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'Vamos apurar com rigor', diz chefe da PF sobre intimidações a delegados

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues - Pedro Ladeira/Folhapress
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress
do UOL

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

13/09/2024 12h00

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, afirmou ao UOL que as ameaças e exposição de dados pessoais de delegados constituem crimes, que serão apurados com o "rigor que a situação exige".

O que aconteceu

Delegados intimidados com exposição de dados pessoais. Reportagem do UOL mostrou que, uma semana após indiciar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso das joias, o delegado responsável pela investigação no STF (Supremo Tribunal Federal) relatou que ele e sua família sofreram ameaças.

Caso entrou em investigação que levou à suspensão do X no Brasil. PF abriu investigação, em abril deste ano, sobre uma campanha de exposição de dados pessoais e ataques a policiais e seus familiares organizada por blogueiros bolsonaristas. Os casos já estavam no radar da área de inteligência da Polícia Federal.

Moraes ordenou bloqueio da rede no Brasil. Foi no âmbito dessa investigação sobre as ameaças aos delegados que o ministro Alexandre de Moraes determinou a suspensão do X no Brasil. A plataforma se recusou a cumprir ordens para remover portagens dos investigados, incluindo algumas do senador Marcos do Val (Podemos-ES), e acabou deixando o país. Além da remoção de postagens e contas, operação também determinou nova prisão dos blogueiros Allan dos Santos e Oswaldo Estáquio, que estão foragidos nos EUA e na Espanha, respectivamente.

Antecessora de delegado também relatou ameaças. A delegada Denisse Ribeiro cuidava de inquéritos envolvendo milícias digitais bolsonaristas, mas deixou os casos em fevereiro de 2022, após entrar em licença-maternidade. Ainda assim, ela também recebeu emails em tom ameaçador e até com proposta de receber US$ 5 milhões em troca de informações de uma operação policial que ela conduziu e que poderia, supostamente, atingir Moraes.

Ameaça e exposição de colegas constituem crimes previstos em lei. Vamos apurar com o rigor que a situação exige.
Andrei Passos Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal, ao UOL

Devassa em dados pessoais

Campanha na redes sociais se intensificou após indiciamento de Bolsonaro. O delegado Fabio Shor encontrou um boneco de macaco pendurado em seu carro, estacionado no seu endereço residencial, em 13 de julho. Na mesma data, ele teve uma foto de documento oficial de identidade exposta por uma filha do blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio.

Ela ainda expôs a esposa e um filho do delegado em postagens nas redes. O material foi replicado por bolsonaristas. Como se tratava de uma imagem de um documento oficial do delegado, emitido pelo Detran-RJ, a Polícia Federal solicitou que o órgão realizasse uma auditoria interna para apurar o vazamento das informações.

Responsáveis por colocar objeto no veículo de Shor não foram identificados. Ao menos, não houve indicação de nomes até a deflagração da operação policial, em 14 de agosto. Não há mais detalhes sobre a apuração específica sobre a ameaça relatada.

CNH exposta. No caso de Denisse Ribeiro, foi a foto da CNH que foi exposta por esses grupos. Diante disso, a Polícia Federal fez em maio deste ano uma auditoria no sistema Infoseg, do governo federal, que é usado por órgãos do Judiciário e do sistema de Segurança Pública de todo o país. Nessa auditoria, a PF apontou suspeita de fraudes nos logins de vários servidores que teriam feito consultas de informações pessoais na plataforma. Ao todo, 25 servidores de diferentes regiões do país fizeram consultas que estão sob investigação.

Dados de delegada foram consultados por um agente da PRF. Policia Federal suspeita que login possa ter sido fraudado. Procurada, a Polícia Rodoviária Federal disse que ainda não foi formalmente notificada sobre a investigação e que, por isso, não poderia tomar nenhuma medida.

Devassa incluiu ainda pesquisa a dados de Moraes. De janeiro a março deste ano, o CPF do ministro foi consultado sete vezes por servidores ligados a órgãos de quatro estados e um servidor do TRT-14, tribunal do trabalho que atende os estados de Rondônia e Acre. Sistema Infoseg tem objetivo de auxiliar nas atividades de inteligência de órgãos públicos e permite consultar vários dados pessoais, incluindo endereço, filiação, veículos e eventuais armas em nome da pessoa.

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