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Paris 2024: Jéssica Messali tem cadeira de rodas quebrada e abandona prova de triatlo

02/09/2024 07h33

Diversas ruas no centro de Paris e no entorno do Champs Elysées estão fechadas nesta segunda-feira (2) e servem de pista para as competições do triatlo masculino e feminino nos Jogos Paralímpicos. Depois de terem sido adiadas no domingo por causa das condições da água do rio Sena, as provas englobam 750m de natação, 20km de ciclismo e 5km de corrida e são praticadas por pessoas com variados tipos de deficiência, como cadeirantes, amputados ou cegos. O Brasil tem três competidores no triatlo. Um incidente na primeira disputa tirou Jéssica Ferreira Messali de seu sonho paralímpico.

Maria Paula Carvalho, da RFI em Paris 

O público se espalhou ao longo de todo o percurso e apoia a passagem dos competidores.  

Na categoria PTWC, que reúne atletas que usam a cadeira de rodas na corrida, Jéssica Messali largou bem na natação. Ela disse que a água do rio francês estava boa, mas teve um problema no meio do percurso com o seu equipamento e não finalizou a prova.

Em entrevista à RFI Brasil, ela falou da decepção. "A roda da minha cadeira de rodas quebrou e não tive como continuar", lamenta. "Logo nos primeiros metros da corrida, eu percebi o problema, mas ela simplesmente travou, quebrou o eixo", conta.

"Isso é bem dolorido e estou sem palavras ainda. Podia acontecer em qualquer prova. Em sete anos de triatlo, isso nunca aconteceu e foi acontecer na prova mais importante da minha vida. Não tenho palavras para descrever", completa. 

Correnteza

Sobre a natação no rio Sena, ela diz: "a natação é o meu ponto fraco, mas eu fiz uma excelente prova, a temperatura da água estava ótima. Lógico que eu senti a correnteza, mas eu me preparei para isso, o que mostra que os atletas paralimpicos são capazes de nadar sem ou com correnteza", destaca. "A organização da prova foi excelente, mas a medalha vai ficar para a próxima", diz.   

Jéssica ficou paraplégica após um acidente de carro, em 2013. Logo após a sua recuperação, ela conheceu o ciclismo e obteve rápido destaque na modalidade. Ela começou no triatlo em 2017. Em julho de 2021, Jéssica sofreu queimaduras nos pés e pernas, de 2º e 3º graus, na sauna, e precisou amputar parte do pé. 

Conquistas

Jéssica foi bronze no Mundial de triatlo em Abu Dhabi em 2022; bronze no World Series Yokohama (Japão) em 2021; prata no Campeonato Mundial em 2021; ouro na Copa do Mundo de Portugal 2019; prata na Copa do Mundo da Itália e prata no Campeonato Pan-Americano dos Estados Unidos. 

Após ter sido obrigada a desisistir da prova esta manhã, em Paris, ela agradeceu à torcida brasileira: "mil desculpas a quem veio torcer, a minha intenção não era decepcionar ninguém. Eu dei tudo de mim, mas infelizmente aconteceu algo hoje que eu não podia controlar", lamentou.  

Outros dois brasileiros competem no triatlo, com largada na Ponte Alexandre III. Letícia de Oliveira Freitas disputa a prova feminina na categoria para atletas cegos (PTV1), e o curitibano Ronan Cordeiro compete entre os atletas com deficiências físico-motoras (PST2). As largadas acontecem respectivamente às 12h05 e 12h25 pelo horário de Paris.  

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