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"Queria muito fazer o hino do Brasil tocar mais uma vez", diz Rebeca Andrade na Casa do Brasil

07/08/2024 14h18

A ginasta brasileira Rebeca Andrade e seu treinador, Francisco Porath Neto, concederam uma entrevista coletiva à imprensa nesta quarta-feira (7) na Casa Brasil, espaço do Comitê Olímpico do Brasil (COB) em Paris. Rebeca respondeu às perguntas de dezenas de jornalistas e falou sobre suas conquistas nos Jogos Olímpicos de Paris - um ouro, duas pratas e um bronze.

Daniella Franco, da RFI

"Foi sensacional! Eu queria muito uma medalha de ouro", diz Rebeca. "Eu estava brigando bastante para que isso acontecesse. Eu queria muito mesmo fazer o hino do Brasil tocar mais uma vez em uma olimpíada", reitera.

Além das medalhas, Rebeca não esconde a alegria de ter finalizado as competições sem lesões. Antes de Paris 2024, a ginasta teve de se submeter a três cirurgias para corrigir rompimentos nos ligamentos de seu joelho direito. "A minha emoção foi por saber que eu tinha feito uma boa apresentação, que eu tinha feito competições muito boas, e principalmente porque eu estava inteira, que eu vou voltar para casa sem lesão", comemora.

Rebeca também comentou que tem um acompanhamento constante de fisioterapeutas. "Eu sou uma atleta que já passou por muitas lesões, muitos pós-operatórios, e tenho que estar sempre voltando e tenho que estar sempre bem para conseguir realizar as melhores coisas", ressaltou.

Já sobre a preparação mental, a ginasta voltou a mencionar a psicóloga do COB, Aline Arias Wolff, que acompanha Rebeca até nas provas olímpicas. "Eu converso muito com a minha psicóloga pra eu ficar sempre tranquila. Eu sei o que eu posso fazer. Eu não precisava voltar com medalhas para o Brasil, mas é claro que eu queria, porque senão não estaria aqui."

A esportista chamou atenção das mídias pela serenidade durante as competições. Ao ser questionada durante a coletiva se sentia medo, Rebeca sublinhou a confiança que sente em si mesma. "Eu acho que quando você não confia em você ou no trabalho das pessoas que estão com você, te causa um tipo de receio. Mas eu não tive isso", afirma.

"Eu sempre confiei muito no Chico [Francisco Porath Neto], eu sempre confiei muito na equipe multidisciplinar e em todas as pessoas que estão ali ao nosso redor, nos nossos clubes, todo mundo sempre dando muito apoio para que a gente chegasse na nossa melhor forma. Então, eu acho, de verdade mesmo, que eu não tive medo", acrescenta.

Relação com o treinador e futuro da carreira

A atleta também exaltou a boa relação com seu treinador com quem recusou ter tido qualquer tipo de dificuldade. "O meu maior problema é questão de dor e isso não tem muito a ver com o Chico ou com o treinamento que ele faz", ponderou.

"Nossa relação não é difícil porque eu falo para ele: 'Olha, hoje meu joelho está muito ruim, não vai dar. A gente pode fazer amanhã ou no treino da tarde?'. E ele fala: 'Não, Rebe, está tudo bem, você se conhece'", conta, antes de olhar para o treinador e brincar: "Agora veja o que você vai falar, hein?".

Aos risos, Porath Neto reconhece o bom entrosamento com a ginasta. No entanto, relembra momentos de mau humor de Rebeca, na época em que estava se recuperando de lesões ou de treinos mais difíceis, e que pegava carona com o treinador para ir até o Centro de Treinamento. "Ela vinha andando e eu olhava de dentro do carro e pensava: 'ok'. Fechava a porta, me dava bom dia, a gente ia até o CT sem mais nenhuma palavra", relembra, arrancando gargalhadas da pupila.

Uma pupila que aos 25 anos demonstra uma grande maturidade ao planejar o futuro. Rebeca pretende voltar cursar a faculdade de Psicologia, que trancou para se preparar para a Olimpíada, e confirmou que deve mesmo deixar de competir no solo.

"Eu tô muito feliz com o meu ouro, e fiquei muito feliz que eu fechei com chave de ouro porque já era algo que eu estava pensando há um tempo, então ter encerrado assim foi muito bom", avalia. No entanto, pondera: "Se precisarem de mim e se eu sentir que eu tenho saúde suficiente, que a minha cabeça está boa e que eu estou conseguindo treinar, eu vou ajudar a minha equipe, é óbvio".

Rebeca também fala com muita tranquilidade de um futuro fim de carreira. "A ginástica é isso, uma hora alguém tem que parar e outra pessoa tem que chegar. Então, faz parte do esporte, faz parte da vida", conclui.

Na Casa Brasil a ginasta ainda doou um collant que usou em uma das provas olímpicas em Paris ao Museu do Esporte, do Comitê Olímpico Internacional (COI), em Lausanne, na Suíça.

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