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Manifestantes denunciam condições de detenção de presos políticos na Venezuela e pedem intervenção de Lula

12/09/2024 09h31

Familiares de presos políticos entregaram a um representante do Itamaraty em Caracas uma carta pedindo que o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva interceda junto ao governo de Nicolás Maduro para liberar cerca de 2.400 pessoas detidas durante protestos na Venezuela. O grupo, formado por dezenas de pessoas, marchou nesta quarta-feira (11) até a Embaixada do Brasil na capital venezuelana em uma manifestação pacífica batizada de "Lula interceda pela Venezuela".

Elianah Jorge, correspondente da RFI em Caracas

 

O ato foi convocado pela oposição e por ONGs locais. O grupo pede que o presidente brasileiro interceda na libertação das mais de 2.000 pessoas detidas durante manifestações contra a reeleição de Nicolás Maduro no dia 28 de julho, quando o resultado foi anunciado em meio a denúncias de fraude por parte da oposição, que reivindica a vitória de Edmundo González Urrutia. Este foi o primeiro protesto na Venezuela desde que o opositor deixou o país, se exilando na Espanha, no domingo passado (8).

Assinada pelo Comitê de Famílias e Amigos pela Liberdade dos Presos Políticos, a carta de três páginas destaca o suposto tratamento humilhante dado aos presos políticos no país. O que consistiria em práticas de terrorismo de Estado, de acordo com denúncia feita em 15 de agosto pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Segundo o relatório, as condições precárias nas cadeias violam as Regras Mínimas das Nações Unidas para o tratamento de Presos, conhecidas como Regras Mandela.

De acordo com a Presidência venezuelana, 2.200 pessoas foram presas durante os protestos contra a reeleição de Maduro, entre eles cerca de 200 mulheres. Alguns detidos afirmam que estavam apenas passando nos arredores das manifestações quando foram levados à força por membros da segurança Estatal.

O documento entregue na Embaixada destaca que a maioria dos presos durante os protestos contra o resultado anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral são pessoas de baixa renda, provenientes de comunidades carentes.  

O documento também denuncia a pressão exercida sobre sedes diplomáticas na Venezuela. Na noite de sexta-feira (06) a Embaixada da Argentina em Caracas foi cercada por contingentes de forças de segurança bolivarianas. O fornecimento de energia elétrica do prédio foi cortado até a tarde do domingo. No local estão refugiados desde março deste ano seis membros da equipe da líder opositora Maria Corina Machado. Eles são acusados de crimes que afirmam não terem cometido, e podem ser presos caso saiam da sede diplomática.    

Maria Corina Machado, que afirma estar na Venezuela de forma clandestina, divulgou pelas redes sociais que "em Caracas e em diversas cidades do mundo, familiares de presos políticos, ONGs e sociedade civil pedem ao governo do Brasil que interceda pela Venezuela e em prol de cada pessoa sequestrada nas mãos do regime".

Em entrevista à imprensa brasileira, Lula garantiu que os venezuelanos que chegarem ao Brasil serão tratados com respeito. "Não queremos que essas pessoas venham para cá e passem mais necessidade do que estão passando na Venezuela. Eu espero que a Venezuela volte à normalidade", destacou o presidente do Brasil.

Dados da Polícia Federal informam que em agosto deste ano cerca de 12.325 venezuelanos entraram no Brasil por Pacaraima, a primeira cidade brasileira após a fronteira com a Venezuela. Conforme a Organização Internacional para as Migrações (OIM) houve um aumento de 25% no número de emigrantes venezuelanos, em comparação com dados de julho passado.

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