Brasil expulsa embaixadora da Nicarágua em resposta a expulsão de brasileiro por governo Ortega
Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu expulsar nesta quinta-feira a embaixadora da Nicarágua em Brasília, Patrícia Castro Matus, depois que o governo de Daniel Ortega decidiu pela expulsão do embaixador brasileiro no país, Breno Souza da Costa.
"Na diplomacia existe reciprocidade. Como o embaixador brasileiro lá foi convidado a se retirar, a reciprocidade é que o embaixador daqui também foi embora", disse o ministro da Casa Civil, Rui Costa, em entrevista a repórteres depois de reunião ministerial.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, fez um relato do caso durante a reunião de Lula com todos os ministros.
"O presidente voltou a reafirmar que o Brasil quer buscar paz e um bom relacionamento com todo mundo, mas não pode aceitar que seus embaixadores sejam importunados", acrescentou o ministro da Casa Civil.
A decisão de expulsar a embaixadora foi tomada depois que a Nicarágua confirmou mais cedo a expulsão do embaixador brasileiro no país pelo governo Ortega, após o diplomata não ter comparecido à comemoração dos 45 anos da revolução Sandinista.
Há cerca de três semanas, Ortega fez chegar ao governo brasileiro a ameaça de expulsão. A resposta brasileira foi de questionar se realmente o governo nicaraguense tinha a intenção de esfriar ainda mais as relações com o Brasil.
O assunto não havia sido mais levantado, até que na quarta-feira o embaixador foi avisado que deveria de fato deixar o país. Na tarde desta quinta, a vice-presidente da Nicarágua, Rosario Murillo, confirmou que o embaixador brasileiro havia deixado o país.
A embaixadora da Nicarágua também deixou Brasília nesta quinta. Matus havia já sido informada que, caso a expulsão do brasileiro se confirmasse, ela também teria que deixar o Brasil.
Lula contou em entrevista para agências internacionais no mês passado que não fala com Ortega há mais de um ano. Em junho de 2023, o presidente tentou uma ligação com Ortega, a pedido do papa Francisco, com a intenção de buscar a libertação de um bispo católico que estava preso no país centro-americano e terminou sendo expulso.
Ortega não atendeu a ligação, disse Lula. Desde então, segundo uma fonte diplomática, a ordem foi manter as relações diplomáticas com Manágua no mínimo necessário, apenas para tratar das necessidades dos cidadãos brasileiros naquele país. O embaixador foi instruído a não participar de atos do governo de Ortega.
Apesar da expulsão dos embaixadores, as relações diplomáticas não estão cortadas, mas seguirão sendo tocadas apenas pelos encarregados de negócios das embaixadas. A decisão reduz ao mínimo a relação diplomática entre os países.
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