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Por que montadoras recuaram e mudaram planos após empolgação com elétricos

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do UOL

Wandick Donett

Colaboração para o UOL

11/09/2024 09h51

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A eletrificação do mercado automotivo parecia ser um caminho sem volta, mas a realidade do mercado e as complexidades técnicas têm levado algumas montadoras a repensar suas estratégias.

Nos últimos anos, observou-se um impulso significativo em direção aos veículos elétricos, com governos e fabricantes promovendo o que seria o futuro da mobilidade. No entanto, há mudança de curso, com várias marcas recalculando rota e recalibrando suas estratégias de eletrificação total em favor de uma abordagem mais híbrida.

A demanda por veículos elétricos começou a mostrar sinais de desaceleração este ano, levando a uma revisão dos planos por parte de gigantes do setor.

Já há cerca de 181 mil carros eletrificados rodando no Brasil. Mas as vendas de carros elétricos, embora em crescimento, não atingiram as projeções mais otimistas de muitos fabricantes. Problemas como a infraestrutura de carregamento insuficiente, a autonomia limitada das baterias e o alto custo inicial dos veículos contribuíram para uma adoção mais lenta do que o previsto.

A Volvo, uma das pioneiras na adoção dos elétricos, recentemente engatou a ré em seus planos. A marca sueca, que havia estabelecido a meta de ter apenas carros elétricos até 2030, agora parece focar em uma transição mais gradual, incluindo veículos híbridos em seu portfólio como o XC60 e o XC90.

Empresas como Chevrolet, Jaguar Land Rover, Ford, BMW e Mercedes-Benz, que anteriormente anunciaram metas ambiciosas para a eletrificação de suas linhas de produtos, agora estão adotando uma postura mais cautelosa.

Na Audi, a ponte para a eletrificação pura será mais longa do que previsto, com a marca mantendo o foco em modelos híbridos até 2050. A Mercedes-Benz cancelou as futuras gerações do EQS e do EQE, postergando a eletrificação completa para depois de 2030. A Porsche alemã, conhecida pelo sucesso do Taycan elétrico, decidiu manter uma linha de veículos a combustão, reconhecendo a demanda do mercado por uma opção mais flexível.

Na Volkswagen, a gigante alemã continua a desenvolver elétricos puros, mas também investirá em híbridos plug-in como tecnologia flex nos próximos anos. A Chevrolet e as marcas do grupo Stellantis (Fiat, Jeep, Peugeot, Citroen, RAM) estão adaptando sua linha de produtos para incluir mais opções híbridas, em resposta à demanda do mercado e às considerações de infraestrutura.

Entre as japonesas, a Toyota, pioneira dos híbridos, com o Prius, continua com Toyota Corolla Altis, Corolla Cross e Rav 4. Ainda estuda lançar um carro de menor valor, com motor híbrido flex.

A Honda já tem o Civic e reafirmou seu compromisso com os híbridos, integrando-os como parte essencial de sua visão futura. A Nissan, que já tem presença no mercado de elétricos com o Leaf, também estuda diversificar com híbridos para atender a uma gama maior dos clientes.

Thiago Sugahara, vice-presidente da ABVE (Associação Brasileira dos Veículos Elétricos) não concorda que possa ser um fracasso o que está ocorrendo com os carros elétricos.

"Os números não demonstram isso, mostram um crescimento acelerado da eletrificação. A eletrificação da frota automotiva continua sendo uma prioridade, mas agora segue um caminho mais flexível e adaptável às realidades do mercado global e local", opinou.

Segundo ele, no Brasil, apesar de acompanhar o cenário do que ocorre na Europa e em parte dos Estados Unidos, é ainda mais particular. "O país tem que cumprir as metas de descarbornização do Proconve e está apostando nos carros híbridos flex como uma estratégia de descarbonização na área de mobilidade, atrelado ao desconto de 3% de incentivo do programa".

Atualmente, a parcela de carros eletrificados já chega a 7%. Espera-se que até 2030 os híbridos representem uma fatia mais significativa do mercado, enquanto os elétricos puros contribuirão com uma parcela menor.

Cassio Pagliarini, da Bright Consulting, acredita que a eletrificação se dá mais por um movimento eclético e menos elétrico. Para o especialista, os veículos passarão a ter a contribuição de motores elétricos, mas necessariamente não vão ser majoritariamente elétricos.

"Aqui no Brasil com os biocombustíveis, temos um potencial enorme com os veículos híbridos, que são mais eficientes porque a equação de emissão de carbono fica compensada. Nos países que saíram apressadamente na direção do veículo apenas elétrico forçaram a adoção de modelos muito mais caros e que sofrem com problemas de autonomia e pontos de carregamento. O Brasil está em uma posição privilegiada, caminhando para o veículo hibrido, que dá para neutralizar melhor as emissões de carbono", afirmou.

Segundo Marcio Perez, também consultor automotivo, a mudança para os carros híbridos não significa o fim dos veículos elétricos, mas sim uma adaptação às condições atuais do mercado e às necessidades dos consumidores.

"Enquanto os veículos elétricos ainda enfrentam desafios em termos de custo e infraestrutura, os híbridos emergem como uma solução intermediária viável, oferecendo benefícios ambientais sem comprometer a praticidade. As montadoras estão, portanto, recalibrando suas estratégias para atender a uma demanda diversificada, mantendo-se alinhadas com as metas de sustentabilidade a longo prazo", disse o especialista.

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