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Bombardeios deixam mortos no Líbano e em Gaza e Hamas nega que acordo de trégua esteja próximo

17/08/2024 10h43

Ataques atribuídos a Israel mataram neste sábado (17) cerca de 25 pessoas na Faixa de Gaza e no Líbano, enquanto os Estados Unidos, decididos a evitar uma escalada, continuam seus esforços para alcançar um cessar-fogo entre Israel e o movimento islamista Hamas, que negou que um acordo esteja próximo.

O Secretário de Estado americano, Antony Blinken, planeja viajar a Israel neste sábado para tentar "concluir um acordo" com base em uma nova proposta de cessar-fogo, apresentada em recentes negociações no Catar, segundo o Departamento de Estado.

No entanto, horas antes de sua chegada, um alto dirigente do Hamas ? que não participou das negociações ? chamou de "ilusão" a afirmação do presidente Joe Biden de que um acordo estaria "mais perto do que nunca".

O Exército israelense, por sua vez, continua sua ofensiva na Faixa de Gaza, desencadeada após um ataque mortal do Hamas contra o sul de Israel em 7 de outubro.

A Defesa Civil do território palestino, sitiado e devastado por mais de dez meses de guerra, anunciou que 15 membros da família Ajlah, incluindo nove menores e três mulheres, morreram em um bombardeio israelense durante a madrugada em Al Zawaida, no centro da Faixa.

Os menores mortos tinham entre dois e 17 anos, segundo o porta-voz da Defesa Civil, Mahmud Bassal.

"Por volta de 1h da manhã, três mísseis atingiram diretamente a casa", contou à AFP Ahmed Abu Al Ghoul, que testemunhou o ataque, enquanto os socorristas retiravam corpos dos escombros da residência.

"Havia principalmente crianças e mulheres dentro", acrescentou.

O Exército israelense, que ainda não comentou essas informações, indicou em comunicado que eliminou vários "terroristas" em Rafah e Khan Yunis, no sul do território palestino.

- "Novas condições" israelenses -

No Líbano, um bombardeio israelense matou dez cidadãos sírios, incluindo uma mulher e seus dois filhos, na região de Nabatieh, no sul do país, anunciou o Ministério da Saúde.

O Exército israelense indicou que atingiu à noite "um depósito de armas do Hezbollah", que ataca Israel desde 8 de outubro em apoio ao seu aliado Hamas.

O movimento islamista libanês anunciou posteriormente que disparou uma bateria de foguetes contra o norte de Israel, em resposta ao ataque.

Este bombardeio ocorre após dois dias de negociações "construtivas" em Doha entre Israel e os países mediadores ? Estados Unidos, Catar e Egito ? para alcançar uma trégua na Faixa de Gaza.

As conversas continuarão na próxima semana no Cairo, onde o presidente egípcio, Abdel Fatah al Sissi, alertou sobre o "ciclo vicioso e perigoso de instabilidade".

Biden afirmou na sexta-feira que um acordo nunca esteve "tão próximo" de ser alcançado, depois de apresentar uma nova proposta com vista à sua "implementação" durante as negociações.

No entanto, um alto dirigente do Hamas chamou de "ilusão" o otimismo de Biden.

Sami Abu Zohri, membro do gabinete político do movimento, afirmou que as negociações eram "a imposição das exigências americanas" e criticou um "enorme retrocesso".

A versão revisada se baseia em um plano inicial anunciado por Biden no final de maio, que prevê uma primeira fase de seis semanas de trégua, uma retirada israelense das áreas densamente povoadas de Gaza e uma troca dos reféns mantidos pelo Hamas desde 7 de outubro por prisioneiros palestinos detidos em Israel.

Mas o Hamas, que governa Gaza desde 2007, acusa Israel de ter adicionado "novas condições" ao texto, incluindo "a manutenção das tropas" israelenses ao longo da fronteira de Gaza com o Egito e "um direito de veto" sobre prisioneiros palestinos suscetíveis de serem trocados por reféns mantidos em cativeiro no território palestino.

- Consequências "catastróficas" -

Os esforços diplomáticos também buscam reduzir a tensão no restante do Oriente Médio.

O Irã e seus aliados, incluindo o Hezbollah, juraram vingar a morte do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em um ataque atribuído a Israel em 31 de julho em Teerã, um dia após a morte do chefe militar do movimento islamista libanês em um bombardeio israelense perto de Beirute.

O Irã sofrerá consequências "catastróficas" caso lance um ataque contra Israel, afirmou na sexta-feira um alto funcionário americano que pediu anonimato.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, insiste que continuará a guerra até destruir o Hamas, considerado por Israel, Estados Unidos e União Europeia como uma organização terrorista.

O conflito eclodiu em 7 de outubro, quando milicianos islamistas mataram 1.198 pessoas, em sua maioria civis,segundo um levantamento da AFP baseado em dados oficiais.

Das 251 pessoas sequestradas no sul de Israel, 111 permanecem em Gaza, embora 39 tenham sido declaradas mortas pelo Exército israelense.

A ofensiva de retaliação lançada por Israel em Gaza deixou pelo menos 40.074 mortos, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas, que não detalha quantos são civis e combatentes.

A guerra provocou uma situação humanitária desastrosa no território palestino, onde a maioria de seus 2,4 milhões de habitantes foi deslocada.

O Ministério da Saúde da Autoridade Palestina relatou na sexta-feira o primeiro caso confirmado de poliomielite em Gaza em 25 anos, pouco depois de a ONU pedir "pausas humanitárias" para vacinar mais de 640.000 crianças.

bur-vl/bc/eg/yr/jb/yr

© Agence France-Presse

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