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Maestro brasileiro radicado na Suíça lança segundo livro de ficção

13/09/2024 06h32

Felipe Cattapan é escritor, maestro e professor universitário brasileiro, radicado na Suíça. Ele está lançando agora seu segundo livro "Um espaço além do Tempo, um tempo além do Espaço" pela editora Kotter, em Portugal e no Brasil.

Felipe Cattapan começou a carreira profissional como músico clássico, primeiro no Rio, onde estudou piano. Depois, se especializou em regência em Paris, onde antes de se estabelecer na Suíça onde, além de dar aulas, é regente em várias orquestras.

Ele começou a se dedicar à literatura em 2010, depois do nascimento do filho. O maestro usou o tempo dos passeios necessários para adormecer a criança para escrever seus primeiros textos. "Desse milagre, que é um filho, um outro milagre que é a escrita e você se redescobrir escrevendo", relembra.

O primeiro livro "Densidades Cíclicas", reunindo poesias e crônicas, foi publicado em português, em 2016, pela editora suíça Helvetia. O segundo "Um espaço além do Tempo, um tempo além do Espaço", também em português, reúne dois textos de gêneros diferentes: uma peça de teatro, "X Minutos" e uma novela, "Emulação".

A decisão inicial de reuni-los em um só volume foi puramente editorial, mas Felipe Cattapan acabou percebendo que as duas narrativas tinham algo em comum.

"Uma conexão entre os dois textos é uma palavra que nem aparece no livro, talvez. É um conceito do alemão Hartmut Rosa que se chama 'ressonância' e que ele define como ausência de estranhamento. É um vínculo forte, sincero (com o outro) que te transforma. Essa palavra une os dois textos porque ambas as obras tratam da ausência ou da presença, ou da busca por ressonância", relaciona o escritor.

 

Música e poesia

Mas ao se abordar toda a sua obra literária, os principais denominadores comuns são a "música", a primeira profissão e modo de expressão artística de Cattapan, e a poesia.

"O que me interessa na prosa é a prosa quase poética. (...) A minha convicção é de que nós todos somos poetas. Então minha obra procura mostrar isso", diz..

As narrativas de Felipe Cattapan têm ritmo, movimentos, estrutura como fica bem explícito na peça "X Minutos", escrita como uma sinfonia, mas tem também silêncios, essenciais em qualquer composição. Os textos do maestro-escritor são também filosóficos, autorreflexivos, remetendo à metaliteratura.

Felipe Cattapan nega que seja filósofo, mas que enquanto maestro e escritor é um artesão dos binômios som-silêncio e palavras-espaço em branco, respectivamente. Sobre a metaliteratura, ele diz que não opta por um caminho mais reflexivo sistematicamente. "Eu faço de uma forma espontânea. (Foi a) forma que encontrei para tentar levar o leitor para outra dimensão. Para ele não ficar somente numa dimensão factual do texto", revela.

Os dois primeiros livros de Felipe Cattapan foram escritos e publicados em português, mas seu terceiro livro, um diálogo sobre regência com o músico húngaro Peter Eötvös, será em alemão. Ele garante que não conseguiria escrever ficção em outra língua que a materna, mas gosta da ideia de desenvolver outros gêneros em idiomas diferentes.

'Como escritor, eu quero fazer um livro em cada estilo, em cada gênero diferente. O primeiro mesclava prosa com poemas. O segundo, une teatro com uma novela. O terceiro será de entrevistas que contém, de uma forma subjacente, um método de Regência. E o quarto, que eu estou agora fazendo, vai ser um livro que mescla ensaios com ficção", antecipa.

Mas, por enquanto, Felipe Cattapan ainda faz a promoção de "Um espaço além do Tempo, um tempo além do Espaço". Depois de dois lançamentos no Brasil, ele faz uma noite de autógrafos no próximo dia 15/09, na Fundação Brasileia, em Basileia, na Suíça.

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