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Novo primeiro-ministro francês começa negociações para formação de governo com desafio de permanecer no cargo

06/09/2024 09h55

O novo primeiro-ministro francês, Michel Barnier, iniciou as negociações para a formação de um novo governo nesta sexta-feira (6). Para a imprensa francesa, o maior desafio do chefe de governo será se manter no poder. Os jornais também analisam a influência da extrema direita na escolha do novo premiê.

O novo primeiro-ministro tomou posse na quinta-feira (5) prometendo mudanças, mas antes terá que reunir apoio suficiente dos deputados para enfrentar uma "Assembleia em guerra", destaca o jornal Le Parisien.

Segundo o diário, a saída de Gabriel Attal, o mais jovem chefe de governo da história, e a chegada de Michel Barnier, o mais velho, marca o fim da novela da escolha do premiê, que durou quase dois meses.

Mas a mudança também mostra que o presidente francês, Emmanuel Macron, perdeu a aposta da renovação do governo em seu segundo mandato.

Para o cientista político François Perrineau, entrevistado pelo jornal Le Parisien, a escolha de Barnier, do partido Republicanos, evidencia a guinada à direita de Macron, que começou sua carreira política no Partido Socialista.

Influência da extrema direita

Já o jornal de esquerda Libération analisa o peso da extrema direita na escolha do primeiro-ministro e destaca que Macron admitiu sua impotência, se submetendo ao Reunião Nacional, o partido com mais deputados na Assembleia Nacional.

A escolha de um ministro de direita também ocorre dois meses após a vitória da coalizão de partidos de esquerda, a Nova Frente Popular, nas eleições legislativas.

De acordo com o Libération, Barnier deve sua nomeação a Le Pen. Consultada por Macron, a extrema direita disse que esperaria seu primeiro discurso antes de decidir se votaria por sua destituição.

O jornal de direita Le Figaro lembra que a extrema direita impôs várias condições para aceitá-lo no cargo. "Ficaremos atentos ao projeto que ele defenderá", disse Marine Le Pen no X.

Em entrevistas à TV francesa, a líder de extrema direita afirmou também não ser a "diretora de recursos homanos de Emmanuel Macron", mas assume ter tido uma influência importante na escolha do chefe de governo.

Ela afirma, no entanto, que seu partido, o Reunião Nacional, não participará do governo de Barnier, que deve enfrentar uma moção de censura imediata da esquerda.

Para o Le Monde, a escolha representa o fim de uma nova política e a volta dos velhos partidos, por muito tempo menosprezados por Macron. O mais velho primeiro-ministro que a França já teve terá como principal missão agora permanecer no cargo.

A extrema direita tem 142 cadeiras na Assembleia Nacional e a aliança de esquerda Nova Frente Popular, 193 cadeiras. Como a esquerda já anunciou que vai censurar Barnier, a posição do Reunião Nacional passa a ser essencial para a sobrevivência do futuro governo.

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