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Fórum das Ilhas do Pacífico visa alertar sobre impacto do aquecimento global na região

26/08/2024 09h24

Maina Talia, ministra do Clima de Tuvalu, país insular do Pacífico, disse que os grandes emissores de carbono devem pagar o custo dos danos climáticos. A declaração foi feita durante o Fórum das Ilhas do Pacífico (FIP), que começou nesta segunda-feira (26) em Tonga. Tuvalu pode desaparecer em trinta anos com o aumento do nível do mar.  

"Precisamos garantir que vamos continuar pressionando por ações dos países mais poluentes", disse a ministra do Clima de Tuvalu à agência AFP. "O pagamento dos poluidores deve ser discutido", afirmou Maina Talia. O evento, que reúne os governantes da região, visa chamar a atenção mundial para o impacto das mudanças climáticas em seus países.

"Não podemos abordar a mudança climática sem abordar a raiz do problema, que é a indústria dos combustíveis fósseis", completou a representante de Tuvalu. "É um desastre atrás do outro e estamos perdendo a capacidade de reconstruir, de enfrentar outro ciclone ou outra inundação", lamentou.

Com uma altura média inferior a três metros acima do nível do mar, os atóis de coral de Tuvalu estão gravemente ameaçados, mesmo com um leve aumento do nível do mar.

No primeiro dia da cúpula, um terremoto de magnitude 6,9 sacudiu o país do Pacífico, de acordo com o Serviço Sismológico dos EUA (USGS), provocando algumas retiradas da população na costa, mas sem alerta de tsunami.     

"Estamos nos reunindo em um momento crucial da história da nossa região (...) Estamos na linha de frente da batalha contra as mudanças climáticas", disse o secretário-geral do FIP, Barão Waqa, da ilha de Nauru.   

O FIP reúne 18 Estados e territórios associados, incluindo a Nova Caledônia e a Polinésia Francesa. Muitos de seus membros estão agora ameaçados destruição provocada pelo aumento do nível do mar devido ao aquecimento global. Um país como Tuvalu, cujo ponto mais alto chega a 4,6 metros, pode desaparecer sob as ondas em trinta anos.   

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, participa da cúpula e destacou a dimensão da ameaça climática. "As decisões que os líderes mundiais tomarem nos próximos anos determinarão o destino, primeiro dos moradores das ilhas do Pacífico e depois do resto do mundo", previu Guterres.  

Fundo local de adaptação

Os participantes da cúpula defendem a criação de um fundo local de adaptação às mudanças climáticas, à medida que a ajuda externa seca. Eles também analisarão a candidatura da Austrália, um dos principais exportadores mundiais de carvão e gás, para sediar a conferência climática COP31 em 2026.

A cúpula de Tuvalu tem um custo de US$ 25 milhões e o estádio coberto onde o evento está sendo realizado é um presente da China. Pequim está "cortejando" os países menores do Pacífico, usando para construir complexos governamentais, academias, hospitais e estradas.

Temendo que a China tire proveito da situação para estabelecer bases militares permanentes na região, os Estados Unidos e a Austrália contra-atacaram distribuindo ajuda, assinando acordos bilaterais e reabrindo embaixadas abandonadas.   

A delegação dos EUA no fórum é liderada por Kurt Campbell, um dos principais arquitetos do esforço dos EUA para conter as ambições da China no Pacífico.     

O reino de Tonga é considerado particularmente vulnerável à pressão econômica dos chineses. Ele deve ao banco de exportação chinês cerca de US$ 130 milhões - um terço de seu produto interno bruto.   

"Estamos na encruzilhada dos interesses geopolíticos globais", disse Baron Waqa, um crítico da rivalidade EUA-China na região. "Devemos permanecer vigilantes em questões de segurança regional."   

Com informações da AFP

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