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PL busca substituto para vice cujo pai criticou Bolsonaro em cidade de SC

A ex-prefeita Adeliana Dal Pont (PL) e o governador Jorginho Mello, presidente do PL em Santa Catarina - Reprodução / Instagram @adelianadalpont
A ex-prefeita Adeliana Dal Pont (PL) e o governador Jorginho Mello, presidente do PL em Santa Catarina Imagem: Reprodução / Instagram @adelianadalpont
do UOL

Do UOL, em São Paulo

02/08/2024 12h00Atualizada em 02/08/2024 13h04

O PL corre contra o tempo para buscar um novo vice para a chapa do partido na cidade de São José, na região metropolitana de Florianópolis (SC).

O que aconteceu

Vice perdeu vaga por críticas do pai ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A chapa de Adeliana Dal Pont (PL) tinha Thiago Ramos (PL) como vice, mas o nome dele foi retirado pelo partido após publicações do pai dele, com críticas a Bolsonaro, circularem em grupos de apoiadores do ex-presidente no WhatsApp.

Em posts antigos, o pai de Thiago sugeriu que Bolsonaro seria uma "cobra traiçoeira". Essa crítica foi feita pelo bispo Pedro Flori Ramos em uma publicação de 2019, na qual ele também fez comentários sobre o vereador Carlos Bolsonaro (PL). Na ocasião, o filho do ex-presidente havia criticado o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), à época comandado pelo general Augusto Heleno, dizendo que não confiava no órgão.

Carlos Bolsonaro é o maior exemplo de um líder negativo. Ele coloca seu pai em situações extremamente difíceis. Porém, vamos especular o seguinte. Digamos que ele age a mando do presidente. Então, Bolsonaro é mais desleal que ele. Porque jamais um presidente deveria usar um filho para atacar aqueles que foram os primeiros a lhe prestarem apoio. Seria ele, o presidente, uma cobra traiçoeira e seu fim será o pior possível? Bispo Pedro Flori Ramos, em publicação de julho de 2019

Publicação do bispo Pedro Flori Ramos com críticas a Bolsonaro - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Bispo também disse que Bolsonaro tirou Coaf do controle de Moro para proteger Flávio no caso das "rachadinhas". O comentário foi feito em outra publicação, de outubro de 2019. Naquele ano, o ex-presidente tirou o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) da alçada do Ministério da Justiça, então comandado pelo ex-juiz Sergio Moro, e o transferiu para o Ministério da Fazenda.

Quero um presidente decente, que permita à Justiça investigar quem quer que seja, mesmo que seja de sua família. Bispo Pedro Flori Ramos, em publicação de outubro de 2019

Publicação do bispo Pedro Flori Ramos com críticas a Bolsonaro sobre o Coaf - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Agora, o PL corre contra o tempo para arrumar um vice substituto para a chapa em São José. Em convenção realizada no dia 24 de julho, o PL confirmou a candidatura de Adeliana, mas sem a indicação de quem vai dividir a chapa com ela. A Justiça Eleitoral determina que os partidos podem fazer suas convenções para a escolha de seus candidatos até 5 de agosto. Depois dessa etapa, as legendas devem enviar os dados dos escolhidos até 15 de agosto.

Para não perder prazo, a campanha de Adeliana tem a opção de lançar um vice "provisório". Essa previsão está em uma resolução do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que fixou as datas do calendário das eleições deste ano. Um dos trechos dessa norma diz que os candidatos podem ser substituídos até 16 de setembro, vinte dias antes do 1º turno ? essa é a data-limite para que todas as candidaturas sejam aprovadas pela Justiça Eleitoral. Na prática, o PL pode escolher alguém mesmo sabendo que essa pessoa não vai concorrer a vice e mudar depois.

São José é o quarto maior colégio eleitoral de Santa Catarina. Segundo a atualização do cálculo do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para as eleições deste ano, a cidade tem 191.370 eleitores aptos a votar. O município só fica atrás de Joinville (434.821), Florianópolis (410.812) e Blumenau (265.491).

Outro lado: diretório estadual do PL em Santa Catarina e a campanha de Adeliana não se manifestaram. O UOL tentou contato com ambos durante dois dias. A equipe de comunicação do PL retornou o primeiro contato por mensagem, mas não respondeu às perguntas do UOL e não atendeu as ligações. A reportagem também procurou Adeliana e Fabio Wajngarten, advogado de Jair Bolsonaro, mas não teve resposta.

Quem é Adeliana Dal Pont

Adeliana teve dois mandatos como vereadora e dois como prefeita em São José. Adeliana foi eleita para a Câmara Municipal pela primeira vez em 2000, pelo então PFL. Em 2004, conquistou mais um mandato na Casa. Ela estreou na disputa pela Prefeitura em 2008, mas não saiu vencedora. Em 2012, já no PSD, entrou novamente na corrida eleitoral e conseguiu se tornar prefeita, sendo reeleita para mais um mandato quatro anos depois.

Ex-prefeita tem histórico de posições diferentes de Bolsonaro. Em uma entrevista em 2021, ela defendeu maior presença de mulheres na política, a vacinação de toda a população contra a covid-19 e criticou o governo do ex-presidente durante a pandemia.

Na questão da saúde, eu tenho críticas ao presidente da República. A gente poderia ter avançado, poderíamos não ter tanta gente contaminada se lá atrás ele tivesse fechado os aeroportos. Poderíamos ter feito muitas ações que não colocariam em risco tantas pessoas.
Adeliana Dal Pont, em 2021

Críticas antigas de Adeliana desagradaram o presidente. Um vídeo com o trecho da entrevista chegou a Bolsonaro e fez com que ele se afastasse da ex-prefeita. Em um evento em abril em São José, após tomar conhecimento das críticas a ele, o ex-presidente rejeitou tirar fotos com Adeliana. Nas redes sociais, a ex-prefeita havia anunciado que Bolsonaro estaria na cidade.

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