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Premiê da Espanha recebe opositor venezuelano González Urrutia em momento de tensão

12.set.24 - Primeiro-ministro espanhol Pedro Sanchez se encontra com o candidato da oposição venezuelana Edmundo Gonzalez Urrutia no Palácio de La Moncloa em Madri - FERNANDO CALVO/AFP
12.set.24 - Primeiro-ministro espanhol Pedro Sanchez se encontra com o candidato da oposição venezuelana Edmundo Gonzalez Urrutia no Palácio de La Moncloa em Madri Imagem: FERNANDO CALVO/AFP

12/09/2024 07h47

O presidente do governo espanhol, o socialista Pedro Sánchez, recebeu nesta quinta-feira (12) o candidato opositor venezuelano Edmundo González Urrutia, que chegou a Madri para pedir asilo, em meio à tensão internacional pela reeleição de Nicolás Maduro, que levou ao anúncio de sanções pelos Estados Unidos.

Washington anunciou a imposição de medidas punitivas contra 16 funcionários venezuelanos, incluindo a presidente da Suprema Corte, por "fraude eleitoral", o que Caracas rejeitou "nos termos mais enérgicos".

González Urrutia chegou à capital espanhola no domingo, após um mês escondido e sendo procurado pela justiça. Ele reivindica sua vitória nas eleições de 28 de julho, nas quais Maduro foi proclamado reeleito para um terceiro mandato de seis anos (2025-2031).

Sánchez o recebeu no Palácio de La Moncloa, sede da Presidência em Madri, segundo um vídeo publicado em suas redes sociais, no qual ambos aparecem, junto com a filha do opositor venezuelano, caminhando pelos jardins.

"A Espanha continua trabalhando a favor da democracia, do diálogo e dos direitos fundamentais do povo irmão da Venezuela", escreveu o premiê de esquerda, cujo governo, em consonância com a posição da União Europeia, exige que as atas eleitorais venezuelanas sejam divulgadas, embora não reconheça a vitória do opositor.

- "Saiam todos!" -

O encontro desta quinta-feira ocorreu em meio a relações tensas entre Madri e Caracas, após o chefe do Parlamento venezuelano, Jorge Rodríguez, ter proposto na quarta-feira romper os vínculos diplomáticos, consulares e comerciais com o país europeu.

"Que saiam todos os representantes da delegação do governo do Reino da Espanha e todos os consulados e todos os cônsules, e que tiremos os nossos de lá!", clamou Rodríguez, que pediu à Comissão de Política Externa do Legislativo a aprovação de uma resolução, que depois deverá ser ratificada no plenário da Câmara.

Rodríguez reagiu assim a uma proposta aprovada na quarta-feira pelo Congresso espanhol, a pedido da oposição de direita, para solicitar ao governo de Sánchez que reconheça a vitória de González Urrutia na eleição de 28 de julho.

A proposta não é vinculante e não obriga o Executivo espanhol a seguir a medida. 

González Urrutia agradeceu a votação no Congresso e "todas as forças políticas espanholas que lutam ativamente" por seu reconhecimento. 

O governo da Espanha calcula que quase 280 mil venezuelanos vivam no país, incluindo vários líderes da oposição. O número não inclui aqueles que adquiriram a nacionalidade espanhola.

Diante da possibilidade de ruptura das relações, a porta-voz do governo espanhol, Pilar Alegría, afirmou nesta quinta-feira à imprensa que o país tem "interesse em trabalhar para manter as melhores relações com o povo venezuelano".

O analista venezuelano Mariano de Alba, assessor em relações internacionais e diplomacia, explicou à AFP que se a ruptura se concretizasse, "confirmaria que o governo Maduro está disposto a se isolar do Ocidente para permanecer no poder".

- Sanções dos EUA por "fraude eleitoral" -

Entre os 16 funcionários sancionados por Washington estão líderes da autoridade eleitoral, a presidente da Suprema Corte, Caryslia Rodríguez, membros da "assembleia nacional afiliada a Maduro", militares e membros dos serviços de inteligência. 

Estes funcionários "impediram um processo eleitoral transparente e a publicação de resultados eleitorais precisos", afirma o governo dos Estados Unidos, que exige detalhes das atas de 28 de julho. 

O governo venezuelano condenou a medida, classificando-a como um "ato grosseiro que busca agradar a uma classe política que recorreu a práticas fascistas e violentas para derrubar, sem sucesso, a democracia bolivariana". 

Cerca de 50 países, incluindo os Estados Unidos e membros da UE, solicitaram nesta quinta-feira, nas Nações Unidas, que as autoridades eleitorais venezuelanas divulguem "imediatamente" o resultado detalhado das eleições e permitam sua "verificação imparcial".

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© Agence France-Presse

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