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Israel lança operação militar de grande escala no norte da Cisjordânia ocupada e mata 9 "terroristas"

28/08/2024 10h04

Israel lançou na quarta-feira (28) uma operação militar de grande escala no norte da Cisjordânia ocupada, onde o exército afirma ter "eliminado" nove combatentes palestinos no contexto da guerra que continua em Gaza há quase onze meses.

As forças israelenses "eliminaram nove terroristas armados" em Jenin, Tubas e Tulkarem, sendo sete em ataques aéreos, anunciou o exército em um comunicado. O Crescente Vermelho palestino relatou "10 mortos e 15 feridos" nesses ataques.

Em Gaza, os bombardeios israelenses por ar, mar e terra são ininterruptos desde o ataque mortal do Hamas em Israel em 7 de outubro. Mas na Cisjordânia, operações coordenadas das tropas em terra apoiadas por aeronaves operando em várias cidades ao mesmo tempo, são raras.

No entanto, um porta-voz do exército israelense minimizou a importância da operação, indicando que ela não era "extremamente diferente [do normal] ou especial".

De acordo com a agência oficial palestina Wafa, Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, interrompeu uma visita oficial à Arábia Saudita para retornar e "acompanhar os desdobramentos da agressão israelense no norte da Cisjordânia".

Durante à noite, colunas de blindados israelenses entraram em dois campos de refugiados, em Tulkarem e Tubas, bem como na cidade de Jenin.

Ao meio-dia, eles bloqueavam as entradas das cidades e dos campos, conforme observaram fotógrafos da AFP, com soldados disparando em intervalos regulares contra os campos de onde vinham sons de tiros e explosões.

Nas ruas, as escavadeiras israelenses destruíam a pavimentação, com o exército alegando desenterrar bombas colocadas à beira da estrada.

As incursões israelenses em áreas autônomas palestinas são diárias na Cisjordânia, embora, segundo os acordos de paz israelense-palestinos (obsoletos) de Oslo, o exército israelense não deva entrar nessas áreas sob o controle exclusivo da Segurança Preventiva da Autoridade Palestina.

Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, desencadeada pelo ataque sangrento do movimento islâmico palestino em Israel em 7 de outubro, a violência na Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967, aumentou significativamente.

Mais de 600 palestinos foram mortos pelo exército israelense ou por colonos judeus, de acordo com dados oficiais palestinos, e pelo menos 20 israelenses, entre eles soldados, morreram em ataques palestinos ou durante operações do exército em áreas autônomas palestinas, segundo dados oficiais israelenses.

Ataques aéreos

Nas últimas semanas, as operações israelenses na Cisjordânia se concentraram no norte desse território, onde grupos armados que lutam contra Israel estão particularmente ativos desde muito antes do início da guerra de Gaza.

O exército quer "desmantelar as infraestruturas terroristas islâmico-iranianas" na Cisjordânia, afirmou no X (antigo Twitter) o ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, pedindo para agir na Cisjordânia "com a mesma determinação que em Gaza, com evacuações temporárias de palestinos".

"É uma guerra, e precisamos vencê-la", acrescentou ele. Katz acusou a República Islâmica do Irã de querer "estabelecer uma frente terrorista" na Cisjordânia, "nos moldes de Gaza e do Líbano", onde o Hezbollah, aliado de Teerã, dispara quase diariamente foguetes contra Israel desde 8 de outubro.

O exército israelense anunciou ter "eliminado" na segunda-feira à noite cinco combatentes palestinos em um ataque aéreo no campo de refugiados de Nour Chams em Tulkarem.

Um deles, Jibril Jibril, "envolvido em atividades terroristas (...) havia sido libertado em novembro no âmbito do acordo" de trocas de reféns sequestrados em 7 de outubro e levados para Gaza em troca de prisioneiros palestinos detidos por Israel, informou o exército. Segundo a Wafa, dois dos cinco mortos na segunda-feira eram menores de idade.

"Anexar a Cisjordânia"

A Jihad Islâmica, movimento islâmico palestino aliado do Hamas, denunciou uma "guerra aberta do ocupante" israelense.

"Com esta agressão que visa transferir o peso do conflito para a Cisjordânia ocupada, o ocupante quer impor uma nova situação no terreno para anexar a Cisjordânia", acusou.

Por sua vez, o Hamas, cuja popularidade cresceu na Cisjordânia desde o início da guerra em Gaza, enquanto a do Fatah, o partido de Abbas, caiu, pediu novamente na noite de terça-feira aos três milhões de palestinos da Cisjordânia que se "revoltem" contra a ocupação israelense.

Na Faixa de Gaza, a Defesa Civil relatou pelo menos 12 mortos, incluindo pelo menos uma criança e uma mulher, em novos ataques israelenses no centro e sul.

Famílias desesperadas continuam a se deslocar conforme as ordens de evacuação do exército israelense que estão se multiplicando. Uma das últimas ordens diz respeito aos arredores do hospital dos Mártires de Al-Aqsa, em Deir al-Balah (centro), de onde "cerca de 650 pacientes fugiram", informou na quarta-feira a Médicos Sem Fronteiras (MSF).

Os países mediadores entre Israel e o Hamas, Qatar, Egito e Estados Unidos, tentam obter um cessar-fogo acompanhado da libertação de reféns em troca de prisioneiros palestinos detidos por Israel.

Após um recente ciclo de negociações no Cairo, uma delegação israelense chegou na quarta-feira a Doha para discussões de "nível técnico" com os mediadores, segundo uma fonte que acompanha as negociações.

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