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Aumenta tensão entre Ocidente e Rússia sobre mísseis de longo alcance para a Ucrânia

13/09/2024 10h30

A tensão disparou, nesta sexta-feira (13), entre Moscou e os aliados ocidentais da Ucrânia sobre se deve ser dada luz verde a Kiev para usar mísseis de longo alcance contra a Rússia, um tema sobre o qual conversaram o presidente americano, Joe Biden, e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, na Casa Branca.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, acusou seus aliados, nesta sexta, de terem "medo" de conceber a possibilidade de derrubar eles mesmos drones e mísseis russos na Ucrânia, em um momento em que seu país enfrenta um aumento dos ataques aéreos.

Zelensky também anunciou que se reunirá ainda este mês com o presidente americano para lhe apresentar "um plano para a vitória" da Ucrânia.

- Sem grandes anúncios -

"Os Estados Unidos se comprometem a permanecer ao seu lado para ajudar a Ucrânia a se defender da agressão russa", disse Biden ao receber Starmer na Casa Branca.

"Não penso muito em Putin", acrescentou, em resposta a uma pergunta sobre as ameaças do presidente russo de uma possível guerra entre a Rússia e a Otan.

Na quinta-feira, Putin afirmou que permitir que a Ucrânia ataque o território russo com mísseis de longo alcance ocidentais equivale a que "os países da Otan estão em guerra com a Rússia".

"Os próximos meses e semanas poderão ser decisivos" para a Ucrânia, advertiu Keir Starmer.

Antes do encontro, pedido pelos britânicos, Washington advertiu que não haveria grandes anúncios.

"Nossa posição sobre a entrega à Ucrânia de capacidades de ataque de longo alcance, que poderiam ser usadas dentro do território russo, não mudou e não esperaria nenhum anúncio importante sobre este tema ao final das discussões, desde já não da nossa parte", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby.

Zelensky pede a seus aliados que lhe permitam atacar alvos militares em solo russo considerados "legítimos", como as bases aéreas de onde decolam os aviões que bombardeiam a Ucrânia.

Até agora, o Ocidente, liderado pelos Estados Unidos, tem resistido porque teme que a Rússia considere esta autorização uma escalada.

Na terça-feira, Biden declarou que os Estados Unidos "trabalham" para autorizar o uso pela Ucrânia de mísseis de alcance maior contra a Rússia.

Atualmente, só permite a Kiev atacar alvos russos nas áreas ocupadas da Ucrânia e em algumas regiões fronteiriças russas diretamente vinculadas às operações de combate. 

Segundo a imprensa britânica, Biden está disposto a permitir que a Ucrânia use mísseis britânicos e franceses usando tecnologia americana, mas não os mísseis americanos propriamente ditos, temendo uma guerra nuclear.

O serviço de segurança russo (FSB) anunciou, nesta sexta-feira, que retirou as credenciais de seis diplomatas da embaixada britânica em Moscou por suspeita de espionagem.

O ministério das Relações Exteriores britânico reagiu, chamando as acusações de "totalmente infundadas".

Nesta sexta, o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, denunciou as atividades desestabilizadoras do veículo de comunicação russo RT, que considera ter se tornado um "braço de fato do aparato de inteligência da Rússia".

- Eleições -

A Ucrânia está há um ano na defensiva devido à escassez de efetivos e munições, em comparação com a Rússia.

À medida que se aproximam as eleições presidenciais americanas de 5 de novembro, Kiev teme uma vitória de Donald Trump.

Em um debate esta semana com sua adversária, a vice-presidente democrata Kamala Harris, o candidato republicano se negou a dizer se quer que a Ucrânia vença a guerra.

A visita de Keir Starmer a Washington, a segunda desde que assumiu o cargo, em julho, também ocorre em um momento de divergência entre os dois aliados sobre o Oriente Médio.

Na semana passada, Londres anunciou a suspensão de cerca de 30 licenças de exportação de armas para Israel, alegando que existe o "risco" de que possam ser usadas violando a legislação internacional humanitária em Gaza.

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© Agence France-Presse

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