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Kamala Harris coloca habitação no centro do discurso econômico para eleitores dos EUA

26/08/2024 11h08

Por Andy Sullivan

WASHINGTON (Reuters) - A candidata democrata à Presidência dos Estados Unidos, Kamala Harris, está colocando a promessa de construir mais moradias no centro de uma tentativa de enfrentar a alta dos custos que tem estressado as famílias dos EUA e deixado a casa própria fora do alcance de muitos norte-americanos.

Embora Kamala tenha deliberadamente se esquivado de especificidades políticas durante o primeiro mês da sua candidatura, ela apresentou planos detalhados para estimular novas construções e reduzir os custos para locatários e compradores de imóveis, principalmente com incentivos fiscais.

"Vamos acabar com a falta de moradia nos Estados Unidos", disse, ao aceitar a indicação do Partido Democrata para a Presidência na semana passada.

A campanha do candidato republicano à Presidência, Donald Trump, também prometeu reduzir os custos por meio de incentivos fiscais e menos regulamentações. No entanto, durante a campanha, ele defendeu as restrições habitacionais locais que impedem as construções de muitos tipos de moradias acessíveis.

Os eleitores classificam os custos de moradia como a segunda preocupação econômica mais importante, após temores do aumento dos preços e da estagnação da renda, segundo uma pesquisa de opinião da Reuters/Ipsos realizada em maio.

A construção de moradias entrou em colapso durante a crise financeira de 2007-2009 e tem se recuperado lentamente nos anos seguintes, deixando os Estados Unidos com uma falta de 2,9 milhões de unidades, de acordo com a Moody's Analytics.

A escassez de materiais de construção causada pela pandemia elevou o preço das novas moradias, e o aumento das taxas de juros tornou as hipotecas mais caras.

Os preços das casas nos EUA aumentaram 50% nos últimos cinco anos, e os aluguéis, 35%, de acordo com a empresa imobiliária Zillow.

O plano habitacional de Kamala poderia ajudá-la a convencer eleitores em uma eleição em que as preocupações econômicas são fundamentais, disse Alyssa Cass, estrategista democrata que afirma que a questão é uma das principais preocupações nos grupos de discussão.

"Qualquer coisa que reduza o custo da moradia é música para os ouvidos dos eleitores", declarou.

Em uma parada de campanha em 16 de agosto na Carolina do Norte, Kamala defendeu a construção de mais 3 milhões de unidades habitacionais em quatro anos, além das cerca de 1 milhão construídas anualmente pelo setor privado, por meio de um novo crédito fiscal para incorporadoras que construírem casas destinadas a compradores de primeira viagem e um crédito fiscal de 25.000 dólares para esses compradores.

Ela também propôs um fundo de 40 bilhões de dólares para incentivar os governos locais a construir moradias mais acessíveis, simplificando regulamentações e expandindo o auxílio para aluguel, entre outras medidas.

O Committee for a Responsible Federal Budget (Comitê para um Orçamento Federal Responsável), um grupo de vigilância não partidário, estima que essas políticas custariam pelo menos 200 bilhões de dólares em 10 anos.

A posição de Trump é menos clara. A plataforma do Partido Republicano defende o aumento da propriedade de imóveis residenciais por meio de incentivos fiscais e da eliminação de regulamentações, embora não apresente detalhes específicos.

No entanto, Trump também se manifestou contra propostas para afrouxar as restrições de zoneamento local que impedem a construção de apartamentos, duplex e outras formas de moradias acessíveis em bairros reservados para casas com uma única família.

"Sempre ouço falar que a mulher suburbana não gosta de Trump", disse ele, em um evento de campanha em Howell, Michigan, na semana passada. "Eu mantenho os subúrbios seguros. Impeço que torres de baixa renda sejam erguidas bem ao lado de suas casas e mantenho os estrangeiros ilegais longe dos subúrbios."

O companheiro de chapa de Trump, o senador JD Vance, culpou os imigrantes pela falta de moradia.

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