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Brasil terá representantes em quase todas as modalidades dos Jogos Paralímpicos

26/08/2024 09h48

Faltando dois dias para o início dos Jogos Paralímpicos de Paris, que acontecem de 28 de agosto a 8 de setembro, os paratletas brasileiros continuam chegando à Vila Paralímpica, em Saint-Denis, subúrbio no norte da capital. O país vai ocupar dois prédios e um deles será compartilhado com esportistas da Irlanda e de Portugal.  

Maria Paula Carvalho, da RFI em Paris

O Brasil terá a maior delegação já anunciada para uma edição dos Jogos fora de casa e será representado por 280 atletas, sendo 255 com deficiência, além de 19 atletas-guia (18 do atletismo e um do triatlo). Eles disputarão medalhas em 20 modalidades. Nesta edição, 45% dos atletas brasileiros são mulheres. O país só não terá representantes no basquete em cadeira de rodas e no rúgbi.  

Antes, a maior equipe nacional havia sido de 259 convocados, em Tóquio 2020. Já o recorde de participantes do país foi nos Jogos do Rio 2016, ocasião em que o Brasil sediou as competições e contou com 278 atletas com deficiência em todas as 22 modalidades, para as quais foram classificados automaticamente. 

Vila adaptada 

Desde o término dos Jogos Olímpicos Paris 2024, a Vila dos atletas passou por uma transformação para receber os esportistas com deficiência. Além da troca da identidade visual, na qual os aros olímpicos dão lugares aos agitos paralímpicos, rampas foram construídas nas áreas externas para a melhor locomoção dos cadeirantes. Os apartamentos utilizados durante a competição possuem pelo menos um banheiro adaptado. 

Os primeiros atletas brasileiros chegaram à Vila Paralímpica na última quarta-feira (21), uma semana antes da cerimônia de abertura, que acontecerá na quarta-feira (28) na avenida Champs-Élysées. Assim como nos Jogos Olímpicos, será a primeira vez fora de um estádio.  

Os primeiros esportistas a chegarem a Paris foram os do remo, tênis de mesa, vôlei sentado, tiro com arco, halterofilismo e bocha.  

Os remadores, mesatenistas e jogadores de vôlei já estão na França desde o dia 13 de agosto, com treinos em Mathaux, Saint-Julien e Troyes, respectivamente, na região de Aube, a cerca de 160 km da capital. 

Já os arqueiros, halterofilistas e jogadores de bocha realizaram a aclimatação fora da França. Os cinco atletas que integram a Seleção Brasileira do tiro com arco prepararam-se na Itália, em Roveredo di Guà, município da região do Vêneto, província de Verona. Já os halterofilistas e a equipe de bocha ficaram no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, em São Paulo, e viajaram para Paris na terça-feira (20) para entrarem diretamente na Vila. 

Na quinta-feira (22), os 12 atletas de goalball chegaram à Vila Olímpica. A entrada da delegação brasileira na Vila será feita de forma escalonada até o dia 30 de agosto, quando os esgrimistas se juntarão aos outros esportistas em Paris. 

"Cada vez que participo dos Jogos, vivo experiências diferentes. Essa é minha terceira participação e, quando entrei aqui, senti uma energia super positiva", disse a paulista Mariana D'Andrea, 26, campeã paralímpica no halterofilismo, categoria até 73kg, nos Jogos de Tóquio. Ela conversou com jornalistas na chegada a Paris. "Estou sem palavras para descrever o cantinho do Brasil. Está tudo muito lindo. Será algo perfeito para nós", acrescentou.  

"É uma emoção indescritível. Passa um filme na minha cabeça, lembrando de tudo o que passei. Entrar aqui na Vila Paralímpica é muito emocionante. Estamos mostrando que podemos estar onde a gente quiser", afirmou, por sua vez, a paraibana Laissa Guerreira, atleta da bocha. 

"O Comitê Organizador Local (LOC, na sigla inglês) e Comitê Paralímpico Internacional (IPC) mostrou uma atenção especial à questão da acessibilidade desde o começo da estruturação do espaço", avaliou o diretor de Esportes de Alto Rendimento do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Jonas Freire, elogiando a estrutura preparada para os atletas paralímpicos às margens do rio Sena, entre Saint-Denis, Saint Ouen e L'Île-Saint-Denis, no norte da capital francesa. "A Vila Paralímpica é totalmente acessível e dá total autonomia para as pessoas com deficiência", avaliou o dirigente. 

Destaques do Brasil 

O nadador pernambucano Phelipe Rodrigues chega a Paris como o maior medalhista em Jogos Paralímpicos da delegação brasileira. O atleta da classe S10 (limitações físicomotoras) tem na carreira oito pódios na competição. Entre as nadadoras, a pernambucana Carol Santiago (S12, deficiência visual) acumula o maior número de títulos , com cinco medalhas (três ouros, uma prata e um bronze).  

Na história dos Jogos Paralímpicos, o Brasil já conquistou 373 medalhas (109 de ouro, 132 de prata e 132 de bronze).  

Na última edição, Tóquio 2020, o país fez a sua melhor campanha com 72 medalhas no total, a mesma quantidade obtida nos Jogos do Rio 2016. Destas, 22 foram de ouro, superando as 21 de Londres 2012. Ainda foram mais 20 pratas e 30 bronzes no Japão. 

História dos Jogos Paralímpicos 

Em 1948, Ludwig Guttman organizou uma competição esportiva para veteranos da Segunda Guerra Mundial com lesão na medula espinhal. O evento foi realizado em Stoke Mandeville, na Inglaterra. Quatro anos mais tarde, competidores da Holanda também se uniram aos Jogos, quando nasceu um movimento internacional - atualmente denominado de Movimento Paralímpico.  

Os Jogos para atletas com deficiência foram organizados pela primeira vez em Roma, em 1960, com participação de 400 atletas. Atualmente, os Jogos Paralímpicos são um evento de esporte de alto rendimento, que enfatiza mais as conquistas do que as deficiências dos participantes. 

Os Jogos Paralímpicos têm sido realizados sempre no mesmo ano dos Jogos Olímpicos e desde Seul, em 1988, também têm sido sediados no mesmo local.  

A primeira participação brasileira na história dos Jogos Paralímpicos foi em Heidelberg, na então Alemanha Ocidental, em 1972. A primeira medalha do país foi conquistada quatro anos depois da sua estreia, nos Jogos de Toronto, em 1976, no Canadá. A dupla formada por Robson Sampaio de Almeida e Luiz Carlos da Costa conquistou a prata no Lawn Bowls, modalidade semelhante à bocha e praticada na grama. Desde então, a delegação brasileira subiu ao pódio em quase todas as edições.  

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