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Pressão aumenta sobre Netanyahu por acordo pela libertação dos reféns em Gaza

02/09/2024 08h23

A pressão aumentou nesta segunda-feira (2) para que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, alcance um acordo pela libertação dos reféns mantidos em cativeiro pelo Hamas em Gaza, após a morte de seis deles, com o presidente americano, Joe Biden, acusando-o de não fazer o suficiente.

Após um dia dominado por uma greve convocada pela confederação sindical Histadrut, Netanyahu pediu "perdão" aos parentes dos reféns encontrados mortos em Gaza e enterrados no domingo e nesta segunda-feira.

"Peço perdão por não tê-los trazido vivos. Estivemos perto, mas não conseguimos", declarou o premiê israelense durante uma coletiva de imprensa incomum. O movimento islamista palestino Hamas, que governa Gaza, "pagará um preço muito alto", acrescentou.

A morte dos reféns, anunciada no domingo, levou milhares de pessoas às ruas e desencadeou uma greve geral em Israel, em uma tentativa de aumentar a pressão sobre o Executivo para que um acordo com o Hamas seja fechado.

"Esses assassinos executaram seis de nossos reféns com um tiro na nuca", continuou Netanyahu. "O Hamas precisa fazer concessões" nas negociações, insistiu, em referência à exigência de Israel de manter tropas no corredor da Filadélfia, ao longo da fronteira entre Egito e Gaza.

Abu Obeida, porta-voz das brigadas Ezzedine Al-Qassam, braço armado do Hamas, advertiu que os reféns israelenses que ainda estão detidos em Gaza retornarão "em caixões" se Israel mantiver sua pressão militar.

Já foram dadas "novas instruções" aos guardas dos reféns caso os soldados israelenses se aproximem deles, acrescentou em um comunicado.

O grupo islamista, considerado uma organização "terrorista" por Israel, Estados Unidos e União Europeia, divulgou nesta segunda-feira um vídeo em que um dos seis reféns falecidos aparece ainda vivo.

Há meses, Catar, Egito e Estados Unidos, mediadores no conflito, tentam convencer o Hamas e Israel a fechar um acordo de cessar-fogo que inclua a libertação de reféns e prisioneiros palestinos detidos por Israel.

- "Não" -

Um dos principais pontos de discordância é a manutenção de tropas israelenses no corredor da Filadélfia.

O movimento islamista, no entanto, exige que todas as forças israelenses deixem o território palestino.

A guerra na Faixa de Gaza começou em 7 de outubro, quando um ataque de combatentes do Hamas em Israel causou a morte de 1.205 pessoas, na sua maioria civis, segundo um levantamento baseado em números oficiais israelenses.

Além disso, os combatentes islamistas sequestraram 251 pessoas: 97 continuam em cativeiro em Gaza e 33 morreram, segundo o Exército israelense.

Em resposta ao ataque, Israel prometeu destruir o Hamas e lançou uma vasta retaliação que já deixou 40.786 mortos na Gaza, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governada pelo Hamas.

Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, aumentou nesta segunda-feira a pressão sobre Netanyahu.

Diante da pergunta de um jornalista sobre se o premiê israelense estava fazendo o suficiente para conseguir um acordo de liberação de reféns, Biden respondeu: "Não".

O governo trabalhista britânico, por sua vez, anunciou que suspenderá 30 das 350 licenças de exportação de armas para Israel, com base em um "risco claro" de que elas poderiam ser usadas com violações ao direito humanitário internacional.

"Estou profundamente decepcionado ao saber das sanções impostas" por Londres, reagiu o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, na rede social X.

Em Israel, a continuação da greve convocada nesta segunda-feira pela Histadrut não foi igual em todos os lugares. Enquanto Tel Aviv e Haifa aderiram à mobilização, o mesmo não ocorreu em Jerusalém e Ashkelon.

Após um pedido do ministro ultradireitista das Finanças, Bezalel Smotrich, um tribunal do trabalho ordenou, no entanto, o fim da greve, alegando que era "política".

O sindicato só está autorizado a convocar greves por motivos econômicos e de direitos dos trabalhadores.

Em Tel Aviv, a manifestante Michal Hadas-Nahor explicou os motivos da greve.

"Estamos parando tudo para garantir que nossa voz seja ouvida, para dizer que não queremos fazer nada até que eles estejam aqui", disse, referindo-se aos dezenas de reféns ainda em poder do Hamas na Gaza.

- Vacinação contra a pólio -

Em Gaza, começou uma campanha de vacinação contra a pólio, graças à implementação de "pausas humanitárias" entre às 6h e às 14h, durante três dias, em vários pontos do território palestino. O objetivo é imunizar mais de 640.000 crianças menores de 10 anos.

Por outro lado, Israel continua com sua operação militar na Cisjordânia, um território palestino separado da Faixa de Gaza e ocupado pelos israelenses desde 1967.

A operação começou na quarta-feira e, até agora, já resultou na morte de pelo menos 26 palestinos, em sua maioria combatentes, segundo o Ministério da Saúde palestino. Para o Exército israelense, todos eram "terroristas".

Tanto o Hamas quanto a sua aliada, Jihad Islâmica, outro grupo armado, declararam que pelo menos 14 dos mortos lutavam em suas fileiras.

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© Agence France-Presse

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