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Greve geral em Israel visa pressionar governo em busca de um acordo para libertar reféns em Gaza

02/09/2024 06h55

Após reunião com os familiares dos reféns sequestrados em Gaza pelo Hamas, o presidente da Histadrut, a central sindical de Israel, Arnon Bar David, anunciou uma greve geral no país. Desde a manhã desta segunda-feira (2), empresas de diversos setores da economia aderiram à convocação. 

Henry Galsky, correspondente da RFI em Israel

O objetivo da greve é pressionar o governo liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a flexibilizar posições em busca de um acordo de cessar-fogo para libertar os 101 reféns que continuam na Faixa de Gaza. 

O Aeroporto Internacional Ben Gurion, em Tel Aviv, opera apenas parcialmente. Neste momento, não há decolagens. Segundo os funcionários da Histadrut, as operações vão continuar reduzidas até decisão contrária. 

Hospitais em todo o país funcionam com número reduzido de trabalhadores em esquema de plantão. Diversas prefeituras aderiram também e não recebem o público nesta segunda-feira. Duas das maiores empresas de ônibus pararam de circular, assim como o veículo leve sobre trilhos (VLT) que atende moradores de Tel Aviv e cidades próximas. 

Reféns mortos e Corredor Filadélfia

No final de semana, o Exército de Israel anunciou ter recuperado seis corpos de reféns assassinados pelo Hamas. Segundo a autópsia, eles estavam vivos apenas dois dias antes e foram mortos com tiros na cabeça. 

Na última quinta-feira (29), o Gabinete de Segurança votou mais uma vez por manter a exigência de que as tropas de Israel permaneçam no Corredor Filadélfia, uma faixa de cerca de 14 quilômetros de extensão situada na fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito. Segundo Israel, neste local há centenas de túneis subterrâneos pelos quais o Hamas receberia armamentos a partir do território egípcio. 

A discussão interna do gabinete foi vazada à imprensa israelense e causou revolta na população. Num dos trechos, o ministro da Defesa Yoav Gallant questiona diretamente o primeiro-ministro Netanyahu: "Primeiro-ministro, se Sinwar (Yahiya Sinwar, líder do Hamas) lhe colocar no seguinte dilema: ou você sai do Filadélfia (Corredor Filadélfia) ou você recupera os reféns, o que você faz?"

Netanyahu então responde a Gallant: "Eu fico no Filadélfia. Somente posições firmes nas negociações forçarão (Sinwar) a flexibilizar".

A notícia da recuperação dos corpos de seis reféns mortos e esta resposta de Netanyahu levaram milhares de pessoas às ruas na noite de domingo (1º). Segundo o Fórum das Famílias dos Reféns, cerca de 500 mil pessoas se manifestaram em diversos pontos do país. O número é relevante, considerando que Israel tem 9,7 milhões de habitantes.

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