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'Após 2 meses da morte da minha mãe, recebi uma comida feita por ela'

Isabella Miranda de Macedo Costa, 25, perdeu a mãe, Louise Santos, 44, para o câncer. Dois meses depois, por meio de uma amiga, pôde comer o nhoque feito por Louise - Arquivo pessoal
Isabella Miranda de Macedo Costa, 25, perdeu a mãe, Louise Santos, 44, para o câncer. Dois meses depois, por meio de uma amiga, pôde comer o nhoque feito por Louise Imagem: Arquivo pessoal
do UOL

Luciana Spacca

Colaboração para o UOL

14/09/2024 05h30

A dentista Isabella Miranda de Macedo Costa, 25, perdeu a mãe vítima de câncer em abril deste ano. A chefe de cozinha e dentista Louise Santos, 44, morreu após o diagnóstico de metástase de um câncer de colo de útero.

Isabella conta que, cerca de dois meses depois, recebeu a ligação de uma amiga de sua mãe com uma notícia inesperada.

Minha mãe cozinhava e vendia comida para fora. Por causa da doença, ela precisou parar, mas essa amiga me ligou e disse que estava com dois pacotes do nhoque preparado pela minha mãe.
Isabella Miranda de Macedo Costa

A amiga tinha comprado as refeições meses antes e congelado. "Ela perguntou se eu queria e eu mal podia acreditar que comeria de novo uma comida feita pela minha mãe. Eu disse: 'Claro que quero!' Mandei uma moto buscar na mesma hora."

Após receber os pacotes de nhoque, Isabella demorou alguns dias até finalmente achar o momento ideal para degustar a comida de sua mãe.

Um dia, eu fiz um macarrão e meu marido comentou que o molho estava igualzinho ao da minha mãe. Eu pensei: 'Meu Deus, essa é a hora de eu comer o nhoque'. Chamei a minha família e nós comemos. E ele estava perfeito.
Isabella Miranda de Macedo Costa

"A sensação que eu tinha comendo o nhoque era a de que eu terminaria e ligaria para ela para agradecer", diz a jovem. A história foi publicada por ela no TikTok e alcançou mais de 10 milhões de visualizações.

@bellamacedocosta Deus envia anjos a todos os momentos na minha vida, so posso agradecer ?? #luto #mae #saudades #foryou ? som original - Isabella Miranda

'Nunca se entregou'

Isabella conta que, inicialmente, a mãe foi diagnosticada com câncer de colo de útero, em março de 2022. Na época, as duas estavam no último ano da faculdade de odontologia.

"Em menos de um mês após o resultado dos exames, ela já estava operada. Teve de fazer quimioterapia e radioterapia, por isso se afastou por um tempo da faculdade. A gente sempre foi muito positiva com tudo nessa vida. Lutamos e vencemos aquela batalha."

Louise Santos, 44, e a filha Isabella, 25, durante colação de grau do curso de odontologia: as duas se formaram em 2022 - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Louise Santos, 44, e a filha Isabella, 25, durante colação de grau do curso de odontologia: as duas se formaram em 2022
Imagem: Arquivo pessoal

Em junho de 2023, veio a confirmação da metástase.

"Eu encarei esse diagnóstico como encarei o primeiro. Achei que a gente ia vencer de novo, que era só mais uma luta e daria tudo certo. Até que a gente descobriu que, além de não ter cura, tinha um prazo de vida: os médicos deram de seis meses a cinco anos para a minha mãe."

Por complicações relacionadas à doença, a mãe de Isabella precisou ser internada em abril deste ano. Ela passou 23 dias no hospital, entre idas e vindas à UTI.

Um dia antes de ela falecer, me chamou e disse que queria ser intubada. Que era o 1% de chance de sobreviver. Ela nunca se entregou à doença, sempre muito positiva. No dia seguinte, ligaram do hospital para informar que ela tinha falecido.
Isabella Miranda de Macedo Costa

Isabella conta que aceitar a morte da mãe foi um processo intenso e doloroso.

"É uma pessoa que faz falta 100% no meu dia. Eu olho para o lado e lembro dela. Eu falo qualquer coisa, eu penso nela. Não tem um dia que eu não pense nela, mas eu aceitei e não vou ficar remoendo a morte dela. Sei que ela estava sofrendo muito aqui."

A jovem diz que quer honrar o nome e a história da mãe. "Minha mãe era uma pessoa muito boa, muito caridosa. Toda semana, ela pegava o carro e enchia o porta-malas de marmita para distribuir na Praça da Sé. Fazia mutirão para as pessoas doarem dinheiro, comprava cobertor na época de frio e saía cobrindo as pessoas na rua", diz a jovem.

O legado dela foi tão grande que ela não morreu. Minha mãe vive dentro de mim.
Isabella Miranda de Macedo Costa

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