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Maioria vê cadeirada de Datena como reação natural a provocações de Marçal

do UOL

Do UOL, em São Paulo

16/09/2024 17h15

A cadeirada que o ex-coach Pablo Marçal (PRTB) recebeu do apresentador José Luiz Datena (PSDB) foi vista nas redes sociais como uma reação natural diante das provocações no debate ao vivo da TV Cultura, segundo levantamento.

O que aconteceu

Agressão foi vista como "reação" a provocações de Marçal. Segundo a sondagem da Palver, empresa de monitoramento de redes sociais, o debate da TV Cultura trouxe 60% menções positivas para o apresentador. Para Marçal, esse percentual foi de 40%. "As pessoas não caíram na vitimização do influenciador", afirmou Luis Fakhouri, diretor da Palver.

Menções a Marçal e Datena no WhatsApp subiram de 30 para 600 a cada 100 mil mensagens, mostra a Palver. O resultado tem como base a análise de 80 mil grupos públicos no aplicativo de mensagens.

Para quem não assistiu ao debate da TV Cultura, peso maior agora vai ser para a disputa de narrativas. A avaliação é de Renato Meirelles, sócio do Instituto Locomotiva, que diz que um "tubarão" como Marçal ter sido agredido "não pega bem" para a imagem dele. "A grande maioria das pessoas acha que o Datena agiu errado, mas que o Marçal merecia. Na realidade, todos vibram quando o valentão da escola apanha", disse Meirelles.

Redes turbinadas

Episódio aumentou seguidores dos dois candidatos. Segundo o especialista em dados Alek Maracaja, da Ativaweb, o candidato do PSDB angariou 107.987 novos seguidores, enquanto Marçal recebeu 377.112 — os dados são das 00h15 de domingo até 12h30. Como o ex-coach é mais forte no ambiente digital, o aumento proporcional acabou sendo maior para Datena. Lideranças do PSDB avaliam que o público se solidarizou com o apresentador porque as acusações foram de baixo nível.

Fakhouri avalia que a confusão deste domingo teve saldo positivo para os planos políticos do ex-coach. "Ele havia estancado o crescimento. Com esse fato novo, ele chama mais pessoas para a rede social, e ganha terreno para converter voto, se tornar conhecido", afirmou.

Para o especialista, resultado é bom para os projetos futuros de Marçal. Fakhouri cita o plano que o ex-coach tem de ser candidato à Presidente da República. Na semana passada, Marçal prometeu ficar os quatro anos de mandato na prefeitura, caso seja eleito. Em sabatina UOL/Folha, ele havia deixado em aberto a possibilidade de concorrer à Presidência em 2026.

Em termos estatísticos, Marçal quer ser mais conhecido, e que todo mundo conheça ele, que gostem dele. Se ele tem 40% de rejeição, ele tem 60% para trabalhar. Mesmo que a rejeição aumente, ele logra capilaridade que os demais não conseguem. Luis Fakhouri, diretor da Palver

Campanha de Datena ficou tensa

A campanha do tucano saiu do medo da repercussão da agressão à surpresa com a reação dos eleitores. O apresentador tinha sido preparado pela campanha para as provocações de Marçal, já que o apresentador coleciona alguns processos em razão de sua atuação na TV. Foi por isso, segundo um interlocutor, que Datena se absteve de provocar o adversário quando foi sorteado para questionar o ex-coach no segundo bloco.

Apesar da tática de evitar o confronto, Marçal insistiu ao mencionar a denúncia de assédio. Assim que Marçal fez a pergunta, inclusive usando gíria usada ("jack") para se referir a um estuprador, a campanha ficou apreensiva por conhecer a personalidade explosiva do apresentador, que surpreendeu ao responder Marçal com calma.

Mas a temperatura do debate começou a aumentar e Datena se impacientou. Além de Marçal insistir em chamar Datena de "Dá pena", o jornalista teve um direito de resposta negado e perdeu o prumo.

Os auxiliares de Datena começaram a prever alguma reação do jornalista, mas não esperavam a cadeirada. Assim que ela aconteceu, os assessores se preocuparam com o reflexo do ato para a campanha porque "uma agressão nunca é bom". Mas ao longo da madrugada, a impressão mudou.

Esse aumento de engajamento reflete o papel crucial das redes sociais na dinâmica política atual, envolvendo militâncias de todo o Brasil e ampliando o debate para além das fronteiras estaduais. Alek Maracaja, analista de dados da Ativaweb

Entorno de Tabata Amaral avalia que cadeirada foi "ápice" de clima que vinha desde a pré-campanha. A equipe dela, porém, considera que o episódio não foi um "caso isolado" e o ocorrido mostra que provocações, ofensas e intimidações — que não veem só de Marçal — têm o intuito levar à perda de controle de adversários.

Apesar da confusão, um interlocutor disse que muitos eleitores se referiram a Tabata como a candidata mais centrada e propositiva no debate. O PSB pretende medir a reação do público com mais detalhes ainda hoje.

Ricardo Nunes classificou confusão gerada por Marçal como "lamentável". Para o prefeito, "o que o Datena acabou fazendo está errado", mas o nível do comentário do ex-coach é um tipo de comportamento que deve ser repudiado. "Não é possível que um processo eleitoral da maior cidade da América Latina tenha um personagem desse. E ele já havia falado para vocês que ele iria para o debate e seria a maior baixaria. Quer dizer, ele já foi com isso premeditado", disse Nunes em agenda nesta segunda-feira (16).

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