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Venezuela convoca embaixadora em Madri para consulta após ministra espanhola chamar governo Maduro de "ditadura"

13/09/2024 07h16

O chanceler venezuelano Yván Gil chamou sua embaixadora na Espanha Gladys Gutiérrez para consultas nesta quinta-feira (12). Ele também convocou o embaixador espanhol em Caracas, Rámon Santos, para comparecer neste sábado (14) à sede do Ministério das Relações Exteriores.
 

A ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles, declarou na quinta-feira durante um evento cultural, que o governo de Nicolás Maduro era uma "ditadura".  Ela também prestou solidariedade com "os homens e mulheres da Venezuela que tiveram que deixar seu país".

De acordo com o ministro venezuelano, as convocações são "uma resposta à declaração de uma ministra espanhola que chamou o governo de Nicolás Maduro de "ditadura" e ao asilo concedido em Madri ao opositor Edmundo González Urrutia".

Para o ministro das Relações Exteriores venezuelano, as observações são "insolentes e grosseiras" e mostram "uma deterioração" nas relações bilaterais entre Caracas e Madri, onde González está desde domingo.

Questionado na sexta-feira sobre a decisão da Venezuela, o ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, tentou apaziguar os ânimos.

"Já convoquei embaixadores em várias ocasiões. Consultas são decisões soberanas de cada Estado e, portanto, não há o que comentar", disse Albares na rádio pública RNE. "O que posso dizer, no entanto, é que estamos trabalhando para ter as melhores relações possíveis com o povo irmão da Venezuela", continuou ele.   

Espanha concedeu asilo a opositor venezuelano

A tensão cresceu quando o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, recebeu Edmundo González Urrutia em Madri na quinta-feira. O opositor reivindica a vitória na eleição presidencial de 28 de julho contra Nicolás Maduro, que inicia seu terceiro mandato após ser declarado vencedor.

"Seja bem-vindo", disse o líder socialista em uma mensagem publicada no X, garantindo que a Espanha continuaria "trabalhando pela democracia, pelo diálogo e pelos direitos fundamentais do povo irmão da Venezuela".   

Na quinta-feira, o presidente do parlamento venezuelano, Jorge Rodríguez, responsável pela campanha de Nicolás Maduro, pediu que o país rompesse "todas as relações" com a Espanha.

Rodríguez protestava contra uma votação do Parlamento espanhol, que na quarta-feira adotou uma resolução apresentada pelo Partido Popular (PP), principal partido de oposição a Pedro Sánchez, pedindo o reconhecimento de Edmundo González Urrutia como presidente da Venezuela.

A proposta parlamentar tem apenas um valor simbólico- só o Executivo tem o poder de reconhecer Edmundo González Urrutia como presidente eleito. Ele chegou à Espanha no domingo, a bordo de um avião do Exército espanhol depois de fugir da Venezuela, onde era alvo de um mandado de prisão.   

Espanha exige relatório das seções eleitorais

A Espanha, como todos os Estados-membros da União Europeia, está exigindo a publicação completa dos relatórios emitidos pelas seções eleitorais durante a eleição presidencial de 28 de julho. As autoridades venezuelanas alegam que os dados foram hackeados e estão indisponíveis.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proclamou o presidente Nicolás Maduro o vencedor da eleição, com 52% dos votos. Mas este resultado é contestado pela oposição, que garante, com base nas atas, que Edmundo González Urrutia obteve mais de 60% dos votos.   

Na ausência de resultados completos, os países da UE até agora se recusaram a reconhecer um vencedor.  Apenas os Estados Unidos decidiram reconhecer González Urrutia como presidente e anunciaram na quinta-feira sanções contra 16 pessoas próximas a Nicolás Maduro.

Segundo o país, elas "impediram" a realização da eleição presidencial de 28 de julho. Caracas rejeitou as medidas consideradas "ilegítimas e ilegais" e uma nova "agressão" por parte de Washington

(Com AFP)

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