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Após agressão, Marçal chamou Datena para continuar na briga, diz mediador

do UOL

Colaboração para o UOL, em São Paulo

16/09/2024 11h46

Após levar uma cadeirada de José Luiz Datena (PSDB), Pablo Marçal (PRTB) ainda chamou o adversário para continuar a briga, revelou o jornalista Leão Serva, mediador do debate de ontem na TV Cultura, em entrevista ao UOL News nesta segunda (16).

A agressão ocorreu no quarto bloco do debate com os candidatos à Prefeitura de São Paulo. Marçal provocou Datena ao se referir a uma acusação de assédio sexual contra o apresentador. Além disso, o candidato do PRTB o chamou de "arregão" e que ele "não seria homem" para lhe dar um tapa, lembrando o episódio ocorrido no debate da TV Gazeta/MyNews.

Houve uma separação de corpos e eles se afastam um do outro. Afastados os dois, Marçal o continua chamando para a briga: 'Vem aqui se é homem!'. Então o Datena pega mais uma cadeira, como quem vai lá. Nós o contivemos e pedi para que todo mundo se sentasse. Antes que Marçal voltasse ao seu lugar, comuniquei ao Datena que ele estava convidado a se retirar. Nesse momento, Marçal diz que não tem condições de continuar. Ele não estava manifestando dor e saiu andando.

Marçal foi atingido de uma forma que seria difícil continuar no debate. Ele foi atingido nas costas e na mão. Há uma situação que vemos em pessoas acidentadas, quando há uma descarga de adrenalina e, por alguns minutos, você se comporta como se estivesse saudável. É possível que isso tenha acontecido com ele.

Quando eu digo ao estúdio que Datena foi afastado do evento e digo que ele se retirou, Marçal disse: 'Não estou me retirando'. Ele voltou ao púlpito e Datena não estava mais lá. Nisso, Marçal veio a mim, já com outro semblante, reclamando de dor e falando que realmente não tinha condições de continuar. Aí ele foi embora.

Fechamos as portas [do estúdio] e demos continuidade aos trabalhos. Lá fora, houve uma escaramuça; a imprensa estava querendo entrar, o que o regulamento não permitia, e as duas assessorias, mas não acompanhei. Leão Serva, mediador do debate na TV Cultura

Serva rebateu as críticas dos assessores de Marçal, que reclamaram da decisão de dar continuidade ao debate após o episódio da cadeirada.

Esse episódio da acusação de assédio é muito marcante na vida pessoal do Datena e o tira do sério. Mas a acusação foi mais grave. Marçal o acusou de estuprador usando um termo velado, uma gíria de baixo conhecimento na sociedade, a ponto de não entendermos o que ele estava falando.

Se ele tivesse usado a palavra 'estuprador', teria ensejado uma advertência e um direito de resposta ao Datena. Isso não aconteceu e não muda o curso da história.

O debate não teria que ser suspenso [após a agressão]. Não há isso na regra e entendo que a ética não impõe isso. O fato é que Marçal saiu muito naturalmente. Perguntei aos demais candidatos se eles queriam continuar e se estavam serenos para isso. Os quatro disseram que sim.

A saída voluntária do Marçal, embora estivesse machucado, não enseja a interrupção do debate Leão Serva, mediador do debate na TV Cultura

O mediador afirmou que havia um clima tenso nos bastidores, mas sem qualquer bate-boca ou troca de ofensas. Mesmo com a experiência de ter apresentado outros debates quentes, Serva disse que ninguém esperava uma reação como a de Datena.

Havia uma tensão muito semelhante à do debate na Bandeirantes [no primeiro turno das eleições presidenciais de 2022]. Bolsonaro não cumprimentou os demais candidatos e deu uma entrevista bastante agressiva ao chegar. Ele disse 'não vou dar a mão para bandido', para dizer que não cumprimentaria Lula. Ele acabou não cumprimentando ninguém.

Ao chegar, Marçal não cumprimentou ninguém e foi direto ao seu púlpito. Estava com fisionomia fechada, mas se comportando de forma contida. Nos bastidores, eles não estavam trocando acusações. Quando um falava, houve pequenas manifestações. Não houve aqueles cruzamentos de frases, até porque nossas regras previam punição crescente para quem se comportasse fora delas.

As regras que a TV Cultura fez com a participação das assessorias, visava fazer com que esse debate fosse de discussão de ideias e propostas. Claro, é uma campanha agressiva. Todas as regras foram para que houvesse uma contenção. Pensamos que seria um debate tenso, mas ninguém pensou que haveria esse tipo de coisa. Leão Serva, mediador do debate na TV Cultura

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