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Maduro desinstala WhatsApp em cadeia nacional e ataca redes sociais na Venezuela

07/08/2024 14h36

"Diga não ao WhatsApp!" e "Odeio o TikTok e o Instagram!" O presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, cuja reeleição está sendo contestada, atacou as redes sociais acusadas de tentar um "golpe ciberfascista criminoso". As plataformas desempenharam um papel importante na disseminação de conteúdo sobre as manifestações que eclodiram no dia seguinte ao anúncio oficial de um novo mandato para o chefe de Estado, após a eleição presidencial de 28 de julho.

O herdeiro de Hugo Chávez, no poder desde 2013, foi declarado vencedor com 52% dos votos, mas, de acordo com a oposição, foi seu candidato, Edmundo Gonzalez Urrutia, que venceu a eleição, com 67% dos votos.

Os distúrbios que se seguiram à declaração da vitória do presidente deixaram 24 pessoas mortas, de acordo com um relatório atualizado na terça-feira por organizações de direitos humanos.

Maduro anunciou a morte de dois membros da guarda nacional e a prisão de mais de duas mil pessoas.

Entre as hashtags mais usadas na rede X após a eleição estavam "#fraude", "#VenezuelaLibre" e o mantra da líder da oposição Maria Corina Machado #HastaElFinal (até o fim). No outro extremo do espectro, apareceu #GanoMaduro (Maduro venceu).

As manifestações, geralmente em bairros da classe trabalhadora que anteriormente apoiavam o chavismo [doutrina de inspiração socialista de Hugo Chávez], foram transmitidas em massa nas redes sociais, enquanto a maioria da mídia tradicional permaneceu em silêncio por medo de represálias do governo.

Embora o governo venezuelano faça uso extensivo das redes sociais, seja diretamente por meio de contas oficiais ou indiretamente por meio de seus retransmissores e apoiadores, Nicolas Maduro as condenou, denunciando conteúdo que promove "ódio", "fascismo", "divisão" e "ameaças".

"Querem nos intimidar"

"Eles usaram o processo eleitoral para (...) espalhar o ódio no TikTok e no Instagram. Eu culpo o TikTok e o Instagram por sua responsabilidade na instalação do ódio para dividir os venezuelanos", disse Maduro, pedindo que as redes sociais sejam regulamentadas para evitar um "golpe ciberfascista criminoso".

As redes são "multiplicadoras conscientes do ódio e do fascismo", denunciou Maduro, acusando o magnata Elon Musk de estar por trás da "invasão maciça" do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) que, segundo ele, impediu a publicação da contagem de votos.

"Vou romper relações com o WhatsApp", disse ele durante um comício no palácio presidencial na segunda-feira. "O WhatsApp está sendo usado para ameaçar a Venezuela e, portanto, vou excluir o WhatsApp do meu telefone para sempre".

"Os usuários têm usado essa plataforma como uma janela para informar a si mesmos e aos outros sobre o que está acontecendo no país", disse David Aragort, especialista em segurança digital da ONG Redes Ayuda.

"Começaram a aparecer transmissões ao vivo de coisas que não se encontram na mídia nacional tradicional. Essa não é a primeira vez que o presidente critica as redes sociais", acrescentou.

Maduro pediu uma retirada "voluntária, gradual e radical" do aplicativo, que é de propriedade da empresa norte-americana Meta, juntamente com o Facebook e o Instagram.

Em sua transmissão pública de televisão, ao vivo diante das câmeras, ele desinstalou o aplicativo, que é amplamente utilizado na Venezuela.

Não é completamente irracional pensar que eles podem tentar bloquear o acesso ao WhatsApp. Cuba fez isso em 2021, quando houve manifestações em massa", diz Aragort.

A líder da oposição, Maria Corina Machado, que está proibida de ir à televisão e às rádios em seu país, se comunica exclusivamente pelas redes sociais.

"Querem nos intimidar para que não nos comuniquemos, porque se estivéssemos isolados, seríamos muito mais fracos", denunciou na terça-feira em uma mensagem de áudio divulgada nas redes sociais.

(Com AFP)

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