou Biden em uma postagem no X: “@POTUS Sua campanha deveria se chamar algo como KADAF (um acrônimo para a expressão em inglês). Mantenha a América democrática e livre. A de Trump deveria ser MASA: Faça dos americanos escravos novamente, mestre. A DEMOCRACIA está na cédula e não podemos perder”.

O filho do suposto atirador Adam, contatado logo após o incidente pela Reuters na loja de ferragens onde trabalha no Havaí, disse que ainda não havia ouvido falar da aparente tentativa de assassinato de Trump e não tinha informações, acrescentando que não acreditava que seu pai faria algo assim.

Outro filho de Routh, Oran, disse à CNN em um comunicado que “não tenho nenhum comentário a fazer além de falar dele como um pai amoroso e cuidadoso... Não sei o que aconteceu na Flórida e espero que as coisas tenham sido exageradas'".

(Reportagem de Brad Brooks no Colorado, Jonathan Allen em Nova York e Andrew Hay no Novo México; reportagem adicional de Alexandra Ulmer em São Francisco, Mike Stone em Washington e Jonathan Drake em Greensboro, Carolina do Norte; Helen Coster em Nova York)

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