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Verão no hemisfério norte foi o mais quente já medido no planeta, alerta relatório do Copernicus

06/09/2024 09h58

As temperaturas médias mundiais durante junho, julho e agosto (os três meses do verão no hemisfério norte) foram as mais elevadas desde o início dos registros, superando o recorde de 2023. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (6) pelo observatório europeu Copernicus.

"Nos últimos três meses, o planeta registrou os meses de junho e agosto mais quentes, o dia mais quente e o verão mais quente do hemisfério norte", afirmou Samantha Burgess, vice-diretora do Copernicus.

"Esta série de recordes aumenta a probabilidade de 2024 ser o ano mais quente já registrado", acrescentou. Isso seria a consequência de uma concentração maior de gases do efeito estufa na atmosfera, devido à atividade humana.

Vários países, como Espanha, Japão, Austrália (que está no inverno, no hemisfério sul) e algumas províncias da China anunciaram esta semana que registraram níveis históricos de calor para agosto.

"Os fenômenos extremos observados neste verão devem se intensificar, com consequências devastadoras para a população e o planeta, a menos que adotemos medidas urgentes para reduzir os gases do efeito estufa", insistiu Burgess.

Poluição atmosférica

A humanidade despejou quase 57,4 bilhões de toneladas de equivalente CO2 em 2022, segundo a ONU, e ainda não começou a reduzir as suas emissões de carbono - com efeitos visíveis em todos os continentes.

Em junho, pelo menos 1.300 pessoas morreram em uma onda de calor durante a peregrinação anual dos muçulmanos à cidade de Meca. A Índia, com temperaturas que superam com frequência os 45°C,  sofreu uma desaceleração econômica devido às chuvas e enchentes violentas.

Na região oeste dos Estados Unidos, várias pessoas morreram em incêndios depois de uma série de ondas de calor. No Marrocos, no final de julho, o calor deixou 21 mortos em 24 horas no centro do país, que está a caminho do sexto ano consecutivo de seca.

Um estudo publicado em agosto calcula que as temperaturas elevadas provocaram as mortes de entre 30.000 e 65.000 pessoas na Europa em 2023.

Limite do Acordo de Paris superado

Este ano, o mês de agosto igualou o recorde de 2023. Nas duas ocasiões, a temperatura média foi 1,51ºC maior que a média da era pré-industrial (1850-1900) e superou o limite estabelecido no Acordo de Paris sobre o clima em 2015 (1,5ºC).

O limite foi ultrapassado em 13 dos últimos 14 meses, segundo os dados do Copernicus, que divergem um pouco dos institutos americano, japonês e britânico. Nos últimos 12 meses, a temperatura média foi 1,64ºC mais quente que na era pré-industrial, segundo o Copernicus.

Os registros do observatório europeu começaram em 1940. Mas estas temperaturas não eram observadas há pelo menos 120 mil anos, segundo os dados da paleoclimatologia, obtidos principalmente a partir de amostras de gelo e de sedimentos.

Os recordes de calor no planeta são resultado de um superaquecimento inédito dos oceanos, que absorveram 90% do excesso de calor provocado pela atividade humana.

Na superfície dos mares e oceanos, que constituem 70% do globo, a temperatura média permanece em níveis fora do comum desde maio de 2023, o que também facilitou a formação de ciclones.

Com informações da AFP

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