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Trump endurece discurso anti-imigração, mas é cobrado a se distanciar de republicana ultrarradical

14/09/2024 04h48

"Criminosos bárbaros", "assassinos e terroristas": Donald Trump redobrou seus ataques nesta sexta-feira (13) contra os imigrantes nos Estados Unidos e acusou sua rival democrata, Kamala Harris, de querer transformar o país em um "campo de refugiados". A democrata, por sua vez, permanece focada em não reagir às polêmicas agitadas pelo oponente.

Em uma coletiva de imprensa em seu complexo de golfe nos subúrbios de Los Angeles, Trump disse que "as crianças americanas estão à mercê de criminosos bárbaros". O candidato voltou a repetir a informação falsa e racista de que imigrantes haitianos estariam roubando cães e gatos para comê-los, na cidade de Springfield.

"Vamos organizar expulsões em massa" nessa pequena cidade de Ohio, prometeu o bilionário republicano, que fingiu desconhecer que muitos desses estrangeiros possuem permissão de residência no país.

O ex-presidente acusou, sem provas, Kamala Harris de trazer ilegalmente para o país, de avião, "alguns dos piores assassinos e terroristas". "Kamala vai transformar os Estados Unidos em um campo de refugiados do Terceiro Mundo. Já é isso até certo ponto", ressaltou, em outro discurso.

O candidato republicano colocou a imigração, uma das principais preocupações dos eleitores, no centro de sua candidatura à Casa Branca. Ele fez o mesmo em 2016, quando sua campanha girou em torno da proposta de construção de um muro na fronteira com o México.

Apoiadora 'tóxica' se aproxima de Trump

A radicalização da campanha neste sentido tem desagradado a uma parte dos republicanos, inclusive a ala mais à direita do partido. Nesta sexta-feira, o magnata teve de tomar distância de uma apoiadora considerada radical demais até pelos ultraconservadores. Laura Loomer, 31 anos, foi vista na última quarta-feira com o candidato durante a cerimônia que relembrou, em Nova York, os ataques do 11 de Setembro.

Dias antes, ela havia publicado na rede social X, onde tem 1,3 milhão de seguidores, que se Kamala Harris for eleita, "a Casa Branca vai cheirar a curry", referindo-se à origem indiana da mãe da candidata democrata.

"Isso é espantoso e extremamente racista. Não representa quem somos como republicanos, não representa o presidente", reagiu Marjorie Taylor Greene, da ala mais à direita do Partido Republicano. "É repugnante. Alguém tem que parar com isso", comentou Willie Montague, candidato ao Congresso por um distrito eleitoral da Flórida, estado onde vive Donald Trump.

Laura reagiu com ironia: "Os republicanos que me atacam estão apenas com inveja, porque não estavam no avião com o presidente Trump", enquanto Trump, ao ser questionado sobre ela, declarou: "Ela é um espírito livre, fala o que quer".

Horas mais tarde, entretanto, o ex-presidente publicou em sua rede social: "Laura Loomer não trabalha na minha equipe de campanha. Não concordo com suas declarações, mas, assim como as milhões de pessoas que me apoiam, ela está cansada de ver os marxistas e fascistas da esquerda radical me atacarem e difamarem."

Laura se descreve como "jornalista investigativa", mas muitos dos seus detratores a acusam de ser racista, homofóbica, transfóbica e islamofóbica. Assim como seu mentor, ela é conhecida pelas frases ácidas e por agitar as redes sociais.

Laura já disse que o islã era "um câncer", que o 11 de Setembro foi resultado de uma "conspiração interna", e que o presidente Joe Biden esteve por trás da tentativa de assassinato de Donald Trump em julho.

"O passado dessa pessoa é realmente tóxico", disse o senador Lindsey Graham ao Huffington Post. Muito influente no Partido Republicano, ele ressaltou que Trump "faria um favor a si próprio garantindo que essa história não cresça", ou seja, afastando-se da influenciadora.

Kamala Harris aborda porte de armas

Enquanto isso, Kamala Harris esteve em um dos estados mais cruciais para a definição das eleições presidenciais de 5 de novembro: a Pensilvânia, com seus 19 votos eleitorais. Em uma entrevista, a candidata democrata afirmou que oferece "uma nova geração de liderança" e detalhou suas políticas sobre cortes de impostos e créditos para novos pais, proprietários de imóveis e empresas.

Kamala também falou aos donos de armas, reconhecendo que ela mesma possui uma e que quer preservar o direito de portá-las por meio de leis que incitem ao uso com bom senso.

A vice-presidente, que até agora havia concedido poucas entrevistas, será a protagonista de um encontro com a estrela da TV Oprah Winfrey, no dia 19 de setembro.

Até o momento, a vice-presidente não respondeu aos comentários do rival. Quando Trump levantou a teoria da conspiração sobre os animais de estimação durante o debate entre os dois na última terça-feira, Kamala reagiu balançando a cabeça com veemência e com uma expressão que mesclava diversão e indignação.

Filha de mãe indiana e pai jamaicano, a primeira mulher vice-presidente dos Estados Unidos nunca respondeu aos ataques à sua identidade. Ela tem conduzido sua campanha de forma muito metódica e com uma postura centrista. Kamala, que entrou com força na corrida presidencial após a desistência de Joe Biden há menos de dois meses, insistiu que as eleições serão "muito acirradas" e que ela "não é a favorita".

Os Estados Unidos parecem irremediavelmente divididos politicamente: os dois candidatos estão lado a lado nas pesquisas. Como em 2016 e 2020, é provável que o nome do futuro ou futura presidente seja decidido por algumas poucas dezenas de milhares de votos indecisos, em seis ou sete estados estratégicos, independentemente do número total de votos em todo o país. As eleições se realizam de acordo com o princípio do sufrágio universal indireto.

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