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Chefe da ONU emite 'SOS mundial' pela rápida elevação do Oceano Pacífico

14.abr.2024 - Secretário-geral da ONU, António Guterres, fala aos membros do Conselho de Segurança - Eduardo Muñoz/Reuters
14.abr.2024 - Secretário-geral da ONU, António Guterres, fala aos membros do Conselho de Segurança Imagem: Eduardo Muñoz/Reuters

26/08/2024 19h56

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, lançou, nesta terça-feira (27), um "SOS mundial" em uma cúpula de ilhas do Pacífico, onde apresentou um relatório que revela uma elevação acelerada do nível do mar na região.

"Estou em Tonga para emitir um SOS mundial - Salvem Nossos Mares - sobre a rápida elevação dos níveis do mar. Uma catástrofe em escala mundial está colocando em risco este paraíso do Pacífico", declarou.

As ilhas do Pacífico, pouco povoadas e com pouca indústria pesada, geram menos de 0,02% das emissões globais anuais de CO2.

No entanto, este conjunto de ilhas vulcânicas e atóis de coral está cada vez mais ameaçado pela elevação do nível dos oceanos.

Desde a década de 1990, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) monitora os mareógrafos instalados nas praias do Pacífico.

O informe divulgado por esta organização de monitoramento climático revela que o nível dos mares subiu 15 centímetros nos últimos 30 anos em algumas partes do Pacífico.

Segundo o relatório, a média mundial foi de 9,4 centímetros.

"As populações, economias e ecossistemas de toda a região sudoeste do Pacífico são muito afetadas pelos efeitos em cascata da mudança climáticas", alertou no documento a secretária-geral da OMM, a argentina Celeste Saulo.

"É cada vez mais evidente que estamos ficando sem tempo para reverter a maré", acrescentou.

"Uma questão de sobrevivência"

O aumento do nível do mar em alguns locais, como Kiribati e Ilhas Cook, foi similar ou um pouco abaixo da média mundial.

Mas em outros lugares, como as capitais de Samoa e Fiji, a elevação foi quase o triplo da média.

Em Tuvalu, a faixa de terra diminuiu tanto que as crianças usam a pista do aeroporto internacional como área para brincadeiras.

Segundo os cientistas, Tuvalu, um país insular de baixa altitude, poderia desaparecer nos próximos 30 anos, mesmo em um cenário de aquecimento global moderado.

"É um desastre atrás do outro, e estamos perdendo a capacidade de reconstruir, de suportar outro ciclone ou outra inundação", disse à AFP Maina Talia, ministro do Clima de Tuvalu.

"Não devemos fechar os olhos às mudanças climáticas e ao aumento do mar", insistiu. "Para os Estados insulares de baixa altitude, é uma questão de sobrevivência", acrescentou.

Com sua localização remota e reduzido peso econômico, a angústia destes países foi ignorada no passado, mas os cientistas apresentam a região como um alerta do que pode acontecer em outras partes do planeta.

"O novo relatório confirma o que os governantes Pacífico afirmam há anos", declarou à AFP o pesquisador australiano do clima Wes Morgan.

"A mudança climática constitui a principal ameaça em termos de segurança. As nações do Pacífico estão envolvidas em um combate por sua sobrevivência e acabar com a poluição é essencial para o seu futuro", acrescentou.

Cercados por milhões de quilômetros quadrados de oceano, os países do Pacífico Sul estão particularmente ameaçados pelo aumento do nível do mar, pois a maioria dos seus habitantes vive a menos de cinco quilômetros da costa, segundo a ONU.

Além de submergir a terra, o fenômeno reduz as fontes essenciais de água e alimentos.

E o aumento do nível do mar não é a única ameaça. A temperatura cada vez mais elevada dos oceanos também desencadeia catástrofes naturais mais violentos e acidifica a água, o que afeta a cadeia alimentar marinha.

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