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Justiça Eleitoral libera marido de deputada flagrado com dinheiro na cueca

Empresário Renildo Lima foi preso pela PF com dinheiro escondido na cueca em Boa Vista (RR) - Reprodução/Instagram/Política Macuxi
Empresário Renildo Lima foi preso pela PF com dinheiro escondido na cueca em Boa Vista (RR) Imagem: Reprodução/Instagram/Política Macuxi
do UOL

Manuela Rached Pereira

Do UOL, em São Paulo

12/09/2024 16h23Atualizada em 12/09/2024 16h24

A Justiça Eleitoral concedeu, na última terça-feira (10), liberdade ao empresário Renildo Lima. Ele é marido da deputada federal Helena da Asatur (MDB), que havia sido preso pela Polícia Federal em Boa Vista (RR), flagrado com R$ 500 mil em espécie — parte do valor escondido na cueca.

O que aconteceu

Empresário foi detido na segunda-feira (9) durante operação da PF que resultou na prisão de outras cinco pessoas. Além de Renildo Lima, foram presos uma advogada, dois policiais militares e outros dois suspeitos, acusados pela prática de crimes eleitorais e associação criminosa armada. Todos foram soltos no dia seguinte, por determinação da Justiça Eleitoral durante audiência de custódia.

Suspeita é que montante apreendido com o grupo seria usado para compra de votos. Segundo a PF, após receber informações enviadas pelo Disque Denúncia, a equipe policial abordou dois veículos que circulavam em Boa Vista e, durante a busca, foram encontrados R$ 500 mil, material de campanha e "documentos que confirmavam o destino do dinheiro apreendido".

Momento da prisão de empresário com dinheiro na cueca foi registrado em foto. A imagem, na qual Lima aparece com notas guardadas na região da cintura, foi divulgada pela imprensa e teve sua autenticidade confirmada pelo UOL.

Uma das empresas de Lima tem contrato com o Ministério da Saúde. O empresário é dono da Asatur, de transporte intermunicipal, e da Voare, companhia de táxi aéreo que presta serviços à pasta federal com voos para atendimento médico à Terra Indígena Yanomami. Em nota, o Ministério da Saúde informou que "a participação da referida empresa na licitação foi realizada dentro das normas legais e procedimentais estabelecidas".

Deputada federal e esposa do empresário se manifestou por meio das redes sociais após prisão. Na quarta-feira (11), Helena da Ansur divulgou: "Acreditar que movimentar o próprio dinheiro é sinônimo de compra de votos é pura ignorância. Agora, devemos fechar as empresas em período eleitoral? Só o que faltava". Procurada, a assessoria da parlamentar não retornou aos questionamentos da reportagem, que também tentou contato com Renildo Lima por meio da Asatur, mas não teve retorno. O espaço segue aberto para a manifestação de ambos.

Grupo foi ouvido pela Justiça Eleitoral durante audiência de custódia na última terça-feira. Na ocasião, o promotor de Justiça Eleitoral, acompanhando entendimento da PF, solicitou que fossem decretadas a prisão preventivas dos acusados, "em virtude da grande quantia em dinheiro em espécie apreendida, diversas trocas de mensagens e materiais com anotações e relacionados à campanha eleitoral de candidatos de Boa Vista e do interior do Estado", diz a nota do MPRR (Ministério Público do Estado de Roraima).

Ministério Público Eleitoral também propôs medidas cautelares e fiança. Na audiência, o promotor ressaltou que, caso o juiz decidisse pela soltura do grupo, "que fossem ao menos impostas medidas cautelares e fiança para todos os envolvidos", no valor de R$ 60 mil para o empresário e de R$ 10 mil a R$ 15 mil para os demais acusados, ainda segundo o MPRR.

Policiais presos estavam de folga e realizavam "segurança particular dos envolvidos e dos bens", de acordo com a PF. A reportagem tentou contato com a PM de Roraima para pedir esclarecimentos, mas não teve retorno. O espaço segue aberto para manifestações.

Justiça Eleitoral negou pedidos da acusação e concedeu liberdade aos acusados. A decisão judicial impôs o recolhimento noturno do empresário e pagamento de fiança no valor de R$ 5 mil apenas para a advogada, segundo o MP de Roraima. O órgão informou ainda que "aguardará a conclusão das investigações, uma vez que foram apreendidos celulares e outros documentos que serão analisados e periciados pela Autoridade Policial".

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