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Bilionário Barsi tem 2 novas ações queridinhas: são boas para dividendos?

Luiz Barsi, investidor, rei dos dividendos - Forbes
Luiz Barsi, investidor, rei dos dividendos Imagem: Forbes
do UOL

Colunista do UOL

06/09/2024 05h30

Duas novas ações estão integrando a lista de compras do megainvestidor Luiz Barsi Filho. Ele é conhecido por ter construído um patrimônio de aproximadamente R$ 4 bilhões investindo em ações que pagam dividendos. Em 2022, já chegou a receber R$ 1 milhão de proventos por dia da sua carteira previdenciária, segundo ele mesmo.

Em vídeo recente publicado pelo Ações Garantem o Futuro (AGF), Barsi revela as companhias que estaria comprando e quais foram as suas decepções na Bolsa de valores.

Entre as novas aquisições estariam o banco Banrisul (BRSR6) e a CSN Mineração (CMIN3), papéis que o bilionário vem comprando há alguns meses. Ele deve direcionar para essas empresas os recursos vindos do fechamento de capital da Cielo (CIEL3) e da AES Brasil (AESB3), que passa por incorporação. Além destas ações, seguem no radar de compras a Caixa Seguridade (CSXE3) e a elétrica Auren (AURE3), nas quais ele já vinha investindo de forma consistente há algum tempo. Ele também estaria recomprando Isa Cteep (TRPL4), ação na qual possui posição, mas tinha vendido alguns papéis para usufruir de movimentos de mercado.

Mas imitar cegamente a carteira de um bilionário não é um bom negócio. O investidor precisa entender os fundamentos por trás das empresas e entender se estas companhias se adaptam ao seu momento de investimento. A coluna entrou em contato com alguns analistas e traz a visão deles sobre estes ativos.

Banrisul é previsível

Barsi destaca que, com a saída da Cielo da Bolsa, ele precisava substituir por um papel que também faça pagamentos trimestrais. Por isso, elegeu o Banrisul. O banco regional tem regularidade de distribuições de proventos, estrutura societária enxuta e adequada e a necessidade constante de abastecer os cofres do seu controlador com proventos.

Isso porque o estado do RS é o maior acionista e beneficiário da política de distribuição do Banrisul. Segundo Barsi, o estado do Rio Grande do Sul detém mais de 98% das ações ordinárias do banco e 54,7% dos papéis preferenciais. Atualmente, o banco estabelece destinar 40% do seu lucro líquido anual em proventos para os investidores (payout).

"É uma entidade que você pode comprar confiantemente porque já tem mais de 90 anos de história e acredito que vai continuar proporcionando bons resultados. É por isso que estou comprando", afirmou o megainvestidor. Barsi lembra ainda que o Banrisul é um dos únicos cinco bancos regionais no Brasil.

O banco atua principalmente no mercado de varejo, com destaque para crédito consignado na carteira de pessoas físicas e capital de giro na carteira de pessoas jurídicas.

"Minha predileção recai sobre as ações preferenciais classe B (BRSR6), que pagam os mesmos proventos das demais e possuem liquidez capaz de suportar um investimento de longo prazo", afirmou Barsi em comunidade de investidores.

O que dizem analistas sobre o Banrisul

É um banco com desconto. O analista Milton Rabelo, da VG Research, acredita que o Banrisul possa servir para uma carteira de investidores iniciantes, dado que o banco está muito descontado, o que favorece um dividend yield (retorno em dividendos) generoso de 9% para os próximos 12 meses. "O banco tem os seus riscos, mas a avaliação convidativa proporciona uma boa margem de segurança ao investidor", diz. A recomendação do analista é de compra.

Pode pagar bons dividendos. Eurico Rodrigues, analista da Desmistificando Research, também recomenda a compra das ações BRSR6, com dividend yield projetado de 8% para os próximos 12 meses. "O payout do Banrisul é de apenas 40%, mas como o preço dele é descontado, o dividendo é bem razoável", afirma.

Entre os riscos de investir no Banrisul, está a competição no crédito consignado. Esse mercado ficou mais acirrado depois da entrada do Nubank, e pode diminuir as margens financeiras de outros bancos, diz Rabelo. Outro risco, segundo Rodrigues, seria o aumento da inadimplência em função do desastre ambiental do RS. Porém, para Rabelo, os efeitos da tragédia serão diluídos e contornáveis em função das medidas de alívio de crédito adotadas.

Um ponto de atenção pode ser a falta de dinamismo e fazer frente à forte competição digital que ocorre no mercando bancário, por se tratar de um banco controlado por ente público. Já Rodrigues destaca a possibilidade de mudar de governo e entrar algum que não esteja muito alinhado com a gestão do banco.

Já Bruno Oliveira, analista CNPI do Projeto Vida de Acionista, não gosta do Banrisul para uma carteira de iniciantes. Ele prefere instituições como o Banco do Brasil, que na visão dele remuneram melhor o acionista e possuem altíssima qualidade.

Banco gasta muito para se manter, diz Oliveira. Ele destaca que no último trimestre o Banrisul teve um índice de eficiência - indicador que mostra quanto dos recursos que entra no banco é utilizado para manter atividades, despesas administrativas e operacionais - superior a 50%, o que seria péssimo. Além disso, tem um retorno sobre o patrimônio menor que outros bancos. A recomendação do analista para o banco é venda.

CSN Mineração é melhor que Vale para Barsi

Já em relação a CSN Mineração (CMIN3), o interesse de Barsi surgiu pela vontade de se expor ao minério de ferro. O mercado também tem uma alta procura pelo papel da Vale (VALE3), outra mineradora que atua no mesmo segmento, mas Barsi acha a Vale muito cara em relação à CSN Mineração.

Segundo Barsi, com o preço de uma Vale é possível comprar pelo menos 12 CSN Mineração e garantir receber proventos de 12 ações ao invés de uma. "O pessoal ainda não entendeu que dividendo você ganha por quantidade possuída e não por valor aplicado", pontuou.

O que dizem analistas sobre CSN Mineração

Uma das principais vantagens é a dívida negativa da empresa. A companhia fechou o segundo trimestre com uma dívida líquida de - R$ 2,88 bilhões - tem mais dinheiro em caixa do que dívidas. Por isso, consegue continuar pagando bons dividendos nos próximos 12 meses. A expectativa é de um dividend yield consistente entre 8% e 10%, segundo Régis Chinchila, head de research da Terra Investimentos.

A dívida negativa também traz mais segurança para a remuneração do investidor, mesmo com projetos de investimento de mais de R$ 15 bilhões. A empresa vai investir no aumento de produção, qualidade e pureza do minério de ferro.

Pagamento do lucro (payout) é elevado, de cerca de 80%. Segundo Oliveira, do Projeto Vida de Acionista, isso é porque a empresa controladora CSN (CSNA3) gosta e precisa de dividendos. A companhia paga proventos pelo menos duas vezes ao ano, em maio e novembro.

Preço do minério de ferro contribui. Oliveira destaca que, com a comodity negociada entre US$ 90 e US$ 100 a tonelada, a companhia tende a apresentar bons resultados.

Entre as desvantagens, Chinchila cita uma possível queda e volatilidade nos preços do minério de ferro e do dólar. O analista também destaca que a CSN Mineração não é a principal empresa do setor, no qual a concorrente Vale lidera, o que pode limitar o seu desempenho e dividendos.

Mas mercado do minério de ferro é cíclico. Para Renato Reis, analista da Blue3 Research, o lado bom das empresas de commodities é que estas pagam dividendos elevados quando estão na alta do seu ciclo, contudo o oposto também é verdadeiro. Até podem fazer o investidor perder com a desvalorização das ações. Para Reis, o momento ideal de ter comprado as ações CMIN3 já passou e deveria ter sido feito quando o preço do minério estava em queda e as ações em baixa.

Para Oliveira a recomendação é de compra, com dividend yield projetado de 9% (equivalente a R$ 0,45 por ação) para os próximos 12 meses. Já para Chinchila a recomendação é neutra, com estimativa de dividendos entre 8% e 10% para os próximos 12 meses. Na visão dele, o preço justo para as ações é R$ 5,50. Reis, da Blue3 Research, também possui recomendação neutra para o papel CMIN3 e espera um dividend yield de até 6% nos próximos 12 meses.

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