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Papa conclui viagem mais longa de seu pontificado em Cingapura e tranquiliza fiéis sobre sua saúde

13/09/2024 16h04

Enérgico e entusiasmado, o Papa Francisco encerrou nesta sexta-feira (13), em Cingapura, uma exaustiva turnê de 12 dias por quatro países do Sudeste Asiático e da Oceania, a mais longa e distante viagem de seu pontificado, durante a qual ele assegurou a todos sobre o estado de sua saúde, um ano depois de passar por uma grande cirurgia abdominal.

O Papa de 87 anos esteve dinâmico como sempre, abandonando seu último discurso para improvisar uma "aula magistral" sobre diálogo inter-religioso com humor e energia diante de cerca de 600 jovens de diferentes religiões.

"Assuma riscos", ele lhes disse, incentivando-os a 'sair de sua zona de conforto'. "Um jovem que não quer correr riscos é um homem velho", acrescentou, arrancando risos da assembleia.

Em seguida, Francisco convidou os participantes de diferentes religiões a orarem juntos uns pelos outros, antes de receber uma calorosa ovação. O chefe da Igreja Católica deixou a cidade-Estado no meio do dia rumo a Roma, onde era esperado às 18h25 (13h25 de Brasília).

A bordo do avião, o Papa deu sua tradicional coletiva de imprensa diante dos jornalistas da imprensa internacional que o acompanhavam, um exercício que ele não faz desde sua viagem a Marselha, no sul da França, há um ano.

De improviso

Um ano depois de passar por uma grande cirurgia abdominal, essa ambiciosa viagem de 33.000 km por dois continentes levantou dúvidas sobre a capacidade de Jorge Bergoglio, que completará 88 anos em dezembro, de suportar tal odisseia.

Mas nem o ritmo frenético - 16 discursos, até oito horas de jet lag - nem o calor tropical, nem as muitas reuniões oficiais pareceram incomodar o Papa argentino.

Francisco até demonstrou uma surpreendente resiliência, culminando na terça-feira em uma missa em Dili, no Timor Leste, diante de 600.000 pessoas extasiadas, depois de uma celebração de duas horas e meia no calor sufocante desse país 98% católico.

Em várias ocasiões, ele se deixou levar por improvisações, reagindo com interesse aos testemunhos que eram lidos para ele ou lembrando o intérprete de traduzir suas palavras. No entanto, seu rosto parecia mais fechado antes dos desfiles militares honorários, uma tradição que sempre o desanimou, e na missa em Cingapura na quinta-feira (12), onde ele apareceu com feições marcadas pelo cansaço.

"Fiquei impressionado com seu sorriso quando cumprimentou a multidão (...) Ele estava radiante e com o rosto de sempre. Ele parecia estar em boa forma. Dá para perceber que ele está bem assim que entra em contato com as pessoas", disse Lise de Rocquigny, uma francesa de 47 anos que mora em Cingapura. "Durante a liturgia, no entanto, ele parecia estar ofegante e cansado", acrescentou ela.

"Não cansado, mas feliz"

Embora o Papa tenha viajado com seu médico pessoal e dois enfermeiros - seguindo o protocolo usual - nenhum detalhe foi divulgado sobre seu tratamento médico, já que o Vaticano cultiva a máxima discrição sobre essa questão confidencial.

Essa 45ª viagem internacional confirma a importância das viagens ao exterior para o Papa, que sempre preferiu o encontro com os fiéis aos muros do Vaticano, e para quem o contato com multidões continua sendo uma fonte revigorante de energia.

"Em sua mente, o Papa não se sente cansado, mas feliz. É uma maneira muito diferente, e também muito cristã, de ver as coisas", disse Matteo Bruni, diretor do escritório de imprensa da Santa Sé.

"Em vez de se concentrar no cansaço, ele insiste na alegria que o alimenta durante essas visitas. Parar não está em seu DNA", acrescentou uma fonte do Vaticano. "Para ele, ser Papa é viver 100%, correndo o risco de não ouvir a si mesmo. E é também esse altruísmo que toca os fiéis."

A turnê, inicialmente planejada para 2020, mas adiada por causa da pandemia, terá visto Francisco abordar temas que lhe são caros: o diálogo com o Islã na Indonésia, a luta contra a criminalidade infantil, a proteção ambiental e a defesa dos direitos dos trabalhadores migrantes.

Da mesquita em Jacarta às ruas lotadas de Dili, o Papa reiterou a importância que atribui ao Sul global e às "periferias" de uma Igreja globalizada que ele gostaria que fosse mais aberta.

Em 26 de setembro, o chefe da Igreja Católica fará outra visita de quatro dias a Luxemburgo e à Bélgica, antes de seguir para a Assembleia Geral do Sínodo sobre o Futuro da Igreja, em outubro.

(Com AFP)

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