Topo
Notícias

EUA, UE e países latino-americanos rejeitam mandado de prisão contra opositor venezuelano

03/09/2024 15h30

Nesta terça-feira (3), os Estados Unidos, a União Europeia e nove países latino-americanos rejeitaram o mandado de prisão expedido contra Edmundo Gonzalez Urrutia, o candidato da oposição venezuelana que reivindicou a vitória nas últimas eleições presidenciais em que Nicolas Maduro foi declarado vencedor. O candidato da oposição "não considerou" pedir asilo, apesar do mandado de prisão emitido contra ele na Venezuela. O Brasil ainda não se pronunciou sobre o assunto.

A pedido do promotor público, um tribunal venezuelano com jurisdição sobre questões de terrorismo ordenou a prisão do diplomata de 75 anos como parte das investigações sobre "desobediência à lei", "conspiração", "usurpação de funções" e "sabotagem".

Urrutia não é visto em público desde 30 de julho, enquanto a líder da oposição Maria Corina Machado, que geralmente vive escondida, aparece em comícios da oposição.

Edmundo Gonzalez Urrutia não compareceu a três convocações judiciais para ouvir suas opiniões sobre o site da oposição que o mostra como vencedor. Ele justificou sua decisão nas redes sociais referindo-se à falta de "independência" do judiciário e a um promotor que era, segundo ele, um "acusador político".

Uma grande parte da comunidade internacional, liderada pelos Estados Unidos, não reconhece a reeleição de Maduro, e rejeitou o mandado de prisão emitido na segunda-feira (2).

Os Estados Unidos "se juntam a vários parceiros internacionais na condenação do mandado de prisão injustificado", disse um porta-voz da Casa Branca na terça-feira. "Esse é mais um exemplo de Maduro tentando manter o poder pela força e se recusando a reconhecer que Gonzalez ganhou a maioria dos votos", acrescentou John Kirby, falando em nome do Conselho de Segurança Nacional.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, também rejeitou "categoricamente" o mandado de prisão e pediu "às autoridades venezuelanas que respeitem sua liberdade, integridade e direitos humanos".

Na mesma linha, nove países latino-americanos - Argentina, Costa Rica, República Dominicana, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai - disseram que "rejeitam de forma inequívoca e absoluta o mandado de prisão", de acordo com uma declaração conjunta. O Brasil ainda não se pronunciou sobre o mandado contra Urrutia.

"Práticas ditatoriais"

Para esses nove países, o mandado de prisão é uma "nova tentativa de silenciar Gonzalez, de ignorar a vontade do povo venezuelano e de constituir uma perseguição política".

A Venezuela, que possui as maiores reservas de petróleo do mundo, já rompeu relações diplomáticas com vários desses países, que não reconheceram a reeleição de Maduro.

O presidente socialista, cuja vitória foi validada pela Suprema Corte em 22 de agosto, foi declarado vencedor com 52% dos votos pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que não divulgou os relatórios das seções eleitorais, alegando ter sido vítima de hacking de computador.

A oposição e muitos observadores consideram esse ataque implausível, vendo-o como uma manobra do governo para evitar a divulgação da contagem exata.

De acordo com a oposição, que publicou as atas fornecidas por seus escrutinadores, Gonzalez Urrutia obteve mais de 60% dos votos. Após o anúncio da reeleição de Maduro, manifestações espontâneas deixaram 27 pessoas mortas e 192 feridas, enquanto cerca de 2.400 venezuelanos foram presos, de acordo com fontes oficiais.

Maduro e o governo em geral atacam regularmente Gonzalez Urrutia, chamando-o frequentemente de "covarde" e dizendo que ele deveria estar na prisão.

"Ninguém neste país está acima da lei, acima das instituições, como afirma esse homem, esse homem escondido, o covarde Edmundo Gonzalez Urrutia", disse Maduro na segunda-feira durante seu programa semanal de televisão.

Pouco antes do anúncio do mandado de prisão, Washington anunciou na segunda-feira que havia apreendido um avião usado por Maduro e "adquirido ilegalmente por US$ 13 milhões por meio de uma empresa de fachada", de acordo com os Estados Unidos. A Venezuela descreveu a apreensão como um ato de "pirataria".

(Com AFP)

Notícias