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MP denuncia influencer por homicídio de paciente durante peeling de fenol

Natalia Fabiana de Freitas, que se identifica nas redes sociais como Natalia Becker, é influenciadora - Reprodução/Redes sociais
Natalia Fabiana de Freitas, que se identifica nas redes sociais como Natalia Becker, é influenciadora Imagem: Reprodução/Redes sociais
do UOL

Do UOL, em São Paulo

30/08/2024 23h36

O MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) denunciou a influenciadora Natalia Fabiana de Freitas, conhecida como Natalia Becker, por homicídio doloso com dolo eventual qualificado e motivo torpe. A promotoria entendeu que a dona da clínica assumiu o risco de matar ao fazer o procedimento de peeling de fenol em um paciente por R$ 5 mil.

O que aconteceu

Denúncia foi oferecida nesta sexta-feira (30) pelo promotor Felipe Zilberman. Se a Justiça aceitar a denúncia, Natalia se tornará ré pela morte do empresário Henrique Silva Chagas, de 27 anos. Até a noite desta sexta, o Judiciário ainda não havia se manifestado sobre o caso.

Promotor ainda solicitou que Natalia seja intimada para responder à acusação. Na denúncia, obtida pelo UOL, Zilberman também solicitou que sete testemunhas, destacadas por ele, sejam ouvidas e pediu que a polícia faça um laudo pericial das substâncias recolhidas na clínica para esclarecer se algum dos frascos continha a substância fenol.

Zilberman pediu que sejam aplicadas medidas cautelares a Natalia — que responde em liberdade. Entre elas, que a influenciadora seja proibida de se ausentar da comarca sem autorização da justiça, bem como não possa comparecer em seus estabelecimentos comerciais e atuar em funções estéticas. Nem o MP-SP e nem a polícia pediram a prisão da dona da clínica.

O promotor reforçou que não há nos autos do processo nenhum documento que comprove que a dona da clínica está autorizada a exercer funções estéticas. Ele ainda destacou que o processo demonstra que a influenciadora realizou "a prática ilícita de ato privativo de médico". "[É] imperiosa a necessidade de interrupção do exercício de suas funções em seus estabelecimentos comerciais", acrescentou.

À polícia, Natalia disse que fez um curso online, ministrado por uma farmacêutica do Paraná, para a aplicação do fenol. Na última semana, a Polícia Civil do Paraná arquivou a ocorrência contra a farmacêutica por concluir que ela não cometeu crime.

Todavia, por ganância e desejo de auferir lucros patrimoniais, mesmo sem possuir qualquer formação profissional para a realização do aludido procedimento, em local absolutamente inadequado, (...) a acusada aplicou em todo o rosto de Henrique a substância fenol, agente químico altamente tóxico, que adquiriu de forma irregular, sem qualquer verificação de sua procedência, provocando na vítima as lesões que lhe determinaram a morte.
Promotor em denúncia

Defesa diz discordar de denúncia

Advogada declara que a ampla defesa e o contraditório deverão ser assegurados. Ao UOL, Tatiane Forte apontou que a acusação "cumpre o seu papel institucional" em responsabilizar Natalia, porém, será demonstrado que a cliente "não qualquer equívoco, somenos ilicitude, de modo que, será oportunamente apresentado no processo, todos os motivos da inocência" dela.

A pretensão não se sustenta em sua própria narrativa. As atividades e condutas de Natalia têm amparo jurídico, estando equivocada a acusação, que também não encontrou amparo para a responsabilidade jurídica ou resultado dos fatos.
Defesa de Natalia

Vítima sofreu parada cardiorrespiratória

O empresário de 27 anos morreu enquanto passava por um procedimento estético realizado no dia 3 de junho. A clínica ficava localizada na rua Doutor Jesuíno Maciel, no Campo Belo.

Henrique Silva Chagas teve parada cardiorrespiratória durante o procedimento. A reportagem do UOL apurou que ele realizava um peeling de fenol. Na intervenção, considerada invasiva e conhecida por estimular o rejuvenescimento da pele, o fenol penetra na epiderme (a camada mais superficial da pele), o que causa sua necrose e induz reação inflamatória controlada não só na epiderme como também na derme (camada localizada abaixo da epiderme).

Henrique Silva Chagas, de 27 anos, morreu durante um procedimento estético realizado em uma clínica em São Paulo - Reprodução/Redes sociais - Reprodução/Redes sociais
Henrique Silva Chagas, de 27 anos, morreu durante um procedimento estético realizado em uma clínica em São Paulo
Imagem: Reprodução/Redes sociais

Vítima veio do interior de São Paulo para fazer o procedimento estético na clínica. Por volta das 14h30, a Polícia Militar foi acionada para apoiar o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) em ocorrência de morte suspeita. O Samu constatou o óbito do jovem ainda no local.

Clínica ficava localizada na rua Doutor Jesuíno Maciel e era liderada por Natalia Becker. No Instagram, a conta da influencer tinha mais de 233 mil seguidores. A mulher informava que era "criadora" de um protocolo de tratamento estético e "premiada especialista em melasma".

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