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Brasil é prata no triatlo paralímpico em Paris com Ronan Cordeiro

02/09/2024 10h49

Nesta segunda-feira (2) de sol e temperatura agradável (23°) em Paris foram disputadas as provas do triatlo paralímpico. O percurso tem largada na ponte Alexandre III, no centro da capital francesa, com 750m de natação no rio Sena, seguidos de 20km de ciclismo e 5km de corrida, passando por vários monumentos, como o Grand Palais e parte da avenida do Champs-Élysées. No masculino, o paranaense Ronan Cordeiro conquistou a medalha de prata.  

Maria Paula Carvalho, da RFI em Paris 

O curitibano Ronan Cordeiro, 27 anos, que representou o Brasil na prova masculina, compete entre atletas com deficiência físico-motora. O esportista, que tem má formação congênita na mão esquerda, começou a competir em 2018 e falou à RFI sobre os sacrifícios em nome do esporte. "Esses dois últimos anos, eu fiquei quase dez meses fora do Brasil, longe da minha família, mas eu tinha uma missão de quebrar esse paradigma", diz.   

 A largada foi às 12h 20 pelo horário de Paris, 07h20 em Brasília. Inicialmente nadador, esporte que praticou de 2012 a 2018, Ronan largou bem na primeira etapa da prova, concluindo os 750m de natação na segunda posição, com 10min e 52s. Ele chegou a liderar a prova, nos primeiros 9 quilômetros do ciclismo, sendo depois ultrapassado pelo canadense Daniel Stefan. Com 16 quilômetros de bicicleta, o brasileiro ficou na terceira colocação, ao ser ultrapassado pelo húngaro Bense Mocsari, terminando o ciclismo em quarto lugar. Depois, ele chegou a liderar a prova, no início da corrida, sendo então ultrapassado pelo americano Chris Hammer, que liderou até o final e terminou a prova com tempo de 58m44s. Ronan ficou com a prata e tempo de 59min 01s. "Eu queria ganhar, tenho muitos sentimentos, eu arrisquei tudo, dei tudo de mim na natação, no ciclismo, e paguei caro na corrida. Tenho certeza de que no ano que vem vamos voltar mais fortes", prometeu, em entrevista à RFI Brasil.  

"Eu quero agradecer a todo mundo por este sonho, pois não é fácil. O triatlo é um esporte injusto", diz. "Na minha classe, o atleta que tem o material mais barato tem uma bicicleta de R$ 120 mil eu quero saber quem no Brasil tem capacidade de ter isso?", pergunta. "Eu deixei de nadar porque eu não sou talentoso e apanhava feio na natação. Mas tive pessoas que acreditaram em mim, venci uma depressão e tudo valeu a pena. A minha primeira bicicleta foi minha família que comprou", diz, emocionado. 

Prova de sobrevivência 

Mais cedo, Letícia de Oliveira Freitas, de São Bernardo do Campo, 30 anos, competiu na categoria PTV1, para atletas com deficiência visual. A largada foi às 12h05 pelo horário de Paris, 7h05 pelo horário de Brasília, acompanhada da guia Giovanna Alves Opiari.  

Leticia iniciou no esporte no vôlei, aos 12 anos. Ela foi diagnosticada com retinose pigmentar, doença que causa degeneração das células da retina. Durante 13 anos praticou natação e, desde 2020, migrou para o triatlo. Ela foi ouro no campeonato Pan-Americano da modalidade nos Estados Unidos, em 2024, e prata em 2023, na mesma competição.  

Em Paris, ela terminou a natação em quarto lugar, com tempo de 13min e 31 segundos, quando fez a primeira transição da prova para a bicicleta dupla, onde pedala junto com a guia. Com 1,5 km de ciclismo, caiu para a quinta colocação, já com 17min 55s de prova e se manteve nessa posição nos primeiros 9 km de percurso. Aos 14 km, ela caiu para a sétima e depois para a oitava colocação, quando já tinham sido percorridos 16 km de ciclismo.

Leticia terminou essa segunda etapa do triatlo em 10° lugar, após 50 minutos de prova. Faltava ainda a corrida pelas ruas de Paris. "Na corrida, a dificuldade que eu tive foi o barulho do público, pois eu não ouvia a guia Giovana", contou a atleta após terminar o triatlo em nono lugar, com tempo de 1h 11min e 20 s. . 

"Foi bem emocionante, como eu não vejo nada no rio, eu não sabia o que estava acontecendo, foi somente na sensação da água, eu senti a correnteza e fiquei bem perto da guia, mas quando a corrente estava contra, bateu o desespero, para não ficar para trás, foi uma prova de sobrevivência", relata. "Depois no ciclismo, a bicicleta tremia muito no paralelepípedo, talvez a gente deveria ter colocado menos calibragem", analisa. "Eu queria ter ficado em quinto, depois de termos nos classificado em sétimo, é um aprendizado. Eu pensei em me aposentar, no começo do ano, mas com a proximidade da Paraolimpíada, bateu a emoção e continuei. Agora, já quero fazer mais um ciclo paralímpico", conclui Leticia. 

 A RFI também conversou com a guia, Giovana Opiari. "Na natação, o grande desafio foi a correnteza do Sena, que estava super forte. A gente nadou bem perto das bordas para se poupar um pouco", diz. "Como eu sou a guia, a responsabilidade é minha", acrescenta Giovana, que nada presa à atleta por um elástico. "O guia, na verdade, precisa estar sempre um pouquinho mais preparado do que a atleta principal fisicamente, porque eu preciso estar pronta para auxiliar ela em tudo durante a prova e sinalizar o percurso", completa.  

No início da manhã, na categoria PTWC do triatlo feminino, a brasileira Jéssica Messali teve a cadeira de rodas quebrada e abandonou a prova. 

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