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Cada vez mais imigrantes chegam à Espanha pela rota argelina

16/09/2024 12h22

Na Espanha, a chegada em massa de imigrantes africanos às Ilhas Canárias continua. Mas outra rota migratória, conhecida como "estrada argelina" está sendo cada vez mais utilizada para entrar na Europa e preocupa as autoridades. 

François Musseau, correspondente da RFI em Madri

A "rota argelina" inclui as cidades de Argel, Oran, Mostaganem e Chlef, de onde saem barcos ilegais em direção à Europa. O desembarque em geral ocorre na costa leste da Espanha, em Almeria, Múrcia, Alicante ou Ibiza, nas Ilhas Baleares.

De acordo com a ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) 10.639 pessoas passaram pela rota em 2023 e ela já foi utilizada por cerca de 8 mil migrantes até o final de agosto deste ano.

Os barcos, chamados de pateras, são feitos de fibra, com motores de 40 a 60 cavalos de potência. Com capacidade para dez pessoas, muitas vezes carregam até vinte passageiros. Os migrantes pagam entre € 2 mil e € 4 mil por cada travessia - o dobro quando os barcos são mais rápidos, potentes e seguros.

A rota argelina, que existe desde 2006, é menos conhecida do que o caminho que une as Ilhas Canárias ou que passa pelo Estreito de Gibraltar.

Desde seu surgimento, vem ganhando cada vez mais importância, já que as saídas de migrantes de Marrocos são cada vez mais monitoradas pela polícia, tanto do lado marroquino como espanhol.

O tráfego na rota vem aumentando, especialmente porque ao longo desse trecho na costa espanhola é muito difícil interceptar barcos. Segundo a polícia, metade dos migrantes consegue chegar ao destino. A outra metade é capturada no mar e alguns dos migrantes morrem afogados.

Centenas de mortes por ano

Com tempestades, motores quebrados e naufrágios, estima-se que 500 migrantes morram todos os anos. Mas o número de travessias continua aumentando. Os migrantes são, em sua maioria, jovens argelinos em busca de uma vida melhor. 

Há um número cada vez maior de famílias e argelinos com curso superior que tentam migrar para a Europa. Como não havia acordo de repatriação entre a Espanha e a Argélia, eles permanecem em território espanhol e depois vão para a França, em sua grande maioria.

Cada vez mais pessoas originárias dos países da África subsaariana utilizam essa rota, especialmente malinenses, que estão fugindo de zonas de conflito.

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