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Inspirado na mãe, abriu empresa que dá 'match' entre enfermeiro e clientes

Rafael Schinoff, CEO e fundador da Padrão Enfermagem, com sua mãe, Nice - Divulgação
Rafael Schinoff, CEO e fundador da Padrão Enfermagem, com sua mãe, Nice Imagem: Divulgação
do UOL

Claudia Varella

Colaboração para o UOL, em São Paulo

14/09/2024 05h30

Após dois anos tentando colocação no mercado como administrador de empresas, Rafael Schinoff, 51, decidiu abrir seu próprio negócio para colocar em prática sua formação. Em que ele se inspirou? Na sua mãe, Nice Araújo, que, mesmo aposentada, ainda trabalhava como auxiliar de enfermagem, com uma demanda alta para cuidar de idosos e enfermos. Schinoff viu ali um nicho pouco explorado e abriu em 2006, em Porto Alegre (RS), a Padrão Enfermagem, uma empresa que faz a intermediação de profissionais da área de saúde com clientes.

Minha mãe é até hoje uma inspiração para mim. Foi minha ela que me passou o know-how e até deu dicas na captação de clientes.
Rafael Schinoff, CEO e fundador da Padrão Enfermagem

Como ele criou a empresa

A ideia da empresa foi inspirada na mãe. Nice se aposentou em 2000, mas, para complementar a renda, não parou de trabalhar. "Na época, minha mãe anunciava seus serviços como auxiliar de enfermagem em uma seção de anúncios em um jornal de Porto Alegre. Logo, ela conseguiu muitos pacientes, mas, diante de tanta demanda, começou a indicar amigos da mesma profissão para os pacientes que apareciam", afirma Schinoff. Segundo ele, a mãe, que tem 79 anos, continua trabalhando como auxiliar de enfermagem na casa de pacientes.

Com o tempo, Schinoff foi percebendo que havia ali um nicho no mercado. Ele diz que, na época, não havia empresas especializadas em fornecer mão de obra qualificada que desse suporte para pacientes. Até então, Schinoff trabalhava em uma loja de departamentos, onde atuou como auxiliar de loja, operador de caixa e depois vendedor. "Não tive oportunidade lá nem consegui vaga no mercado na minha área. Fiquei frustrado por isso", declarou.

Havia essa lacuna no mercado. Era comum o cliente buscar profissionais na informalidade, por indicação, ou, para cuidar daquele idoso ou doente, até contratar alguma pessoa sem preparação adequada para o serviço.
Rafael Schinoff, CEO e fundador da Padrão Enfermagem

Intermediação de profissionais com pacientes

A Padrão Enfermagem foi aberta em 2006, em Porto Alegre. Para conseguir os primeiros clientes, ele também fazia anúncios no jornal.

A empresa faz a intermediação de profissionais da saúde com os clientes que precisam de serviços. Funciona assim: a família aciona a Padrão Enfermagem, que utiliza a sua base de profissionais cadastrados para filtrar o profissional ideal para a necessidade daquele cliente. Entre os serviços oferecidos, estão procedimentos pontuais (como passagem de sonda, curativos e aplicação de injeção, etc.) e acompanhamento hospitalar e em domicílio.

Um dos serviços mais requisitados é o cuidado de enfermos e idosos em casa. O preço do serviço é estipulado pela empresa, conforme análise de custos, concorrência e a prática do mercado local. Mas o valor médio de um plantão de 12h é de R$ 180 a diária.

Franquia da marca custa R$ 80 mil

A empresa atua com franquias. A rede tem 55 unidades em funcionamento. A maioria no modelo home based. Ou seja, o franqueado trabalha de casa. Ele é responsável pela captação de clientes e profissionais na sua cidade ou região. "O franqueado faz a intermediação dessa mão de obra, selecionando profissionais de acordo com o perfil que o cliente quer e precisa", diz Schinoff. Para começar, uma franquia deve ter, no mínimo, 50 profissionais agenciados.

Cabe ao franqueado fazer a seleção e o cadastramento dos profissionais. Schinoff diz que a franquia precisa aplicar os processos de recrutamento, seleção e entrevistas e juntar os documentos comprobatórios para que seja feito o cadastramento do profissional na plataforma da empresa. "Esta captação é feita através de marketing online e offline, mídias sociais, sites de empregos e principalmente em ações de networking", diz ele. Todo franqueado passa por treinamentos periódicos pela empresa.

Cerca de 22 mil profissionais da saúde estão cadastrados na plataforma da empresa. A maioria são profissionais de enfermagem e cuidadores de idosos. Schinoff diz que é formalizado um contrato de agenciamento com os profissionais que são cadastrados nas unidades. "Este contrato já foi avaliado e aprovado pelo Ministério Público do Trabalho como regular na intermediação de mão de obra, produzindo o respaldo jurídico para todas as partes envolvidas", afirma.

O investimento inicial para comprar uma franquia da marca é de R$ 80 mil. Uma unidade fatura por mês, em média, R$ 25 mil, e o lucro gira em torno de 30% sobre o faturamento bruto. Também há cobrança mensal de royalties (8% sobre o faturamento) e taxa de marketing (2% sobre o faturamento).

Em 2023, a rede da Padrão Enfermagem faturou R$ 5,6 milhões. Só a franqueadora faturou R$ 1 milhão (entre royalties e vendas de franquias). O lucro da franqueadora não foi revelado.

A Padrão Enfermagem tem dois sócios: Schinoff e Roberta Bellumat, 39. Roberta era franqueada da rede, mas, segundo Schinoff, sempre foi destaque entre os franqueados. Hoje, ela é diretora geral da empresa.

Na pandemia, faturamento caiu 20%

Nos três primeiros meses da pandemia, houve uma queda de 20% no faturamento. "Como trabalhamos com a intermediação de profissionais para serviços essenciais, logo os serviços se reestabeleceram. Afinal, os nossos clientes precisavam manter os atendimentos em cuidados. E nós adotamos todos os protocolos de segurança exigidos pela OMS [Organização Mundial de Saúde] e Ministério da Saúde", diz Schinoff.

Cuidado redobrado na seleção dos profissionais

O segmento de saúde cresce com o envelhecimento da população. Leandro Reale, consultor de negócios do Sebrae-SP, diz que o envelhecimento da população é uma macrotendência, e o segmento de saúde, entre outros, vem crescendo por esse fato. Para ele, Schinoff soube observar e aproveitar essa necessidade do mercado.

"A empresa é uma agenciadora de mão de obra, mas da área da saúde. Isso requer ter muito cuidado na seleção dos profissionais que vão atuar em nome da empresa. Afinal, são profissionais que vão cuidar de vidas, da saúde das pessoas. E eles vão entrar na casa das pessoas", declara Reale.

Por ser franquias, esse cuidado da seleção dos profissionais deve ser redobrado. "Nas franquias, esse cuidado se exponencializa", diz o consultor. Para ele, a empresa deve ter um parâmetro bem definido para fazer o rastreamento desses profissionais e treinar os franqueados para isso.

Em relação aos franqueados, Reale faz um alerta. Antes de comprar essa (ou qualquer outra franquia), é preciso analisar se realmente tem perfil e potencial para tocar a franquia, além de ler a COF (Circular de Oferta da Franquia) para conhecer as condições gerais do negócio.

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