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Com emoção, mas sem polêmicas: cerimônia de abertura das Paralimpíadas foca na diversidade

28/08/2024 18h55

Com desfile dos atletas pela Champs-Élysées, a avenida mais famosa do mundo, e com palco na Praça da Concórdia, a cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos, diferente das Olimpíadas, não teve cenas ou representações polêmicas. Ainda assim, o espetáculo não deixou de encantar. O ponto forte ficou por conta das coreografias e jogos de cena e luz, com dançarinos e artistas com deficiência, além, é claro, da animação dos competidores.

O espetáculo teve como palco a Praça da Concórdia, onde a cerimônia teve início com a presença do presidente francês, Emmanuel Macron, acompanhado da primeira-dama, Brigitte Macron; Tony Estanguet, presidente do Comiê de Organização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos; Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional e demais autoridades.

A sequência de abertura teve o canadense e colaborador do Daft Punk, Chilly Gonzales, no piano, apresentando "Countdown", o hino oficial dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Paris, enquanto 140 bailarinos iniciaram a contagem regressiva para o início oficial da Paralimpíadas. Entre eles, 16 dançarinos com deficiência.

Em seguida, o ex-nadador paralímpico e apresentador, Théo Curin, deu as boas-vindas a Paris. Ele chegou à praça em um carro totalmente coberto por pelúcias da mascote Phryge. Os céus de Paris foram, então, coloridos de azul, branco e vermelho, em uma bela imagem proporcionada pela Esquadrilha da Fumaça francesa, a "Patrouille de France".

A música continuou com Christine and the Queens, que interpretou uma versão da clássica canção "Non, je ne regrette rien", "Não, não me arrependo de nada", de Édith Piaf. Já o DJ Myd tocou a trilha para a chegada das delegações dos países, vestido com uma imensa capa azul, branca e vermelha, as cores da bandeira francesa, que terminava em uma longa cauda aos pés do obelisco. Ele tocou "The Sun", sua principal faixa, lançada em 2017, que o tornou conhecido no cenário internacional.

Desfile dos atletas

A apresentação inicial foi seguida pelo desfile dos atletas, que desceram a avenida Champs-Élysées até a Praça da Concórdia. Desta vez, não foi a Grécia o primeiro país a desfilar já que as Paralimpíadas não tiveram origem no país, como no caso das Olimpíadas. Com as delegações se apresentando em ordem alfabética, a primeira nação foi o Afeganistão. O Brasil participou com uma das delegações mais impressionantes, com 255 integrantes.

A equipe francesa encerrou o desfile dos atletas, chegando à Concórdia ao som de "Les Champs Élysées", clássico de Joe Dassin. Os porta-bandeiras Nantenin Keïta (39 anos, campeã paraolímpica dos 400m nos Jogos de 2016) e Alexis Hanquinquant (38 anos, campeão paraolímpico do triatlo nos Jogos de 2021) estiveram à frente da delegação, que vestia trajes azuis com lapelas tricolores.

"Evento mais transformador do planeta"

Luc Bruyère, conhecido como Lucky Love é bailarino, ator e cantor. Ele abriu a segunda parte da cerimônia de abertura cantando cercado de dançarinos em cadeiras de rodas. Em seguida foi o momento institucional da noite, com o hino da França, "La Marseillaise", revisitada por Victor Le Masne, compositor e diretor musical das cerimônias Paris 2024, e interpretada pela orquestra Ensemble Matheus.

Tony Estanguet, presidente do Comiê de Organização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, deu as boas-vindas aos atletas e agradeceu o entusiasmo dos franceses, convidados a torcer e a participar tanto quanto nos Jogos Olímpicos.  

"Tal como acontece com os atletas olímpicos, com cada uma das suas vitórias, um país inteiro ficará orgulhoso. Mas a sua força é que a cada uma das suas vitórias, um país inteiro mudará. Com cada uma de suas vitórias, o mundo progredirá. Porque cada uma das emoções que você nos fará vivenciar carregará uma mensagem que nunca desaparecerá: vocês não têm limites, então vamos parar de colocá-los em vocês. Esta é a revolução paralímpica", disse.

Já o presidente do Comitê Paralímpico Internacional, o brasileiro Andrew Parsons, classificou os Jogos Paralímpicos como "o evento esportivo mais transformador do planeta". Ele lembrou o momento sensível no cenário geopolítico internacional destacando que "o esporte nos une".

"É uma oportunidade única de destacar a rica diversidade do seu país, aplaudir atletas excepcionais e celebrar o melhor de Paris, da França e da humanidade. Vamos abrir bem a mente através dos valores da camaradagem, superando a nós mesmos, as nossas diferentes competências. Os atletas não estão aqui para participar, mas para competir e quebrar recordes mundiais. Os atletas paralímpicos também estão aqui para alcançar algo além da glória individual. Eles estão aqui para desafiar o estigma, mudar comportamentos e redefinir os limites do que você acha que é possível", destacou passando, em seguida, a palavra ao presidente Emmanuel Macron, que declarou aberta a Paralimpíada de 2024.

Bailarinos tomaram novamente o palco principal para representar os esportes paralímpicos. Musa Motha, bailarino sul-africano, com uma perna amputada, três vezes premiado internacionalmente, e que foi finalista do programa "Britain's Got Talent", em 2023, foi a estrela da sequência. Música e a coreografia foram acelerando gradualmente enquanto os dançarinos brandiam grandes bandeiras brancas. Imagens foram projetadas no Obelisco de Luxor, no centro da praça. 

Tocha Paralímpica

O nadador e medalhista olímpico, Florent Manaudou, foi o responsável por levar a tocha olímpica à Concórdia, entregando ao tenista Michaël Jeremiasz e dando início ao ato chamado "Concorde", quando a chama foi a estrela da sequência artística, com coreografia ao som do Bolero de Ravel. 

A chama passa, em seguida, pela esgrimista paralímpica italiana, Beatrice Vio; para a ucraniana Oksana Masters, campeã do biatlo e de Jogos de Inverno e para o alemão campeão do salto em distância, Markus Rehm, que, diante do balão, no Jardim de Tulherias, entrega à lenda francesa das Paralimpíadas, com oito títulos no atletismo, Assia El Hannouni.

O ex-esgrimista Christian Lachaud e a ex-nadadora Béatrice Hess são os próximos dois portadores e aproximam a chama olímpica do caldeirão.

Um grupo de cinco atletas acende a pira paralímpica. Os porta-bandeiras da delegação francesa, Alexis Hanquinquant e Nantenin Keïta, foram acompanhados pelo atleta Charles-Antoine Kouakou, pela nadadora Elodie Lorandi e pelo tenista de mesa Fabien Lamirault. Três homens e duas mulheres para compor um coletivo para representar "o desempenho desportivo" e "a diversidade das deficiências".

 

A apresentação final da cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos trouxe de volta Christine and the Queens com dançarinos em meio a fogos de artifício e a Torre Eiffel brilhando ao longe.

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