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Garota palestina morta na Cisjordânia estava olhando pela janela, diz seu pai

04/09/2024 14h26

Por Ali Sawafta

JENIN, Cisjordânia (Reuters) - Uma jovem palestina de 16 anos que foi morta na cidade de Jenin, na Cisjordânia ocupada, nesta semana, foi alvejada por um atirador israelense quando olhava pela janela de sua casa, disse o pai da menina nesta quarta-feira.

O Exército israelense disse que investiga as informações sobre a morte de Lujain Osama Musleh na terça-feira, durante uma grande operação em diferentes áreas da Cisjordânia envolvendo centenas de soldados e veículos blindados.

Osama Musleh disse que as tropas haviam cercado a casa vizinha à sua quando sua filha foi baleada na testa depois de abrir a cortina para olhar para fora.

"Ela não foi para o telhado, não atirou uma pedra e não estava carregando uma arma", disse ele. "Ela tem 16 anos de idade. A única coisa que ela fez foi olhar pela janela e o soldado a viu e atirou nela. Uma bala atingiu sua testa."

Mais de 30 palestinos foram mortos e dezenas de prisões foram executadas durante a operação, iniciada há uma semana em diferentes áreas da Cisjordânia. A maioria foi considerada como membro de grupos palestinos armados como Hamas, Jihad Islâmica ou Fatah, mas alguns, como Lujain, eram civis não envolvidos.

As Forças Armadas de Israel disseram que lançaram a operação, a maior em meses na Cisjordânia, para impedir que grupos militantes apoiados pelo Irã preparassem ataques contra civis israelenses.

Na última semana, as tropas travaram tiroteios com combatentes palestinos, danificando casas e outros edifícios e destruindo grandes trechos de estradas no que dizem ser uma caçada a dispositivos explosivos improvisados.

ESCASSEZ DE ALIMENTOS E ÁGUA

O governador de Jenin, Kama Abu al-Rub, disse que as tropas israelenses fizeram 12 grandes incursões em Jenin desde o início da guerra de Gaza, há quase um ano.

"Esta é a mais severa, a mais dolorosa e opressiva", disse ele à Reuters.

Segundo ele, a operação, agora em seu oitavo dia, estava causando grandes dificuldades para a população da cidade e do campo de refugiados adjacente, uma área densamente povoada que abriga milhares de pessoas cujas famílias deixaram suas casas ou foram expulsas durante a guerra de 1948 no Oriente Médio.

Caminhões de ajuda organizados de forma privada, vindos de outras áreas da Cisjordânia, ajudaram a aliviar a escassez de alimentos, água e produtos como leite em pó para bebês, mas controles "arbitrários" estavam impedindo as entregas em muitas áreas.

"A situação das pessoas nas áreas sitiadas, em particular, é muito difícil", disse ele.

Cerca de 4.000 a 5.000 pessoas foram retiradas de suas casas na área de refugiados e na parte oriental da cidade de Jenin e estavam sendo colocadas em acomodações temporárias organizadas pela Autoridade Palestina, disse ele.

Em Tulkarm, outra cidade de grande conflito na Cisjordânia, o Exército disse que soldados mataram dois combatentes armados durante uma troca de tiros, encontrando um rifle automático M-16 ao lado dos homens. Além disso, soldados localizaram um dispositivo explosivo em um carrinho de bebê, além de um laboratório de explosivos.

Milhares de palestinos foram presos em ataques e mais de 680 -- combatentes e civis -- foram mortos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental desde o início do atual conflito em Gaza, há quase 11 meses, de acordo com dados do Ministério da Saúde palestino.

Ao mesmo tempo, dezenas de israelenses foram mortos em ataques de palestinos.

(Reportagem de James Mackenzie)

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