Topo
Notícias

'Claro que vou até o fim, não sou covarde': as frases de Datena na sabatina

do UOL

Colaboração para o UOL, em São Paulo

13/09/2024 13h36Atualizada em 13/09/2024 13h39

O candidato à Prefeitura de São Paulo José Luiz Datena (PSDB) admitiu que, se não for eleito, desiste da política e chorou ao final da sabatina UOL/Folha hoje (13). O tucano disse que vai até o fim da disputa pela prefeitura porque "não é covarde". Veja frases da entrevista.

Sobre a candidatura

Desisti de campanhas ganhas, agora quero me recuperar de uma campanha perdida. Não sou covarde. Só desisti de outras campanhas porque me traíram. Na maioria das vezes eu fui traído, muito traído.

Se eu não for eleito prefeito de São Paulo, para mim acabou a política. Foi uma boa experiência, tenho esperança em ir para o segundo turno, tenho sim.

A gente fica muito baqueado quando vê um primeiro resultado de pesquisa - essa é a maior prova que confio em pesquisa -, porque na realidade eu fiquei chateado para caramba [de me ver em 5º], do mesmo jeito que eu estava alegre quando estava bem.

O que eu gostaria de ter sido, infelizmente vou morrer sem cumprir meu sonho. É uma pena. Já escrevi um livro, fiz tudo o que devia fazer na comunicação. O sonho que eu tinha e faltava era servir o povo, como senador, que teria sido melhor porque eu teria mais tempo de me aperfeiçoar politicamente, aprender melhor politicamente e não entrando de cara em uma disputa majoritária que é muito mais difícil.

Críticas a rivais

O cara foi ladrão de banco, aí o cara vai para primeiro lugar na pesquisa. O prefeito da cidade, no dia que a cidade atinge o pior ar do mundo, vai para primeiro lugar na pesquisa. Preciso procurar ser o pior dos piores em alguma coisa, para ver se eu consigo atingir um ponto melhor em termos de aceitação. Parece que o pior é o melhor.

É muito simples [diminuir poluição], vamos começar pelos ônibus. De 13 mil ônibus, 380 são ônibus elétricos. Hoje o prefeito anunciando mais ônibus ou coisa parecida, ele não tem nem onde carregar esses ônibus elétricos. Por que o prefeito não começou a mudar para o combustível verde, o hidrogênio verde lá atrás da frota?

Não há dúvida que eu sou amigo do Boulos, gosto do Boulos, mas sou contrário a muitas ideias que ele tem. É aquele negócio que eu falei de polarização ser uma coisa idiota.

Apareceu Marçal e desvirtuou tudo nesse show de horrores dele. Marçal é um risco à democracia, não tenho dúvida. Boulos não combino com a maior parte das ideias dele. O Ricardo Nunes é um péssimo prefeito.

Não acredito que perdendo as eleições eu deva apoiar ninguém, nem ficar emitindo opinião contra alguém. Se tiver que voltar a cumprir meu contrato e o dono da televisão permitir que eu volte a cumprir o meu contrato ainda durante o período eleitoral [no segundo turno], vou me negar a fazer qualquer comentário político, mesmo porque até outro dia eu estava na eleição. No caso de perder a eleição, porque acho que ainda tenho chance de ir para o segundo turno. Alguma coisa me diz.

Sobre o tema Segurança Pública

Eu apresento um programa de culinária há 26 anos. Então, apresentando programa de culinária, eu tenho experiência para falar de segurança. Minha filha, se você fala por osmose sobre alguma coisa há 26 anos, você tem que aprender alguma coisa.

Quando eu digo autoridade (...) que quando eu falei lá atrás que iria existir organizações criminosas como o PCC, milícias e o Comando Vermelho, as pessoas [especialistas em segurança] me chamavam de sensacionalistas. Quem estava mais certo, os especialistas ou eu?

Mesmo que eu fosse o cara mais burro do mundo, falando 26 anos sobre segurança, eu tive que aprender alguma coisa de segurança. Tive vários contatos com várias pessoas que são superespecialistas na área, isso facilita para ter alguma autoridade na área.

O criminoso é um bandido, ele não está nem aí se vai te matar ou não vai. A tolerância zero tem que ser dentro da legalidade. Força policiais da GCM, que vão ser dobradas a um custo de R$ 900 milhões, terão batalhões especiais para lidar com fuzil e terão que ser supertreinadas [se eu for eleito], não só para lidar com fuzil, mas com outras armas também. Não é qualquer um que vai sair lidando com fuzil e atirando em todo mundo.

Sobre Educação

Minha meta é entregar a criança alfabetizada a família e bem tratada desde a escolaridade infantil, que é a creche e vai ter duas horas a mais para que as mães possam ter tempo procurando emprego ou empregadas chegarem até a creche. São duas horas a mais ao custo de R$ 550 milhões, o que é pouco para o orçamento do Estado.

[Meta é alfabetizar] em oito anos. Entre oito e nove tá no plano, mas está errado. Oito anos é o máximo que eu acho que a gente pode colocar em prática [a alfabetização]. Não adianta escrever no papel prometer coisa que não vai conseguir.

Vi que é inviável, não dá para ter dois professores em sala de aula. (...) Não dá para colocar dois professores na sala de aula. Tá no plano de governo, mas não dá para cumprir, pelo menos na minha gestão. A não ser que a gente descubra que há uma defasagem de dinheiro que está sendo mal-empregado.

O que quero dizer é que o plano de governo que está lá, ele foi feito às pressas. Não é o melhor plano de governo do mundo, fui o penúltimo candidato a ser homologado aqui em São Paulo. Os outros todos têm um ano, à exceção do Marçal que é uma ameaça à democracia. Mas os outros estão aí em vida política há muito tempo. Me apresentaram um plano de governo [tucano] que muitas das coisas eu fui vendo que na prática são impraticáveis.

Sobre queda nas pesquisas

Fica difícil você falar sobre cargo de prefeito quando você está em quinto lugar na eleição, mas ainda há chance de eu disputar a prefeitura. Se em duas semanas as pesquisas historicamente me derrubaram, historicamente eu posso, nas eleições, provar que as pesquisas estavam erradas.

Não estou desmoralizando as pesquisas, pelo contrário, estou acreditando nas pesquisas.

Se de repente eu derreter na pesquisa foi por erro meu. Minha equipe é muito boa, das melhores que tem. O partido me deu tudo o que tinha que me dar. (...) Desde a primeira pesquisa que eu apareci em primeiro lugar eu venho perguntando ao partido se eles querem continuar com a minha candidatura, porque eu acho que essa é uma prestação de contas moral a quem continua avalizando a minha campanha à prefeitura.

Se o partido decidir que queira trocar de candidato, apoiar outro candidato, eu posso fazer o quê? Mas eu quero continuar até o fim, vou até o fim.

É o que o Churchill falou e eu vou repetir aqui: os fracassos nem sempre são fatais, as desistências. Eu desisti de campanhas ganha e paguei muito caro por isso. (...) Pelas pessoas não entenderem que eu estava desistindo por falta de apoio dentro dos partidos, por falta de apoio até de líderes desses partidos que na realidade me prometeram várias coisas e não estavam cumprindo.

Não tem por que eu deixar essa eleição, porque o partido até agora foi excepcional comigo (...) e eu só deixo essas eleições em último caso se o partido quiser. Se o partido continuar me bancando como está me bancando, eu vou até o fim. Se para o partido é interessante que eu fique na campanha, eu fico na campanha. Acho que ainda dá para reverter o resultado.

A pesquisa te motiva quando te coloca em primeiro lugar, sou um ser humano. E te desmotiva quando te coloca em 5º lugar. Mas você tem que ganhar forças e continuar, ir para frente.

Enquanto [o partido] continuar me apoiando, claro que eu vou até o fim. Não sou covarde. É melhor uma derrota com honra do que uma vitória sem ela.

Não votaria em ninguém [num 2º turno de Marçal e Nunes]. Um é ruim, outro é perigoso. O ruim é o Ricardo, ele já provou pela extensa lista de serviços não prestados à população. O perigoso é o Marçal, que a gente não sabe de onde vem as doações dele.

Não queria quebrar a cara de ninguém. Tenho 67 anos de idade. Primeiro que eu tenho que ser respeitado como um idoso e ele [Marçal] é um moleque. Segundo que com 67 anos eu não quero mais bater em ninguém, não tenho nem condição física para isso.

Sabatinas UOL/Folha

O UOL e o jornal Folha de S.Paulo promovem sabatinas com todos os candidatos à Prefeitura de São Paulo para discutir temas que preocupam os eleitores da cidade. Já foram entrevistados Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB), Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Altino Prazeres (PSTU), Ricardo Senese (UP) e João Pimenta (PCO).

Veja a programação:

  • Bebeto Haddad (DC): segunda-feira (16), às 9h;
  • Marina Helena (Novo): quarta-feira (18), às 9h.

* Participam desta cobertura: Caíque Alencar, Manuela Rached e Wanderley Preite Sobrinho, do UOL, em São Paulo, e Caio Santana, colaboração para o UOL.

Notícias