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Autoridade do BC do Japão pede cautela com ciclo de altas de juros

05/09/2024 08h53

Por Leika Kihara

KANAZAWA, Japão (Reuters) - O Banco do Japão deve manter seu curso atual para elevar ainda mais os juros, mas com cuidado para garantir que a volatilidade dos mercados não prejudique gravemente as empresas, disse o membro da diretoria do banco Hajime Takata nesta quinta-feira, sinalizando cautela em aumentar os juros muito cedo.

Takata disse que o banco central japonês elevará os juros em vários estágios se a evolução da economia e dos preços estiver de acordo com as previsões, ecoando os comentários do presidente da instituição, Kazuo Ueda, no mês passado.

No entanto, ele disse que qualquer aumento de juros estará condicionado ao fato de a volatilidade dos mercados não desencorajar as empresas a aumentar os gastos e os salários.

"Obviamente, nossa postura é ajustar o grau de apoio monetário se nossas previsões econômicas e de preços forem alcançadas", disse Takata em uma coletiva de imprensa, reiterando o plano de longo prazo do Banco do Japão para elevar os juros.

"Mas essa postura não é isenta de condições. Se os acontecimentos do mercado surgirem como um risco para a economia, precisamos levar isso em consideração", disse ele, enfatizando a necessidade de avaliar em cada reunião de política monetária como os movimentos do mercado estão afetando a atividade empresarial.

Takata disse que o banco central não possui uma ideia predefinida em mente sobre a rapidez e o valor em que aumentará os juros, argumentando que deve gastar "bastante tempo" para avaliar a evolução econômica e do mercado.

"Os mercados acionário e cambial sofreram grande volatilidade no início de agosto e as consequências continuam. Como tal, precisamos examinar os desenvolvimentos do mercado e seu impacto por enquanto", disse Takata em um discurso para líderes empresariais na cidade de Kanazawa.

O crescente desconforto com as perspectivas econômicas dos Estados Unidos está fomentando a volatilidade dos mercados globais. As quedas de ativos em agosto levaram o vice-presidente do banco central, Shinichi Uchida, a dizer que a instituição não elevará os juros quando os mercados estiverem instáveis.

Em um passo histórico em direção ao fim de uma campanha maciça de afrouxamento monetário que durou uma década, o Banco do Japão abandonou os juros negativos em março e elevou sua taxa de curto prazo para 0,25% em julho, considerando que a economia está progredindo no sentido de atingir de forma duradoura sua meta de inflação de 2%.

O plano de aumentar os juros ocorre em um momento em que muitos outros bancos centrais estão começando a afrouxar a política monetária após um ciclo de aperto agressivo para lidar com a inflação alta.

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