Topo
Notícias

Dois anos após a morte de Mahsa Amini, 34 presas fazem greve de fome no Irã para apoiar protestos

15/09/2024 13h07

Trinta e quatro detentas iranianas iniciaram uma greve de fome neste domingo (15) para marcar o segundo aniversário do movimento "Mulher, Vida, Liberdade" e a morte da jovem Mahsa Amini, após ela ter sido detida por não respeitar o rigoroso código de vestimenta islâmico. Entre elas está Narges Mohammadi, iraniana laureada com o Prêmio Nobel da Paz de 2023.

Detida desde novembro de 2021, Mohammadi entrou em greve de fome em solidariedade com o povo que protesta no Irã contra as políticas opressivas do governo. "Hoje, 15 de setembro de 2024, 34 mulheres presas políticas iniciaram uma greve de fome pelo segundo aniversário do movimento "Mulher, Vida, Liberdade" e pelo assassinato de Mahsa Amini", escreveu Narges Mohammadi em uma conta nas redes sociais gerenciada por sua família. "Reafirmamos o nosso compromisso em estabelecer a democracia, a liberdade e a igualdade e em derrotar o despotismo teocrático. Hoje, levantamos as nossas vozes mais alto e fortalecemos a nossa determinação", acrescentou.

No dia 16 de setembro de 2022, o anúncio da morte da jovem Mahsa Jina Amini sob custódia policial desencadeou um grande movimento de protesto contra o regime do Irã. Durante meses, manifestações denunciando o uso obrigatório do véu e o conservadorismo religioso abalaram o país.

Sob a pressão de uma mobilização contínua, o regime não se curva. A repressão é impiedosa. Centenas de pessoas foram mortas pela polícia e outras dezenas de milhares foram presas ou forçadas ao exílio. As ONGs denunciam tortura generalizada, violação de detidos, ameaças e assédio constante. O aparato de segurança mantém pressão e o judiciário aumenta as condenações e execuções.

O regime iraniano reprimiu os protestos com violência: pelo menos 551 pessoas foram mortas e milhares foram presas, segundo ONGs de direitos humanos.

Dez homens também foram executados em casos ligados ao movimento "Mulher, Vida, Liberdade", o último dos quais, Gholamreza Rasaei, 34 anos, foi enforcado em agosto, poucos dias depois da posse do novo presidente, Massoud Pezeshkian.

Grupos de direitos humanos também denunciam o aumento das execuções para todos os tipos de crimes, com o objetivo de criar medo e dissuadir os opositores de qualquer desejo de protestar.

Revolução cultural

Narges Mohammadi, de 52 anos, vencedora do Prêmio Nobel de 2023, foi presa por sua luta contra a pena de morte no país. A ativista iraniana foi condenada em junho a uma nova pena de prisão de um ano por "propaganda contra o Estado", que se soma a uma longa lista de acusações, pelas quais recebeu uma pena de doze anos e três meses de prisão, 154 chicotadas, dois anos de exílio e diversas sanções sociais e criminais.

"Além da vitória ou não, da ascensão e da queda, este movimento causou uma revolução", confirma o historiador Touraj Atabaki, professor emérito da Universidade de Leiden, na Holanda. Uma revolução "anticlerical" e "cultural" que "deu poder ao povo e a uma nova geração" e que destacou "a diversidade, complexidade e solidariedade da sociedade iraniana". Uma sociedade que "experimentou uma nova cultura: a cultura da desobediência e da não violência face à incrível brutalidade do regime", afirma este especialista em movimentos sociais.

(Com RFI e AFP)

Notícias