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Peça encena 'destino' da atriz francesa Sarah Bernhardt em Paris, a 1ª diva internacional do teatro

13/09/2024 16h11

A vida da icônica atriz francesa Sarah Bernhardt, que se tornou uma estrela internacional na virada do século 19, é contada em uma peça que está sendo encenada em Paris, que destaca sua determinação e brio e a torna "um modelo de mulher ousada e absolutamente livre", de acordo com a diretora.

Um século após a morte da "Voz de Ouro" (1844-1923), uma exposição no Petit Palais em 2023 mostrou ao público trajes de cena e objetos pessoais nunca antes revelados ("Sarah Bernhardt, et la femme créa la star", "Sarah Bernhardt, e a mulher cria a estrela", em tradução livre).

Neste outono no hemisfério norte, "L'extraordinaire destinée de Sarah Bernhardt" ("O extraordinário destino de Sarah Bernhardt", em tradução livre), escrito e dirigido por Géraldine Martineau, oferece até 31 de dezembro no Théâtre du Palais-Royal em Paris, e depois em turnê a partir de janeiro de 2026 uma leitura leve da personagem que se tornou uma estrela internacional.

Ao lado da atriz Estelle Meyer no papel-título, nove artistas retratam cerca de trinta personagens que eram próximos a ela ou contemporâneos: sua mãe, os escritores franceses Victor Hugo e Edmond Rostand.

"Ela era uma mulher multifacetada", disse Estelle Meyer, cujo desempenho exala sensibilidade e poder, com uma voz que levou o público francês a cantar junto com a atriz em alguns momentos.

Musa de artistas como Oscar Wilde, Bernhardt foi também a mulher que pediu duas vezes demissão da prestigiosa Comédie-Française, criada por Molière, e passou vários meses em turnê nos Estados Unidos, tendo transformado o teatro Odéon em um hospital durante a guerra, dormido em um caixão e oferecido um jacaré a seu filho Maurice.

"Ela é o símbolo de uma mulher livre", diz Géraldine Martineau, que foi 'convocada' a escrever essa peça depois de ler as memórias da 'Divina' ("Ma double vie"). "Os riscos que ela correu, as portas que ela bateu, sua ambição? Ela não parava por nada!", afirmou.

Falta de amor

"Precisamos de modelos de mulheres que sejam ousadas e singulares", acrescentou a dramaturga, que recentemente adaptou e dirigiu um conto de fadas de Andersen e um texto do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen para a Comédie-Française. De uma forma mais íntima, a peça também mostra o quanto a atriz pode ter sofrido com a falta de amor de sua mãe.

Uma das primeiras apresentações contou com a presença de nove de seus descendentes, incluindo Sébastien Azzopardi, diretor do teatro, que ficou muito feliz em poder prestar homenagem à sua avó, tendo programando o espetáculo. Os outros descendentes, com idades entre 18 e 82 anos, receberam o espetáculo com "emoção", segundo fontes durante a estreia.

"Conhecemos Sarah Bernhardt como uma grande artista, mas não sabemos necessariamente todo o sofrimento pelo qual ela passou para chegar onde está hoje. Na peça, eu reencontrei tudo isso", diz Sylvie Azzopardi, 73 anos. "La Divine" era 'a avó de sua avó'.

Jean-Jacques Campignon, 82 anos, tem uma ressalva. Embora a peça mostre Sarah Bernhardt interpretando a rainha em "Ruy Blas", de Victor Hugo, ou o filho de Napoleão em "L'Aiglon", de Edmond Rostand, ele gostaria de ter "mais atuação". Sua avó "costumava declamar, mas às vezes era inaudível", diz ele, referindo-se à sua prosódia característica. "Aqui, não a ouvimos declamar", ele lamenta.

Um sinal de que a estrela ainda inspira plateias contemporâneas: um filme sobre ela será lançado na França em 18 de dezembro.

(Com AFP)

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