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"Netanyahu corta todas possibilidades de negociação", após morte de líder do Fatah, diz especialista

22/08/2024 13h14

Uma nova rodada de negociações para um cessar-fogo na Faixa de Gaza está prevista para o final de semana, no Cairo, capital do Egito. Mas as esperanças de um ponto final para o conflito na região, ainda bombardeada pelo Exército de Israel, diminuíram após o assassinato de um membro do Fatah palestino em um ataque israelense, no sul do Líbano.

Nesta quinta-feira (22), as forças armadas israelenses intensificaram suas operações contra o Hamas. Essa foi a primeira vez que um líder do movimento xiita foi alvo de um ataque de Israel desde o início da guerra. 

Khalil Al-Maqdah, líder militar do Fatah palestino, foi morto na quarta-feira (21). De acordo com o Fatah e uma fonte de segurança libanesa, ele foi morto durante um ataque israelense ao seu veículo, enquanto dirigia perto dos campos palestinos adjacentes a Saida, a principal cidade do sul do Líbano.

"Isso mostra, de fato, que Netanyahu está indo cada vez mais em direção a uma política extremista, isso é, de cortar todas as possibilidades de uma negociação", disse à RFI Joseph Bahout, professor de Ciências políticas, diretor do Instituto Issam Farès de políticas públicas e Relações Internacionais na Universidade Americana de Beirute. 

Para o especialista, o primeiro-ministro israelense despreza o mediador americano, habitualmente seu aliado. "O ataque contra o consulado iraniano em Damasco, o assassinato de Fouad Choukr (número três do Hezbollah libanês) na periferia sul de Beirute. Tudo isso é uma tentativa de levar a região a um conflito cada vez mais amplo", analisa.

"O objetivo seria provavelmente de colocar o mundo diante de um conflito na região que oporia o Irã, que se transforma a cada dia e hora em uma potência nuclear, às potências árabes, dizendo finalmente ao mundo que não se trata simplesmente de um problema de Gaza", acredita Bahout. "Não estou simplesmente fazendo uma guerra para punir o 7 de outubro e para trazer os reféns, mas para salvar o Oriente Médio da hegemonia iraniana que cresce", completa. 

Mensagem ao Fatah

Para o especialista, através da morte de Al-Maqdah, Israel quer passar a mensagem ao Fatah, que não tente avançar em outros fronts de batalha como na Cisjordânia. "Há um momento que se espera que o front da Cisjordânia comece a se mexer. E a cada vez mais ele vem se movimentando", diz.

Bahout diz que o líder do partido nacionalista palestino assassinado não é importante para o Líbano, mas sim seu irmão. "Então, também é uma mensagem para seu irmão, talvez dizendo a ele que é o próximo da lista se as coisas piorassem entre o movimento palestino e Israel. Então existem muitas mensagens subliminares, mas o que é importante é que é a primeira vez que o Fatah é diretamente alvo no Líbano", afirma. 

Nos últimos dias, as trocas de tiros foram particularmente intensas entre o Hezbollah libanês e o Exército israelense, que atingiu alvos na planície de Bekaa. O movimento xiita, por sua vez, assumiu a responsabilidade pelos ataques com mísseis à cidade de Katzrin, na região de Golã, anexada por Israel.

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