Barcos chineses e filipinos colidem em novo conflito no Mar da China Meridional
Navios de bandeira chinesa e filipina colidiram nesta segunda-feira (19) em mais um conflito perto de um recife disputado no Mar da China Meridional. Os dois se culpam mutuamente pelo acidente.
"Apesar dos vários avisos do lado chinês, o navio filipino 4410 colidiu deliberadamente com o navio chinês 21551", disse a televisão estatal CCTV, citando o porta-voz da Guarda Costeira chinesa, Gan Yu.
Pequim reivindica grande parte das ilhas e recifes do Mar da China Meridional, incluindo águas e ilhas próximas das costas de vários países vizinhos, e ignorou a decisão de um tribunal internacional, em 2016, rejeitando esta alegação por não ter base jurídica.
As tensões entre Pequim e Manila aumentaram nos últimos meses e foram marcadas por uma série de confrontos no Mar do Sul da China.
O novo incidente ocorreu perto do Atol de Sabina, localizado 140 quilômetros a oeste da ilha filipina de Palawan.
Segundo Manila, esta é a primeira ação hostil de Pequim nesta área, onde ambos os lados têm estacionados navios da guarda costeira há vários meses e onde as Filipinas temem que a China esteja prestes a construir uma ilha artificial.
O contra-almirante Jay Tarriela, porta-voz da Guarda Costeira filipina, disse que o navio chinês abriu um buraco no casco do navio filipino, o BRP Bagacay, durante a primeira colisão.
Depois, uma nova colisão amassou o navio e danificou os seus guarda-corpos, acrescentou, relatando também danos no casco - um buraco de mais de um metro - e no tubo de escape de outro navio filipino, o BRP Engano.
Manobra "perigosa"
Do lado chinês, Gan Yu culpou Manila, denunciando uma manobra "não profissional e perigosa". "Os navios da Guarda Costeira filipina entraram ilegalmente nas águas perto do recife Xianbin, nas ilhas Nansha, sem permissão do governo chinês", disse ele, usando os nomes chineses do atol Sabina e Ilhas Spratly. "A Guarda Costeira chinesa tomou medidas de controle contra os navios filipinos conforme a lei", acrescentou.
As ações dos barcos filipinos "violaram gravemente a soberania da China", denunciou Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, e Pequim "continuará a tomar medidas resolutas e enérgicas segundo a lei para salvaguardar a sua soberania territorial e os seus direitos e interesses marítimos".
Manila divulgou imagens mostrando um buraco no casco do BRP Bagacay e danos aos navios.
Nas imagens publicadas pela CCTV, um navio, identificado por Pequim como de bandeira filipina, colide com um barco chinês, antes de prosseguir viagem. Outras imagens da emissora estatal chinesa mostram o navio chinês batendo na traseira do navio filipino.
Segundo a CCTV, o incidente ocorreu depois que o navio filipino fez uma "mudança repentina de direção". "Instamos fortemente o lado filipino a parar imediatamente com as suas infrações e provocações", disse Gan Yu.
"Evidência física"
Mas para o diretor-geral do Conselho de Segurança Nacional das Filipinas, Jonathan Malaya, "não foi (o BRP Bagacay) que atingiu (o outro navio), foi o contrário". "A evidência física mostra isso", ele insistiu.
O BRP Bagacay foi "atingido duas vezes" por um navio da guarda costeira chinesa e sofreu "pequenos danos estruturais", disse ele. A tripulação filipina não ficou ferida e continuou a sua missão de reabastecer as ilhas Spratly, acrescentou.
A Força-Tarefa Nacional de Manila no Mar das Filipinas Ocidental denunciou as "manobras ilegais e agressivas" dos navios chineses.
A agência estatal New China disse que o navio da Guarda Costeira das Filipinas entrou nas águas ao redor do atol Segundo Thomas por volta das 6h da manhã. O local, que abriga uma pequena guarnição filipina estacionada em um navio militar encalhado pelos militares filipinos em 1999, fica a cerca de 200 quilômetros da ilha de Palawan, no oeste das Filipinas, e a mais de mil quilômetros da ilha chinesa de Hainan.
A área tem sido palco de confrontos entre barcos chineses e filipinos nos últimos meses, à medida que Pequim intensifica os esforços para fazer valer as suas reivindicações no Mar do Sul da China.
(Com informações da AFP)