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Consumidor poderá escolher de quem comprar energia até 2030, diz CEO da N5X

do UOL

Claudia Varella

Colaboração para o UOL, em São Paulo

10/09/2024 12h00

Cada vez mais os consumidores vão poder escolher de quem comprar energia elétrica, e isso deve se tornar norma até 2030. É o que diz Adriana Barbosa, 38, CEO da N5X e convidada do "UOL Líderes", videocast do UOL Economia que entrevista líderes do mundo empresarial.

Esse movimento é similar ao que aconteceu com o início da abertura do mercado de telecomunicações, na década de 1990, segundo Adriana. "Hoje, a gente pode escolher quem vai ser a nossa operadora, a nossa telefonia celular e rede em casa, por exemplo", diz.

A nossa expectativa é de que o Brasil rume para uma liberalização, a exemplo do que aconteceu em outros países, até 2030.
Adriana Barbosa, CEO da N5X

A N5X, que começou a operar em junho deste ano, é a Bolsa de energia brasileira. É um sistema semelhante ao da Bolsa de Valores do mercado financeiro. Nasceu de uma parceria entre a B3 (a Bolsa de Valores brasileira) e o grupo EEX, que engloba a Bolsa de Energia Europeia, com sede na Alemanha. A operação é destinada a empresas fornecedoras e consumidoras participantes do mercado livre de energia.

Jornada regulatória

Na entrevista, Adriana diz que o desenrolar regulatório é uma jornada. Até 2023, o país tinha 37 mil consumidores que operavam no mercado livre de energia, ou seja, podiam escolher de quem comprar - são grandes empresas que consomem muita energia. "Vão ter novas etapas, novos marcos, a exemplo do marco do 1º de janeiro de 2024, que colocou mais milhares de unidades consumidoras negociando no mercado livre de energia", afirma.

Mercado livre de energia

Quem atua no mercado livre de energia? Adriana diz que são três figuras: as grandes geradoras de energia, as comercializadoras e os consumidores. "Quando a gente olha para o mercado livre de energia, você tem ali as grandes geradoras de energia, quem efetivamente gera energia, seja em uma hidrelétrica, em uma solar ou em uma eólica, e tem os consumidores de energia. Além dessas duas figuras, que eu diria que são a oferta e a demanda, você também tem o papel da comercializadora", diz.

A comercializadora pode comprar de uma geradora e vender para um consumidor, ou ela pode comprar de uma comercializadora e vender para outra comercializadora.
Adriana Barbosa, CEO da N5X

Uso de inteligência artificial

Junto com a abertura do mercado, há um esforço das comercializadoras para conseguirem atender o usuário final. "Se antes o consumidor de energia não tinha escolha, então, não era tão relevante ter uma experiência do usuário legal. Isso vai começar a mudar agora", diz.

As empresas estão se estruturando para conseguir atender esse usuário final, a exemplo do que passaram outros segmentos. E inteligência artificial claramente consegue facilitar esse processo, não só do ponto de vista de trazer uma experiência melhor, mas também trazer uma experiência assertiva.
Adriana Barbosa, CEO da N5X

Grandes consumidores querem acompanhar seu gasto de energia. Adriana diz que há muitas discussões acontecendo sobre a questão de mensuração das unidades consumidoras. "E como isso pode ser feito de uma maneira mais eficiente em tempo real, de o usuário conseguir ter informação ali em tempo real do consumo dele, não só uma vez por mês", diz.

Enfim, tem uma série de discussões que podem ser endereçadas hoje com mais tecnologia, mais dados, mais capacidade de processamento.
Adriana Barbosa, CEO da N5X

A CEO da N5X diz que isso já existe em outros mercados. Segundo ela, nos Estados Unidos, existem plataformas em que o consumidor consegue inserir a sua unidade consumidora e ver, para a sua região, qual é a melhor oferta. "É arrumar um modelo de colocar o usuário no centro como decisor da melhor escolha para ele", declara.

Mercado de atacado maduro

O mercado de energia no Brasil é um mercado bilateral. "São negociações entre uma geradora e uma comercializadora, uma comercializadora e um consumidor final. E a gente trouxe, então, na nossa plataforma, mais segurança jurídica e mais digitalização para formalizar essas negociações", afirmou Adriana. A meta é construir um mercado de atacado maduro para negociar energia, assim como outros países que passaram por um processo de liberalização do mercado de energia, declara.

Veja a entrevista completa

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