Fogo florestal avança em direção a Atenas e moradores deixam arredores da capital
A proteção civil grega ordenou na segunda-feira (12) que habitantes deixem outras localidades no subúrbio nordeste de Atenas, após a retirada de moradores da cidade de Maratona no dia anterior, devido a um violento incêndio que começou no domingo e se aproxima rapidamente da capital.
"As forças da proteção civil lutaram durante toda a noite e, apesar dos esforços sobre-humanos, o incêndio continua a se espalhar muito rápido e se dirige para Penteli", explicou Vassilis Vathrakogiannis, porta-voz dos bombeiros, em uma coletiva de imprensa na manhã de segunda-feira.
Pelo menos cinco novas localidades foram isoladas ao amanhecer, assim como dois hospitais, um pediátrico e outro militar, em Penteli, a cerca de quinze quilômetros ao nordeste da capital.
Vinte e nove crianças hospitalizadas foram transferidas para hospitais atenienses, e cinco pessoas, incluindo um bombeiro ferido, permanecem hospitalizadas, mas sem risco de vida, segundo Michalis Giannakos, presidente da confederação dos funcionários dos hospitais públicos.
"Incêndio florestal perto de você. Siga as instruções das autoridades", escreveu a proteção civil em mensagens enviadas a todas as pessoas na região afetada, com orientações sobre a direção a seguir para as evacuações.
As autoridades gregas abriram o estádio olímpico OAKA, no norte de Atenas, para receber as milhares de pessoas deslocadas.
O incêndio já havia causado a evacuação, durante a noite, de oito vilarejos e da cidade histórica de Maratona, a 40 km ao nordeste de Atenas, que conta com mais de 7.000 habitantes. Eles foram direcionados para a cidade costeira de Nea Makri.
"Estamos enfrentando uma catástrofe bíblica. Todo o nosso município está em chamas e passando por momentos difíceis", declarou à rede de televisão Skai o prefeito de Maratona, Stergios Tsirkas.
De acordo com a rede de televisão pública ERT, a frente do incêndio já tem mais de 30 quilômetros e algumas chamas ultrapassam os 25 metros de altura.
Um total de 670 bombeiros e 183 veículos foram mobilizados, e 32 aviões estão sobrevoando a área desde o amanhecer, informou o ministro da Proteção Civil, Vassilis Kikilias, durante uma coletiva de imprensa.
"Os ventos continuam fortes hoje, com intensidade 7 na escala de Beaufort (...) Apesar de uma intervenção rápida ontem, em apenas sete minutos, não conseguimos controlar o fogo", acrescentou o ministro.
Com a fumaça chegando à capital grega, a União dos Pneumologistas alertou que se deve evitar fazer exercícios ao ar livre, e que gestantes e pessoas vulneráveis devem limitar seus deslocamentos ao ar livre.
Os incêndios levaram o primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis a interromper suas férias para retornar a Atenas na noite de domingo.
Oliveiras queimadas
Na tarde de domingo, os bombeiros conseguiram controlar 33 dos 40 focos de incêndio que surgiram nas últimas 24 horas.
No entanto, o incêndio continuou a avançar em um contexto de alerta para condições meteorológicas extremas para o restante da semana. E a fumaça agora cobre parte de Atenas.
O ministro da Proteção Civil havia alertado no sábado que metade do país estava sujeita a um alto risco de incêndio, pelo menos até 15 de agosto, devido às altas temperaturas, ventos fortes e à seca.
"Infelizmente, a intensidade dos ventos será ainda maior nas próximas horas, e é absolutamente necessário que os cidadãos das áreas afetadas sigam as orientações das autoridades", enfatizou Vathrakogiannis.
Temperaturas de 39?°C e ventos superiores a 50 km/h são esperados na região nesta segunda-feira, segundo os serviços meteorológicos.
A Grécia está particularmente vulnerável aos incêndios florestais neste verão, após um inverno especialmente seco. Os meses de junho e julho foram os mais quentes desde o início da coleta de estatísticas em 1960.
Giorgos Tsevas, de 48 anos, morador de Polydendri, um vilarejo próximo à frente do incêndio cujo nome significa "muitas árvores" em grego, estava desesperado no domingo: "Tudo está queimando. Eu tinha duzentas oliveiras, todas desapareceram".
Kostas Lagouvardos, diretor de pesquisa do Observatório de Atenas, havia alertado no domingo na ERTNews que a resposta aos focos de incêndio precisava ser rápida, caso contrário, os incêndios se tornariam incontroláveis, dadas as condições meteorológicas atuais.
Os cientistas alertam que as emissões de combustíveis fósseis estão agravando a duração, frequência e intensidade das ondas de calor em todo o mundo.
De acordo com o grupo de especialistas intergovernamental das Nações Unidas sobre o clima, o aumento das temperaturas está prolongando a temporada de incêndios florestais e aumentando a área queimada pelas chamas em todo o mundo.
(com AFP)