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EUA sanciona 16 funcionários de Maduro por 'fraude eleitoral' na Venezuela

12/09/2024 13h31

Os Estados Unidos sancionaram, nesta quinta-feira (12), 16 funcionários venezuelanos, incluindo a presidente da Suprema Corte, por "fraude eleitoral" e por repressão à oposição, "em uma tentativa ilegítima de se manter no poder pela força".

O governo do presidente Joe Biden intervém em resposta à "fraude eleitoral", para que o presidente Nicolás Maduro e seus representantes sejam responsabilizados por "obstruir" as eleições presidenciais e "abusar dos direitos humanos", informou o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken.

"Em vez de respeitar a vontade do povo (...) eles se atribuíram falsamente a vitória enquanto reprimiam e intimidavam a oposição democrática em uma tentativa ilegítima de se manter no poder pela força", afirma o comunicado.

Os Estados Unidos informaram que já sancionaram mais de 140 pessoas e mais de cem entidades.

Entre os sancionados estão líderes da autoridade eleitoral, da Suprema Corte e "da Assembleia Nacional afiliada a Maduro", além de militares e membros dos serviços de inteligência.

Destacam-se Caryslia Beatriz Rodríguez Rodríguez, presidente do Tribunal Supremo de Justiça; Rosalba Gil Pacheco, reitora do Conselho Nacional Eleitoral; Domingo Antonio Hernández Lárez, o número três das Forças Armadas e responsável pelas operações militares; e Pedro José Infante Aparicio, primeiro vice-presidente da Assembleia Nacional.

Os 16 funcionários "impediram um processo eleitoral transparente e a divulgação de resultados eleitorais precisos", afirma o governo de Biden, que desde 28 de julho solicita a divulgação das atas detalhadas.

"A Venezuela rejeita, nos termos mais enérgicos, o novo crime de agressão cometido pelo governo dos Estados Unidos da América contra a Venezuela, ao impor medidas coercitivas unilaterais", manifestou-se o Ministério das Relações Exteriores venezuelano em um comunicado. 

As medidas foram anunciadas "em um ato grosseiro, que busca se congraçar com uma classe política que lançou mão de práticas fascistas e violentas para derrubar, sem sucesso, a democracia Bolivariana", acrescentou o texto.

As sanções incluem o congelamento dos ativos que os sancionados possuam direta ou indiretamente nos Estados Unidos, bem como a proibição de qualquer pessoa ou empresa americana fazer negócios com eles.

Paralelamente, o Departamento de Estado "toma medidas para impor novas restrições de visto".

Washington afirma que as "táticas de intimidação" do governo venezuelano, incluindo a emissão de uma ordem de prisão contra o candidato presidencial "vitorioso", Edmundo González Urrutia, forçaram-no a deixar a Venezuela e buscar asilo na Espanha.

González Urrutia atuou em nome da líder opositora María Corina Machado, após as autoridades a inabilitarem politicamente, impedindo-a de participar das eleições. Machado permanece na Venezuela e afirma que a oposição ganhou as eleições por uma ampla margem.

- Setor petrolífero -

A proclamação da vitória de Maduro para um terceiro mandato de seis anos desencadeou protestos que resultaram em 27 mortes, cerca de 200 feridos e mais de 2.400 detidos, os quais o líder chavista chama de "terroristas".

Os Estados Unidos já impuseram no passado várias sanções a funcionários venezuelanos, incluindo ao próprio Maduro, acusado de narcotráfico por Washington.

Washington restabeleceu em abril algumas sanções ao setor de petróleo e gás, após suspender as medidas por vários meses como recompensa a Maduro por estabelecer as bases para as eleições.

Washington, no entanto, concede licenças individuais para operar na Venezuela a várias petroleiras, como a americana Chevron e a espanhola Repsol.

Algumas vozes pedem sanções mais drásticas contra o setor petrolífero.

O presidente da Comissão Judiciária do Senado americano, o democrata Dick Durbin, apresentou nesta semana um projeto de lei para acabar com a "fortaleza financeira de Maduro".

"O regime de Maduro utiliza atualmente as receitas petrolíferas, que dependem da participação dos Estados Unidos, para manter seu estado policial", afirma Durbin.

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© Agence France-Presse

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