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CEO do Telegram diz que colaborou com serviço secreto francês

CEO e fundador do Telegram, Pavel Durov - Albert Gea - 23.fev.2016/Reuters
CEO e fundador do Telegram, Pavel Durov Imagem: Albert Gea - 23.fev.2016/Reuters

30/08/2024 05h40Atualizada em 30/08/2024 09h20

O jornal francês Le Parisien revela que, ao ser interrogado pela Justiça da França, o CEO da rede Telegram, Pavel Durov, alegou que a plataforma colaborava com os serviços de informação do país para prevenir atentados terroristas. O bilionário foi indiciado na quarta-feira (28) e é alvo de uma proibição de deixar o território francês.

Ele é acusado de não evitar que uma série de crimes fossem realizados por meio do aplicativo e não colaborar com a Justiça na investigação de delitos como pedofilia, fraudes e lavagem de dinheiro, em nome do sigilo absoluto dos usuários. Mas em sua defesa, Durov afirmou, durante os interrogatórios, que o silêncio do Telegram não era sistemático.

A empresa teria colaborado diversas vezes com a Direção Geral de Segurança Interior (DGSI), encarregada de, entre outras funções, evitar atentados terroristas na França. "Quando vidas humanas estavam em jogo, o Telegram atenderia às demandas dos serviços de informação franceses por meio de um canal especialmente concebido", diz Le Parisien. A colaboração teria ocorrido inclusive para a preparação dos Jogos Olímpicos de Paris, segundo Durov.

O jornal informa, entretanto, que o CEO ressaltou que a plataforma "teria escolhido limitar a sua cooperação judicial apenas no contexto antiterrorista, excluindo qualquer colaboração com outros serviços de polícia, sob o pretexto de que eles utilizariam apenas canais de comunicação exclusivos da DGSI".

Telegram diz que 'não é editor' das mensagens

O Telegram também rejeita a acusação de cumplicidade na realização dos crimes organizados ou divulgados no aplicativo, alegando que jamais operou como "editor" dos conteúdos enviados, mas apenas como "hospedeiro" das mensagens.

Pavel Durov não pode deixar o território francês enquanto as investigações estiverem em curso e deve se apresentar a uma delegacia da França a cada duas semanas, conforme a determinação judicial. Ele conseguiu, entretanto, se livrar da obrigação de utilizar uma tornozeleira eletrônica, como solicitava o Ministério Público. Para ser liberado da custódia policial, que o manteve detido da noite de sábado até a de quarta-feira, o bilionário franco-russo teve de pagar uma fiança de ?5 milhões.

Durov, de 39 anos, foi detido no aeroporto de Le Bourget, ao norte de Paris. Os juízes de instrução o acusaram de "cumplicidade na administração de uma plataforma on-line ao permitir uma transação ilícita, em associação criminosa", crime passível de até 10 anos de prisão.

O Telegram afirmou, após a detenção, que "cumpre as leis da União Europeia" e que "é absurdo afirmar que uma plataforma ou seu proprietário são responsáveis pelos abusos cometidos". "É totalmente absurdo pensar que o responsável por uma rede social, como Pavel Durov, possa estar envolvido em crimes cometidos através de sua plataforma de mensagens", declarou David-Olivier Kaminski, advogado dele, no tribunal de Paris.

O Telegram, que possui 900 milhões de usuários, se posiciona como uma alternativa às plataformas de mensagens americanas, criticadas pela exploração comercial dos dados pessoais dos usuários. O serviço de mensagens criptografadas defende a confidencialidade absoluta dos utilizadores do serviço online.

Com AFP

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